Beyond the Blood - Conspiração - Livro 1

2. A Menina no Jardim

Uma semana se passou desde aquela noite tumultuada na Academia. As palavras duras de meu irmão ainda ecoavam em minha mente: "Eu vou te contar tudo, mas não vou poder te dar todas essas respostas de uma vez. Tem coisas que você precisa entender melhor antes de saber a verdade completa."

Pensei que a partir daquela noite, ele fosse se abrir mais comigo, e em um primeiro momento, ele realmente pareceu disposto a cumprir sua promessa. No entanto, nos dias que se seguiram, ao invés de se abrir mais comigo, ele só se esquivou de todas as perguntas que eu fiz, a única coisa que conseguia extrair dele era, no máximo, um "sim" ou "não".

E eu já estava começando a perder a paciência.

Eu sei que ele disse que eu tinha que "compreender" algumas coisas antes de ele contar a verdade.

Mas, no fim, vai ver que essa era apenas uma desculpa para continuar a me manter na ignorância.

Mas deixando minha frustração com isso de lado, havia uma coisa que ainda me chateava bastante...

Que era como minha vida escolar continuava uma merda.

Por mais que os dias que se seguiram tenha sido bem mais neutros em relação ao pesadelo do primeiro dia, eu ainda não tinha conseguido me dar bem com uma unica pessoa daquela maldita escola.

Tipo, tá certo que eu nunca fui de ter de criar grandes laços de intimidade com ninguém, mas pelo menos nas minhas outras escolas eu tinha pelo menos um pessoal com quem eu podia conversar e bater um papo descontraído só pra passar o tempo. Mas aqui, parecia que tudo e todos estavam contra mim.

Quer dizer, acho que eu já estava começando a lidar melhor com alguns professores, como a professora de português que era mais humorada o que deixava a matéria bem mais fácil, e a professora de História que era bem paciente em explicar as coisas.

Mas fora isso, todo resto era um completo desastre tentar interagir com eles. Principalmente com o pessoal lá da Academia.

Sério, tentar falar com alguém com ali, dava no mesmo que estar falando com uma parede. Quer dizer, tinha aquela menina que falou comigo no primeiro dia, era a única que não me encarava como se eu fosse um lixo... mas também era só isso. E não era como se eu tivesse muito o que falar com ela.

Eu, sinceramente, já devia ter desistido de tentar me enturmar com aquela galera logo no primeiro dia.

Mas essa parte não é importante. Era mais uma questão de orgulho.

Só acho que se alguém me explicasse exatamente o porquê deles acharem que eu sou a pior pessoa do mundo de se ter por perto, eu realmente ficaria mais tranquilo.

Ok, agora eu já tô fugindo do assunto. Você não tá aqui pra me ouvir reclamar dos meus problemas.

E eu ainda tenho muita história pra contar e já gastei quase uma página só falando das minhas frustrações pessoais.

Então, vamos voltar ao que interessa, que é o motivo de eu ter pulado uma semana inteira na narrativa.

Primeiro, porque sinceramente, nada de muito importante ou mesmo emocionante aconteceu nesse meio tempo.

Pois é, como eu presumi ao ver quais as aulas que iriamos ter, todas se resumem a teoria, teoria e mais teoria.

É claro que ter aulas sobre demônios, é algo interessante, mas acredite em mim, é só isso. Interessante.

Eu genuinamente estava esperando por um pouco mais de ação e adrenalina, sabe? Queria ver de perto como é lutar contra essas criaturas do mal, mas parece que vou ter que esperar um pouco mais.