Parte 6 - Conexões

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Uma semana se desdobrou desde a chegada de Camila à Casa Lowell, e, curiosamente, apesar da proximidade física e das refeições compartilhadas, ela e Lauren mal haviam trocado mais do que cumprimentos casuais. Camila, sempre observadora, notou um padrão peculiar no comportamento de Lauren: sempre que se encontravam a sós, mesmo que por acidente, uma tensão palpável tomava conta do ambiente. Lauren, por razões desconhecidas para Camila, parecia entrar em um estado de alerta, suas respostas tornavam-se curtas, e ela rapidamente encontrava uma desculpa para se retirar para o próprio quarto.

Durante as refeições, era impossível não notar a dança cuidadosa de olhares entre as duas. Lauren frequentemente se perdia em pensamentos, seus olhos verdes ocasionalmente se fixavam em Camila antes de desviar rapidamente, como se temesse ser pega em flagrante. Camila, por sua vez, tentava desvendar o mistério por trás daquelas reações, questionando-se sobre a possibilidade de ter feito algo para causar desconforto à colega de casa.

Numa noite particularmente tranquila, após o jantar, um desses encontros fortuitos aconteceu na cozinha. Camila, procurando por um copo de água, e Lauren, buscando algo na geladeira, encontraram-se sozinhas. O silêncio que se seguiu foi carregado, um campo minado de palavras não ditas e perguntas não formuladas.

Lauren, visivelmente desconfortável com a situação, agarrou um pote de iogurte da geladeira e murmurou um rápido "Com licença", sua voz mal ultrapassando um sussurro. Camila, surpresa com a pressa repentina, mal teve chance de responder antes de Lauren desaparecer corredor afora, em direção à segurança do próprio quarto.

Camila ficou sozinha na cozinha, com um copo de água na mão e um punhado de interrogações na mente. Ela não conseguia entender o que estava causando tanta ansiedade em Lauren, questionando-se se a solução para aquele enigma residia em algo que ela havia dito ou feito. A situação era desconcertante, principalmente porque Camila sentia uma inexplicável conexão com Lauren, um laço silencioso que parecia se fortalecer mesmo na ausência de palavras.

A curiosidade e o desejo de entender e talvez aliviar o desconforto evidente de Lauren começaram a ocupar os pensamentos de Camila. Ela sabia que, de alguma forma, precisava abordar a situação, abrir um canal de comunicação que permitisse a ambas superar o estranho impasse em que se encontravam. Com determinação sutil, Camila decidiu que, no dia seguinte, faria um esforço consciente para quebrar o gelo, para descobrir a raiz do comportamento de Lauren e, quem sabe, construir uma ponte entre as duas, uma ponte sustentada por entendimento e talvez algo mais profundo, que ainda esperava ser explorado.

No dia seguinte, Camila levantou-se determinada a encontrar uma oportunidade para falar com Lauren. Ela esperava que, talvez em um momento tranquilo do café da manhã, pudesse abordar a situação de uma maneira sutil e compreensiva. A Casa Lowell despertava calmamente, os primeiros raios de sol se infiltrando pelas janelas e banhando o espaço com uma luz suave e convidativa.

Camila chegou à cozinha, encontrando Lauren já sentada à mesa, absorta em seus pensamentos e mexendo distraidamente no café com uma colher. Respirando fundo, Camila se aproximou, um sorriso cauteloso nos lábios.

— Bom dia, Lauren. — Sua voz era suave, projetada para não assustar ou pressionar.

Lauren levantou os olhos, surpresa por Camila ter quebrado o silêncio entre elas. Um breve lampejo de algo indecifrável passou por seu olhar antes de ela conseguir mascará-lo com um sorriso tímido.

— Bom dia, Camila. — A resposta veio hesitante, enquanto Lauren lutava para manter a compostura.

— Eu estava pensando... — Camila começou, procurando as palavras certas para não parecer invasiva.

Dolci RicordiOnde histórias criam vida. Descubra agora