Nas Sombras da Recuperação

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O sol lançava seus primeiros raios tímidos sobre a cidade quando Jisung abriu os olhos novamente. Desta vez, o despertar foi mais calmo, embora a confusão inicial ainda pairasse sobre sua mente. Ele se encontrava em um quarto branco, sozinho, com o barulho constante de máquinas ao seu redor. O som de passos e vozes distantes chegava até ele, filtrado pelas paredes do hospital.

Aos poucos, a memória da noite anterior começou a se desenhar em sua mente. A briga, a corrida desesperada, o impacto... Cada lembrança vinha acompanhada de uma onda de dor, não apenas física, mas emocional.

Ele tentou se mover, mas o desconforto em seu corpo o fez desistir da ideia rapidamente. Jisung suspirou, sentindo-se derrotado, e fechou os olhos, desejando que tudo fosse apenas um pesadelo.

Não muito depois, a porta do quarto se abriu suavemente, e uma enfermeira entrou, seguida por uma figura que Jisung reconheceu imediatamente, mesmo antes de abrir os olhos. Minho.

A presença de Minho encheu o quarto de uma tensão palpável. Jisung permaneceu imóvel, com os olhos fechados, fingindo dormir, esperando que Minho simplesmente fosse embora. Mas ele não foi.

"Como ele está?" A voz de Minho era quase um sussurro, carregada de uma preocupação que Jisung jamais esperaria ouvir.

"Estável," respondeu a enfermeira, verificando os aparelhos ao lado da cama. "Ele acordou há pouco tempo, mas acho que voltou a dormir. Vai precisar de repouso e tempo para se recuperar completamente."

Minho assentiu, aproximando-se da cama. Jisung podia sentir o olhar dele sobre si, examinando, ponderando.

"Eu... Eu posso falar com ele?" A hesitação na voz de Minho era evidente.

A enfermeira olhou para Jisung, parecendo considerar a situação, antes de assentir levemente. "Não vejo por que não. Mas seja breve, ele precisa descansar."

Com passos cautelosos, Minho se aproximou ainda mais, até que Jisung podia sentir o calor de sua presença ao lado da cama.

"Jisung," Minho chamou baixinho, a voz cheia de emoção. "Eu... eu sinto muito. Por tudo."

Jisung permaneceu imóvel, as palavras de Minho ecoando em sua mente. Ele queria continuar fingindo, queria manter-se distante e seguro dentro de suas barreiras emocionais. Mas algo na voz de Minho, algo novo e frágil, fez com que uma parte de si mesmo desejasse abrir os olhos e enfrentar o que estava por vir.

Antes que pudesse decidir, Minho continuou, as palavras derramando-se como uma confissão longamente reprimida.

"Eu fui um idiota. Eu... eu não entendi, até ver você ali, ferido, o quanto você significa... pra mim." A voz de Minho falhou, carregada de um peso que Jisung nunca lhe conhecera. "Eu não sei como consertar as coisas, mas eu prometo, eu vou tentar. Se você me der uma chance."

O silêncio que se seguiu foi denso, preenchido apenas pelo som suave da respiração de Jisung e pelo bater inconstante de seu coração. Era um momento de escolha, de decisão. Um passo em direção à vulnerabilidade ou um recuo para a segurança da solidão.

E naquele quarto de hospital, sob o olhar atento do amanhecer, o destino de ambos pendia delicadamente na balança, aguardando o próximo sussurro do coração para definir o curso de suas vidas.

imediato.

Jisung abriu os olhos abruptamente, encarando Minho com uma fúria ardente que ele próprio não sabia ser capaz de sentir. "Sai daqui!" Sua voz, embora fraca pelo desgaste físico, carregava uma força emocional inabalável.

Minho recuou, surpreso pela intensidade da reação de Jisung. "Jisung, por favor, me ouça—"

"Não!" Jisung cortou-o, virando-se para a enfermeira com um olhar implorável. "Por favor, tire-o daqui. Ele... ele me magoou. Não quero vê-lo."

Por que ele não é meu?Onde histórias criam vida. Descubra agora