7 - Escolhas

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— Até que ela está indo bem — Comentou Altivo, o Umpa Lumpa amigo de Willy Wonka enquanto o chocolateiro observava de sua janela, Amélia sair de sua loja na Galeria Gourmet para pegar o bonde para a pensão — Aprendeu a se esforçar no trabalho, viu que gastar o primeiro salário em coisas  supérfluas era algo estúpido de fazer, fez até amizade com pobres... Imagino o que ela anda ocultando do pai quando vai visitá-lo — Já fazia três meses que Amélia estava trabalhando como vendedora de chocolates na loja de Willy e ele a viu amadurecer ainda mais nessa época, mas sem poder querer ser mais do que um amigo, pois era o patrão dela e não seria o certo, mas seu peito ainda doía porque não conseguia se apaixonar por outra pessoa como se apaixonou pela Fickelgruber

— Eu me sinto um monstro... Devia estar feliz por ela e me sinto horrível por simplesmente odiar que ela esteja trabalhando ao vez de... De... De cuidar da nossa casa e dos nosso filhos

— Foram só quatro a meses que vocês se conheceram, não teriam filhos

— Eu sei, Altivo, mas eu queria que ela fosse a minha mulher! Eu... Altivo, isso faz de mim um homem possessivo? - Willy perguntou preocupado de estar sendo muito machista

— Veja bem, Wonka, acredito que dependendo do contexto, a resposta possa estar no resultado final... Você a ama e quer com você, certo?

— Com toda a certeza da minha vida

— E qual a sua atitude em relação a isso? A obrigou a se casar com você a ameaçando ou a desonrando? Ou deu um emprego a ela e a observa prosperar de longe?

— Eu preferia ser atropelado por mil elefantes a obrigar Amélia a fazer alguma coisa — Ele respondeu sorrindo ao lembrar do que ela mesma falou sobre se casar com ele

— Então você tem a sua resposta...

— É verdade... Talvez eu só precise me acostumar com a ideia de que nem sempre ficamos juntos com quem nós amamos... E se ela está feliz eu também tenho que estar — Ele sentou-se suspirando, não sabendo o que aconteceria no futuro. Amélia poderia encontrar alguém que não fosse ele, ou ela iria gostar da vida que levava, ele não tinha como saber.

     Amélia não gostava muito da nova vida. Era certo que ela se esforçava para ser a melhor funcionária e era certo que o salário que ela ganhava era justo e a pensão em que vivia era boa e cobrava um preço igualmente justo, mas era difícil para ela se acostumar com a vida proletária. No primeiro salário ela gastou quase tudo só em roupas e acessórios e nada sobrou para alimentos e outras contas, então ela passou a ver como as coisas que eram tão simples e corriqueiras na sua antiga vida, não passavam de produtos superfaturados apenas pela ideia de serem exclusivos, ela se lembrou dos chocolates superfaturados que vendeu no trem com Wonka e se sentiu uma otária. Ela também se sentiu um pouco mal por ter se afastado dele, agora eram apenas patrão e funcionária e não queria que a vissem como a que está saindo com o patrão. Ela também achou a rotina exaustiva e por mais que saísse com amigos no final de semana, ela simplesmente tinha certeza que aquela vida não era para ela, ela ainda queria ser mãe e ter um marido e cuidar de uma casa, mas se antes era difícil encontrar um bom marido, agora era praticamente impossível já que a sociedade julgava muito as mulheres que trabalhavam. Quando ia visitar o pai na cadeia, ela sofria mais ainda, ele parecia tão mal e culpado, ela sempre usava as melhores roupas para ele pensar que ela conseguiu conservar alguma coisa de sua antiga vida e sabia que sua vó não iria contar toda a verdade porque Lady Hortense jamais pisaria em uma prisão

— Eu sinto tanta saudade de você, minha trufinha — Ele choramingava — Cada dia aqui é uma tortura e eu só penso em como seria se ainda estivéssemos morando juntos

Doce MentiraOnde histórias criam vida. Descubra agora