O sol da manhã banhava o pátio da escola com uma luz dourada, prometendo um dia como qualquer outro. Mas para Jisung, cada dia trazia consigo o peso de um segredo, um desejo escondido que ele guardava só para si. Ele caminhava pelos corredores com um sorriso fácil e uma graça manhosa, mas seu coração estava preso em uma batalha que ninguém mais via.
Durante o intervalo, Jisung se encontrava, como de costume, em seu lugar secreto, uma parte esquecida do jardim da escola, onde podia observar o mundo sem ser notado. Dali, ele via Minho, seu coração batendo um pouco mais forte cada vez que o nome passava por sua mente. Minho estava com sua namorada, rindo de algo que ela dissera, seu sorriso tão brilhante quanto o sol que banhava o pátio.
Jisung apertou os livros contra o peito, um suspiro escapando de seus lábios. "Por que ele não é meu?" ele murmurou para si mesmo, uma pergunta retórica carregada de desejo e dor.
"Por que quem não é seu?" A voz de Chan, um de seus amigos mais próximos, soou atrás dele, fazendo Jisung dar um salto. Ele não tinha percebido que Chan se aproximara.
"Ninguém," Jisung se apressou a dizer, desviando o olhar. "Só estava pensando em voz alta."
Chan lançou um olhar perspicaz na direção que Jisung tinha estado olhando momentos antes. "Está falando do Minho, não está?"
Jisung sentiu o rosto esquentar, negando imediatamente. "Claro que não, Chan. Por que eu estaria?"
Chan apenas deu de ombros, não completamente convencido, mas deixou o assunto morrer. Juntos, voltaram para o turbilhão de alunos que se movimentavam pelos corredores, mas a pergunta de Jisung permanecia suspensa em sua mente, uma sombra persistente em seu coração.
Os dias passavam, cada um marcado pelo riso compartilhado de Minho e sua namorada, e cada risada era uma facada no coração de Jisung. Ele se perguntava, a cada momento, o que Minho via nela, o que ela tinha que ele não tinha. Mas a resposta era óbvia, dolorosamente óbvia: ela podia amá-lo abertamente, sem medo, sem reservas. Ela podia segurar a mão dele, encostar-se nele, compartilhar beijos sob o olhar de todos, tudo o que Jisung desejava fazer, mas sabia que nunca poderia.
"Por que ele não é meu?" A pergunta se repetia, um mantra silencioso de desejo e desespero. Jisung sabia que não havia resposta, ou talvez a resposta fosse simples demais. Minho não era seu porque o mundo não era tão simples, seus sentimentos não eram tão simples. E talvez, no fundo, ele soubesse que Minho nunca poderia ser seu, não do jeito que ele queria.
Mas a vida tem uma maneira de surpreender, de virar mundos de cabeça para baixo com a menor das mudanças. E para Jisung, essa mudança veio em uma tarde chuvosa, quando as palavras que ele nunca esperava ouvir foram sussurradas em seu ouvido, palavras que poderiam mudar tudo.
"Eu sei como você se sente sobre mim, Jisung."
Era Minho, de pé diante dele sob a chuva, seu olhar carregado de uma emoção crua e indefinida. Jisung congelou, o coração batendo tão forte que ele tinha certeza que Minho podia ouvi-lo. Talvez fosse o momento para verdades, talvez fosse o momento para corações se revelarem. Mas uma coisa era certa: nada mais seria como antes.
O mundo parecia ter parado para Jisung, o som da chuva batendo contra o pavimento da escola soava distante, abafado pela batida acelerada de seu coração. Minho estava ali, na sua frente, sob a mesma chuva cinzenta que parecia pintar o mundo em tons de tristeza e desespero.
"Eu sei como você se sente sobre mim, Jisung," Minho repetiu, sua voz mais firme dessa vez, mas carregada de uma complexidade emocional que Jisung não conseguia decifrar.
Jisung, molhado e tremendo, não só pelo frio, mas também pela intensidade do momento, mal conseguia formar palavras. "Minho, eu..."
"Mas você precisa entender," Minho o cortou, um olhar sério e quase severo em seu rosto, "isso é impossível. Eu não sou... Eu não sou como você."
Como se as palavras fossem golpes, cada sílaba que Minho pronunciava parecia esfaquear Jisung, deixando-o mais fraco, mais exposto. "Como eu?" Jisung sussurrou, a voz quebrada.
"Eu não sou apenas um 'viadinho qualquer', Jisung. Eu não gosto de homens. Ao contrário de você." As palavras de Minho foram duras, cruéis em sua honestidade, e cada uma delas golpeava Jisung com a força de um vendaval.
O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor. A chuva continuava a cair, indiferente à dor e à revelação que acabara de despedaçar o coração de Jisung. Ele queria gritar, chorar, pedir a Minho que retirasse suas palavras, que dissesse que estava brincando, qualquer coisa que pudesse desfazer os últimos minutos. Mas a verdade estava ali, entre eles, tão palpável quanto a chuva que os encharcava.
Jisung finalmente ergueu os olhos para encontrar os de Minho, procurando algum sinal de hesitação, algum indício de que havia espaço para ele no coração de Minho. Mas tudo o que viu foi uma determinação sombria, uma barreira que ele sabia que nunca poderia derrubar.
"Eu... sinto muito, Jisung. Mas é melhor sermos claros sobre isso agora." Minho deu um passo para trás, como se quisesse fisicamente se distanciar da situação, da confissão, de Jisung.
Sem palavras, Jisung apenas assentiu, a dor em seu peito tão intensa que mal conseguia respirar. Ele viu Minho se afastar, cada passo aumentando a distância entre eles, não apenas física, mas emocional, uma distância que Jisung temia nunca ser capaz de transpor.
Sozinho sob a chuva, Jisung permitiu que as lágrimas se misturassem com as gotas que caíam do céu, cada uma delas levando consigo um pedaço do que ele sentia por Minho. Ele sabia que o amanhã seria ainda mais difícil, que enfrentar Minho e o mundo com seu coração partido seria uma batalha árdua.
Mas o que Jisung não sabia era que o futuro reserva surpresas, caminhos que se cruzam e se descruzam, trazendo dor, sim, mas também esperança. Enquanto a chuva caía, lavando a dor do presente, o destino já tecia novos desafios e novas possibilidades para esses corações em conflito.
E assim, com o coração pesado e o espírito abalado, Jisung se virou e caminhou para longe, deixando Minho e suas palavras devastadoras para trás, pelo menos por enquanto. O que o amanhã traria, ninguém poderia dizer, mas uma coisa era certa: a história de Jisung e Minho estava longe de terminar.
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Por que ele não é meu?
FanficJisung, o garoto mais manhoso da cidade, escondia um segredo: estava apaixonado por Minho, o queridinho de todos, que já tinha namorada. Apesar de seu jeito travesso, Jisung sabia que alguns sonhos pareciam distantes demais para serem alcançados. No...