um quase beijo

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Pedro pov's

Alguns dias se passaram, confesso que estava cada dia mais difícil ficar sozinho, e ter que me cuidar sozinho. A noite do meu pesadelo, tive que passar sozinho já que Jao não estava em casa. Eu tive que aprender que Jao não estaria o tempo todo disponível pra mim, que ele tinha a vida dele, e eu a minha, e as vezes tínhamos nossas vidas juntos.

Esses dias eu chamei a Malu aqui pra casa, ela sabia por cima do que eu passava, e sempre queria me defender daquele monstro, mas eu não deixava. Eu sabia que teria fortes consequências se denunciasse Henrique, e eu realmente não queria pagar pra ver, quais eram eles. Até que teve um dia que Malu me fez ir pra faculdade, a base de remédios contra dor, e muitos casacos pra cobrir os machucados e afins.

Assim que entrei pela porta da sala, Jão sentava no fundo, anotando alguma coisa, cabisbaixo. Eu sentir uma dor muito forte de não poder dizer o que estava acontecendo comigo, que provavelmente também machucaria muito ele. Sendo assim voltei pra realidade, com o chamado da professora Joana, de filosofia.

Joana: bom dia Pedro, bom te ver! - ela sorri, fazendo todos que não tinham me visto, me ver, sendo assim Jão levantou o olhar pra mim.

- Obrigada - assenti, e me dirigir a uma mesa longe dos meus conhecidos. Olhava pro Jão o tempo todo, mal sabia ele que eu só estava tentando o proteger, que jamais faria algo pra machucar ele, jamais me afastaria se não fosse necessário.

Assim que a aula acabou, ele saiu rapido, e corri atrás dele o pegando pelo braço.

- Romania? - soltei ele assim que se vira - como você está? - o observo, os olhos a cada dia mais lindos e claros, seus lábios estavam sequinhos mas vermelhos, e sua pele sempre sequinha e lisinha. Quando me peguei acariciando seu rosto.

Jão: você sumiu - saio dos meus desvaneios, tirando minha mão do rosto dele - não atendeu minhas chamadas, não abriu a porta.. - ele diz me olhando, realmente afetado.

- Jão, eu.. - não sabia o que dizer, não pensei em uma mentira pra inventar - é pro seu bem - deixo por assim, e o mesmo sai. Já esperava por isso.

Então fui almoçar, sozinho até que Renan chega na mesa comigo, me dando um leve susto, por sua voz ser semelhante a de Henrique.

Renan: hey formiga - senta de frente pra mim, no refeitorio da faculdade - estava doente? - reviro os olhos - que desânimo.

- Renan, eu estou cansado de mais pra perguntas - misturo minha batata frita no molho - o que quer?

Renan: ah desculpa.. - ele olha pro meu prato - queria saber onde estar Henrique? Faz dias que ele não aparece, precisamos dele pra treinar!

No momento em que Renan pronuncia Henrique, tudo fica lento, meus olhos ficam pesados, me lembrando vagamente do que ele e os caras fizeram comigo. Meu corpo arrepiou, e então o olho - espero que Henrique esteja morto! - deixo por assim e depois saio dali, indo pra rua.

Sentada debaixo de uma árvore, olhando a frente da faculdade cheia de gente empolgada pro tal jogo do time da faculdade. E eu somente queria uma companhia, uma boa companhia. Não demorou muito pra mim ir atrás de Jão no treino da manhã, mas sou surpreendido com Henrique por lá. Ele não me viu, creio que ninguém tenha me visto.

Henrique vestia o uniforme da faculdade, com os ombros de fora, marcas de unha, ou melhor minhas unhas, o lábio levemente cortado, e um dos olhos roxos. Provavelmente apanhou de algum cara. Bem feito. Ele parecia não dar bola pra aquilo tudo, mas eu sim. Eu me importava, por que por mais que essas marcas físicas fossem embora, os meus pensamentos e inseguranças sempre vão ficar comigo. Decidi sair do ginásio, e ir pra casa, e durante o caminho vim pensando em que não vi Jão no treino, e que provavelmente ele se ocupou fazendo algo.

Assim que abro a porta da minha casa, me choco com Jão lá dentro. Ele estava sentado no sofá, a casa toda organizada, diferente dos outros dias que passei em cativeiro. O sofá estava lotado de porcarias, e na tv passava Lazy Town, o nosso desenho favorito de infância. Meu coração se instabilizou, tirei o capuz e fechei a porta e olhei pra ele, eu realmente não sabia o que estava sentindo, era muita coisa boa. Finalmente depois de dias, apenas uma simples surpresa fez tudo melhorar, e eu realmente não tinha palavras pra agradecer.

- Jão eu.. - passo as minhas mãos no rosto, ainda incrédulo, o mesmo abre um sorrisinho de canto, vindo até mim, me abraçar - eu te amo! - falo assim que sinto-me estar no meio dos seus braços.

Jão: não precisa me dizer nada.. - ele me abraça forte, como se estivesse me protegendo das coisas ruins, como se ele soubesse que eu não estava bem. Depois de um tempo em pé abraçando o mesmo, fomos ao sofá. Eu não sabia o que dizer, ou se agradecia, se ele estava bravo comigo, então permaneci quieta - como você está? - já sentado no sofá me pergunta.

- Nada bem - falo cabisbaixo - mas é coisa minha, não quero que se envolva - olho pra ele que parecia forçadamente, concordar - vou ficar bem.. - seguro na mão dele que estava fria e trêmula, e também machucada. Meu coração se aperta. Se Jao descobriu o que Henrique fez, e se aqueles machucados fossem dele eu estava completamente sem chão - o que aconteceu com sua mão, Jão? - pergunto mudando completamente minha expressão.

Jão: eu briguei - nesse momento, meu coração palpitou forte, descompensado, jurei que ia ter um ataque cardíaco e morrer ali mesmo.

- Com quem? - passo a mão pelos machucados da mão dele, e depois fito uns cortes próximo ao lábio - Jão, você brigou com quem?

Jão: com o Harry - meu coração deu uma desacelerada, ao saber que não foi Henrique, mas na minha mente ao mesmo tempo pensou que Harry poderia tambem ter abusado de mim, sendo ele melhor amigo do Henrique, e o Jão descobrir - Já perdi a paciência com esses caras.. - volto a criar mil e umas paranóias - desculpa mas seu namorado é um idiota - ufa.

Somente assenti, não queria saber os motivos, ele não sabendo do que aconteceu, estava suficiente pra mim. Levantei e peguei uma caixinha de primeiros socorros,né desci até a sala de volta. Pus uma pomada em meus dedos passando delicadamente nos cortes nos cortes da mão dele. Depois limpei um pouco de sangue que insistia em sair do corte da boca dele, e me aproximei pra trata-lo.

Não tinha me dado conta da proximidade em que estávamos, de que se eu me abaixasse um pouco, nossos lábios se encontrariam pela primeira vez. Não medi as consequências, só sabia que não deveria o fazer, mas queria. Queria muito. Sai dos desvaneios, limpando a garganta, e assim completando.

- Terminei! - saio rápido de perto, e guardo as coisas de volta, e depois volto.

Jão pov's

Por que não me beija? Essa e a pergunta que eu mais queria entender. Não sei o que impede de fazer isso, na verdade eu sei, mas não quero acreditar. Eu sei que esse relacionamento não vem o fazendo bem, e eu só queria que ele soubesse, que tudo vai ficar bem. Ele não me diz o que acontece e isso me frusta, mas não posso simplesmente cutucar a ferida, se ele não me conta é por que não quer ou não pode. E isso me deixa magoado e irritado as vezes, por que eu deveria entender, deveria entender que não somos apenas melhores amigos, e que agora mais do que nunca não podemos contar coisas um pro outro, não podemos nos dar o luxo de falar mal do Henrique pelas costas, por mais que no fundo quiséssemos. Não posso chama-lo de vida, ou de apelidos carinhosos. Infelizmente Pedro não é meu, nunca foi. Mas não posso me dar ao luxo de prende-lo a mim pra sempre, temos uma vida a seguir, e se ele escolheu o Henrique, não há nada que vá fazer ele de mudar essa ideia.

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Eu sou muito boazinha pra ter liberado dois capítulos, me agradeçam votando e marcando bastante 🥰

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- L.

DEAR BEST FRIEND-PEJÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora