Por que escolhi me mudar em meados de agosto?
Eu estava tão perdido em minha cabeça ‒ irritado com o calor sufocante e a umidade opressiva ‒ que quase perdi a pessoa sentada do outro lado da varanda quando cheguei com as primeiras caixas. Meu novo vizinho estava sentado em um balanço da varanda enviando mensagens de texto rapidamente em seu telefone, e eu recebia mensagens confusas sobre o que estava vendo. Os ombros fortes, mas estreitos, pareciam masculinos, mas a regata verde esmeralda brilhante com alças minúsculas era tudo menos isso. Cabelo ruivo que caia logo abaixo do queixo não denunciava nada.
Mudei a caixa que estava segurando para o lado e peguei minhas novas chaves de casa. O barulho do metal assustou meu vizinho e sua cabeça disparou. Seus olhos ‒ porque ele era todo homem ‒ mostraram surpresa com a minha presença. Eu não pude deixar de notar que eles eram quase da mesma cor de sua blusa. O choque se transformou em constrangimento quando um rubor se espalhou de suas bochechas até os ombros, e sardas pareciam surgir do nada.
Minha boca estava aberta enquanto eu lutava para encontrar algo para dizer. Tudo que vinha à minha mente era sarcástico e provavelmente não era a melhor maneira de começar um relacionamento com meu novo vizinho. Enquanto eu estava lá, ele pareceu se controlar e assumiu a liderança, o rubor desaparecendo tão rapidamente quanto apareceu.
– Ei. ‒ Ele se levantou de seu lugar no balanço da varanda e deu alguns passos em minha direção. Fiquei surpreso com sua altura ‒ por algum motivo, eu não esperava que ele estivesse quase cara a cara comigo ‒ e estranhamente fiquei mais surpreso que estava usando um par de shorts cáqui. ‒ Jin. ‒ Acrescentou, apresentando-se quando eu não disse nada.
Boas maneiras fizeram efeito e minha boca se abriu, mas demorei algumas tentativas antes de conseguir meu nome. ‒ J-Jungkook.
O sorriso de Jin se alargou. ‒ Estou tão feliz que alguém está se mudando para cá! Nunca esperei que ficasse vazio por tanto tempo.
Foi difícil desviar o olhar do cara quando ele começou a falar, mas a caixa estava ficando pesada. Eu dei alguns passos para frente e me atrapalhei com a porta por um momento, suspirando de alívio quando ela finalmente se abriu.
– Nunca pensei que ficaria tão quieto sem alguém morando aqui. ‒ Ele continuou quando a porta se abriu, deixando escapar uma rajada sufocante de ar estagnado. ‒ Eu sinto falta de ter...
Sua voz foi cortada quando ele viu a sala de estar e eu olhei para ver que seus olhos verdes tinham ficado um pouco vagos. Larguei a caixa perto da porta e liguei o ar condicionado. Se eu queria ter alguma chance de relaxar mais tarde naquela noite, precisava esfriar o ambiente. Quando voltei para a porta, Jin ainda estava lá como se tivesse visto um fantasma. ‒ Você está bem, cara? ‒ Questionei enquanto os segundos se estendiam e ele não tinha se movido. Eu não tinha certeza se ele estava respirando.
Ele balançou sua cabeça. ‒ Uh, sim. Desculpe. Meu amigo morava aqui. Por um segundo, pensei que o veria se aproximando para dizer oi.
– O que aconteceu com seu amigo? ‒ Eu não sabia se queria saber, honestamente. Pelo jeito que ele falava e pela aparência, pensei que acabaria provocando sentimentos desagradáveis. Eu realmente não sabia se teria estômago para dormir na casa se o cara tivesse morrido aqui. O proprietário não havia mencionado nada quando visitei o local algumas semanas antes, mas eu também não perguntei.
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Rendido
RomanceEssa história não me pertence. Todos os créditos ao seu autor. Adaptação sem fins lucrativos. Sinopse dentro da história