8- IᘉTᕮᘉᑕ̧ÕᕮS

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Ao avaliar meu estado, por muita insistência, ele consegue convencer a voltar ao hospital, pede um Uber e, enquanto aguardávamos, a chuva caía. Ao chegar, entramos ensopados, o motorista não gostou muito, no entanto, Moron não ligava para o que ele pensava, o que deu certa confiança em mim, o suficiente para não pedir desculpas, já que o dia inteiro havia chovido. Seria normal encontrar passageiros nesse estado. Como de costume, sempre agacho no banco e evito olhar para o lado de fora. Porém, ao bisbilhotar a cima, vejo Moron apreciar cada detalhe escorando sua cabeça na janela, tinha a sensação que nesse momento sua mente tocava uma trilha sonora, sua feição relaxada, apreciava o caminho, as luzes ao passar pelos portes iluminam seu rosto trazendo um certo brilho a sua pele, seus olhos iam mudando as cores conforme a luz.

— Tem algo que está me incomodando. — Assusto ao se virar para mim, desvio o olhar no mesmo instante, voltando a ficar com a cabeça baixa. Agora tenho a leve sensação de que ele sabia o que estava fazendo, analisando cada traço seu, como uma adolescente idiota, meu rosto corou. No entanto, sua personalidade gostava de trazer um certo constrangimento à minha pessoa, ele não deixou passar, se abaixou com um sorriso de orelha a orelha, se inclinando para baixo do banco, como estava fazendo, porém, seus olhos alfinetavam em minha direção.

— Para com isso, por que tanto suspense? — Reviro os olhos, deitando o rosto na parte de trás do banco do motorista.

"Por favor, não comente o fato de está o observando"

Suplicava em meus pensamentos.

— Não precisa se envergonhar, gosto de ser observado. — Se aproxima, falando baixinho, bato em sua testa, o afastando.

" Metido".

— Não estava te olhando. — Resmungo.

— Sei, de qualquer forma, agora está liberada para fazer isso quando quiser. Ah, foque em meus lábios. — Aponta para eles fazendo bico, seguro sua mão a torcendo para o lado oposto, seus gritos de dor foram misturados com gargalhadas.

— Que tal focar nisso? — solto irritada ou quase me entregando aos seus risos contagiantes.

— Qual é, quantos anos você tem? Falando nisso, até agora não fomos apresentados, só você sabe meu nome ou você acha certo eu ficar abraçando uma estranha por aí.—Meu rosto queimou de vergonha, torcia para o motorista não ter escutado, o que de fato não aconteceu, soltou alguns sorrisos discretos, bato a cabeça várias vezes no banco com os olhos fechados, Moron, coloca sua mão amortecendo o impacto, para no mesmo instante.

— Você que fica abraçando sem minha permissão.— Ele desde o início não respeitou o espaço entre nós dois, ele vive o quebrando. Falo com tom exasperado.

— Por que não os evitou? —Suas covinhas estavam mais amostras que de costume, minha cara de paisagem ao olhá-lo o fazia rir.

— Só diga seu nome a ele, moça. — O motorista reage. "Está de qual lado?" Provavelmente esse senhor ama uma fanfic adolescente.

— Meu nome é Amélia, estão satisfeitos?—Ambos interagem um com o outro, confirmando com a cabeça e um sorriso estampado no rosto.

Todo o percurso até o hospital foi constrangedor, o silêncio como se tivesse acontecendo algo suspeito, algo que só os dois sabiam e eu não. Ao chegar no local desejado, Moron, faz questão de se despedir como se ele fosse um velho conhecido.

" Os homens têm uma forma estranha de se relacionarem "

Após isso corremos para dentro do hospital com a chuva nos perseguindo, esse dia estava interminável, queria um banho quente e roupas secas.

O que os meus olhos podem ver?Onde histórias criam vida. Descubra agora