Garganta - Ana Carolina

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No dia seguinte ao precisaram disfarçar a pegação que rolava na biblioteca (Kelvin não esquecia a vez do hospital) após uma família inteira entrar no local, eles se encontravam na sala de jogos, que no início da madrugada já estava vazia.

Kelvin procurou sorrateiro pela câmera de segurança, que era voltada para a porta de entrada/saída bem longe do único sofá diante da tv ligada no Playstation.

— Vamos tentar o videogame?

— Cansou de perder no pingue pongue? - Ramiro tinha um sorriso (lindo) debochado.

É, não tinha jeito, Kelvin percebeu que qualquer jogo minimamente físico resultaria no marido ganhando.

— Sei jogar isso não. Nem sei como funciona - Ramiro se aproximou do eletrônico, distraídamente.

— Tá ligado? - Foi sorrateiramente até a porta aberta e verificou se teria como trancá-la.

Bingo!

A chave estava do outro da fechadura.

Fechou a porta com um baque mudo que foi abafado com o som que saía do videogame mostrando uma prévia de um jogo que ele não se interessava.

Girou a chave e foi se sentar no sofá.

Ramiro se encantou com o FIFA. Aparentemente futebol foi uma das coisas que se apaixonou durante a prisão.

Homens...

— Nem morta! - Kelvin já acabou com o olhar de gatinho de botas do outro — O de corrida ali, talvez.

O outro aceitou e levou uma eternidade para escolher um carro.

Kelvin pegou o primeiro vermelho que viu.

— Ei! Eu queria a Ferrari!

— Você sabe que é de mentira né? - Ele nem sabia a marca, escolheu pela cor.

Pelamor de Deus só escolhe logo! Pensou.

— Tá...Deixa eu ver....Hum...

Minutos se passaram. Ramiro lia descrições técnicas dos carros! Kelvin iria quebrar o controle na testa dele, até percebeu que tocava uma música pela sala num volume bem baixinho pelas caixas de som. Só via a hora que algum funcionário do hotel iria acabar com seu plano.

— Ramiro Santana escolhe um carro A-G-O-R-A! - Perdeu a paciência.

— Tá vai esse, diacho.

Ok! Hora da confissão...

Kelvin tem uma vantagem, jogava esse jogo com o primo já que o mesmo tinha esse videogame em casa.

Mas nem sob tortura ele confessaria a Ramiro!

Kelvin colocou no modo iniciante que mostrava quais botões apertar e em que momento, o X para acelerar o L2 para frear. E tudo no câmbio automático pra facilitar. Era uma rodada teste e Ramiro ganhou.

Ao menos Kelvin deixou o marido pensar que ganhou.

Kelvin não tiraria o crédito de Rams, levou horas jogando até ele conseguir concluir uma corrida decentemente. E ali estava Ramiro... quase o humilhando nesse quesito. Realmente o mundo é injusto em como homens são bons com esses joguinhos eletrônicos...

— Não valeu! Meu controle emperrou no botão que vira o carro, troca comigo - Já avançou no do marido após perder a segunda rodada.

A risada que mais pareceu um chiado de chaleira, pegou Kelvin desprevenido que riu.

— Eu posso ser idiota, mas não tanto assim, benzinho. Aceita que cê é ruim - Beijou a têmpora do marido.

Ah! É sim. Meu idiota. Pensou

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⏰ Última atualização: Apr 09 ⏰

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