JUNGKOOK

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Eu parei na minha vaga ao lado do cupê amarelo desagradável que Jin dirigia. Como alguém poderia dirigir um carro tão brilhante? Pelo menos eu sempre sabia quando ele estava em casa para que pudesse me preparar para o ataque de Jin antes mesmo de entrar no estacionamento. O cara era intenso. Não havia duas maneiras de fazer isso. Ele se convidou para entrar em minha casa, apareceu com pizza, pegou cerveja e descarregou minhas compras. Eu não conseguia entendê-lo, mas quanto mais ele aparecia, mais comecei a ver que talvez precisasse de um amigo em minha vida. Só não sabia se Jin era o amigo de que precisava.

Não era tão tarde, mas eu tinha trabalhado quase doze horas por dia e depois passei uma hora e meia na academia. Eu queria jantar e dormir, mas sabendo que Jin estava em casa, respirei fundo e me preparei. Para minha surpresa, ele não estava na varanda da frente como sempre parecia estar. Mas a janela da frente estava aberta, então comecei a subir os degraus na ponta dos pés, com cuidado para evitar o ponto no segundo degrau que eu sabia que sempre rangia.

Consegui subir os degraus e chegar à varanda antes de processar que Jin não iria sair. Parte de mim estava perplexo ‒ eu não esperava ver uma mulher na janela usando um top transparente e uma calcinha sexy com babados. Quando olhei para cima a figura girou em um círculo, uma risada leve, mas profunda, filtrou-se da janela quebrada, e eu soube instantaneamente que não estava olhando para uma mulher. A figura girou novamente, a parte superior ondulando de seu corpo, e meus olhos encontraram o cabelo ruivo de Jin.

Meu queixo caiu, quase deixei desabar minha bolsa na varanda e, se não estivesse no último degrau, tinha certeza de que teria caído escada abaixo.

– O que você acha? ‒ Ele perguntou a alguém enquanto girava. Quase ri quando vi a garrafa de cerveja em sua mão, mas estava preso na minha garganta quando observei a cena diante de mim. Jin estava lindo, o que por si só era estranho. Mas seu corpo esguio sendo abraçado pela calcinha era inesperadamente perfeito. Graças à varanda escura e à luz da sala acesa, eu podia vê-lo, mas ele não me via.

Eu não deveria estar olhando, especialmente no meio do que parecia ser um momento íntimo. Então uma voz metálica respondeu e eu sabia que ele estava se exibindo para alguém que não estava lá.

– Uau. Jinnie. Isso... não é o que eu esperava ‒ A voz surpresa saiu.

Fui até a porta da frente no momento em que Jin respondeu nervosamente. Este foi o homem que se convidou para entrar em minha casa e apareceu na varanda inesperadamente quase todos os dias. Seus nervos e aquela pitada de medo foram o que realmente me chocou profundamente. ‒ Sim, eu sei. Eu, é... é algo em que venho pensando há alguns meses. Eu conheci... alguém... um cara... que estava usando calcinha. Elas eram essas coisinhas sexy e todas rendadas. Totalmente viciante. Eu queria tentar desde então. Eu comprei esta camisola de cetim há alguns meses.

Eu me lembrava bem daquela camisola. Foi o primeiro vislumbre de Jin que eu já tive e mesmo que tenha tentado bloquear a memória, houve momentos em que ela veio à tona. Seus ombros cremosos, a forma como o cetim abraçava seu corpo perfeitamente, e o contraste perfeito entre o tom de joias e seu cabelo ruivo. Esse pensamento geralmente me paralisava no meio do caminho, porque não havia razão para eu estar pensando nele assim. No entanto, algumas vezes por semana ‒ geralmente nas horas mais inesperadas ‒ a imagem surgia em meu cérebro.

A voz surpresa do outro lado da linha soou como se estivesse na mesma sala, me lembrando que precisava entrar, e comecei a me atrapalhar para colocar minha chave na fechadura. ‒ Você está pensando nisso há meses e não me contou? ‒ Ele parecia indignado por Jin ter escondido algo dele.

Uma voz mais profunda, mais velha e mais calma que a primeira, interrompeu. ‒ Cal, doce garoto, Jin não precisa contar tudo a você.

A primeira voz parecia triste quando ele respondeu. ‒ Mas conto tudo a ele.

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