Rendido

JUNGKOOK

Depois de uma longa sessão de ginástica e de uma ida ao supermercado, eu estava exausto. Pelo menos parei no caminho de casa e comprar comida chinesa para o jantar, então isso era uma coisa a menos com que eu tinha que me preocupar. Eu estava na metade do caminho quando o céu se abriu e começou a despejar chuva. Estava encharcado quando cheguei à varanda e fiquei surpreso ao ver o cabelo ruivo brilhante do meu vizinho aparecer do nada. ‒ Aqui, deixe-me ajudar.

O cara era tenaz. Depois de seis semanas, realmente pensei que ele teria entendido que eu não estava procurando um amigo. Mas ele estava em cima de mim, tirando algumas sacolas de minhas mãos e me liberando para abrir minha porta. Eu estava começando a me perguntar se ele já se sentou dentro de sua casa. Ele sempre parecia estar na varanda, não importa a que horas eu chegasse em casa.

– Eu posso pegar.

– A resposta correta é, na verdade: Obrigado, Jin. Minhas mãos estão ridiculamente cheias, estou encharcado, sou teimoso como uma mula e não sei como pedir ajuda...

Eu ri apesar de tudo. O homem era persistente e impossível de abalar, mas não estava errado. Trent teria me dito a mesma coisa, mas ele era meu chefe e era um pouco mais fácil de tirar dele do que o cara que morava ao lado. Abri minha porta e empurrei dentro, apenas para encontrar Jin seguindo de perto atrás de mim. Ele me acompanhou até a cozinha, colocou as sacolas no balcão e apoiou o quadril contra isto. Por que ele não foi embora? Quem faz coisas assim?

– Então, você gosta daqui?

Larguei minhas malas na pequena mesa da cozinha. ‒ É um lugar para morar. ‒ O ar- condicionado funcionava, o aquecimento parecia funcionar - eu o liguei para ter certeza na semana anterior, mas ainda estava quente demais para funcionar por um longo período de tempo - e as paredes não eram finas como papel. Pelo menos eu não tinha ouvido nada da casa de Jin ou da mulher que morava do outro lado de mim. ‒ Muito quieto, exceto por este vizinho que vive aparecendo.

Eu tinha ido atrás de uma farpa, mas Jin apenas riu, totalmente afetado. ‒ Você precisa de um amigo.

– Eu realmente não quero. ‒ O que eu precisava era de um conjunto de roupas secas. Eu abri o armário e comecei a colocar alguns dos itens enlatados e embalados fora.

– Tem sido um longo dia. ‒ Ele olhou para o relógio do microondas. ‒ Tive um dia insano no trabalho. Como pode um fisioterapeuta ter um dia louco, certo? Mas tem um garoto com quem trabalho há mais de um ano. Ele sofreu um terrível acidente de carro com seus pais no início do ano passado. Todos os médicos disseram que duvidavam que ele voltasse a andar. Estivemos arrasando e sua mãe o traz três vezes por semana. Ele me surpreendeu com sua perseverança. Ele ainda não tem seis anos e já passou por muita merda. Ele deu um passo hoje! Você acredita nisso? A sala inteira ficou em silêncio. A mãe dele chorou, eu chorei, Cal - meu amigo que morava aqui - chorou. Foi fantástico.

Eu não sabia o que dizer a ele. Estive tão ocupado sendo irritado com ele desde o dia em que me mudei que nunca pensei no que fazia para viver. Seus grandes olhos verdes e o cabelo vermelho tornavam difícil levá-lo a sério, mas eu estava errado. ‒ Isso soa incrível. ‒ Para minha surpresa, eu quis dizer as palavras. ‒ Parabéns pelo seu árduo trabalho valendo a pena.

Jin nem piscou antes de falar. ‒ Ele fez todo o trabalho duro, eu estava apenas acompanhando o passeio. ‒ Antes que eu pudesse dizer qualquer outra coisa, Jin abriu minha geladeira e coçou a cabeça em confusão. ‒ Cara, cadê sua cerveja?

Nada como se sentir em casa. ‒ Peguei um pouco, mas está quente e ainda está na caminhonete.

O rosto de Jin se contraiu. ‒ Oh, isso é nojento. Eu volto já. ‒ Ele se dirigiu à porta dos fundos, abriu-a e saltou para sua casa. Ele estava de volta momentos depois, segurando duas cervejas na mão, em seguida, colocou as duas no balcão dentro da porta e se virou para sair com a mesma rapidez. ‒ Preciso consertar as luzes da árvore dodi. Eu volto já.