Capítulo 5: Show de horrores.

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Lorenzo Duarte.

   De última hora ela troca de roupa. Colocando um vestido azul que comprou na Shein, no caso Sasa obrigou ela a usar.

  Me arrumo rápido, semelhante a minha ferinha raivosa. Ponho um elástico preto no punho, para se ela sentir calor poder prender o cabelo. 

   Sei que estou atrasado, porém para minha pessoa é uma regra passar por um espelho e exibir meu corpo completamente saliente.

   Começo fazendo umas expressões de sedução,flertando comigo mesmo. Solto uns beijos em direção ao espelho e, para completar, faço algumas poses.

-Ocê já acabou com seu show de horrores, minha terrível assombração? 

-Ruiva! Se quer me matar é só falar. Caso meu coração não estivesse potente eu teria ido de arrasta pra cima!

-Deixa de onda, Duarte. Vambora logo! 

   Suas mãos pequenininhas, que seguram firme as minhas, parecem invisíveis pela variação de tamanho.   

   Ela saiu andando apressadamente me puxando junto. Paramos, de repente, em uma praça. Isa começou a divulgar para as pessoas que ali estavam.

-Boa tarde senhor, vai um brigadeiro para alegrar sua vida?- Ela pergunta sorridente.

   Ele concorda alegremente. Vendemos para uma gringa que não falava nada com nada, para uma doida, que segundo ela nós éramos batatas falantes. E nesse instante para um nerd, que começou a gaguejar depois da ruiva lhe entregar o brigadeiro.

-Está tudo bem, sô? Precisa que eu chame um médico pra acudir tu?

-E.e.-eé-ée qu..q.que..- Ele fecha o olho respirando fundo lentamente, em controversa minha respiração fica mais veloz- Poderia me dar seu número, princesa?

   Quando ouço isso congelo por um minuto, uma raiva instantânea me sobe à cabeça. Meu olhar sombrio perfura o dele. 

   Por mais incômodo que esse pedido tenha me causado, decidi esperar pela resposta da mulher.

-Ocê num preenche os requisitos meu fí. Arreda pra lá e vai arrumar uma que te queira.  

    A expressão do garoto foi cômica, gargalho tão alto, que Isa me olha indignada. Ele parecia estar no auge dos seus 15 anos. Por fim sai correndo que nem maluco. Pelo menos comprou alguns doces. 

   Seguimos mais adiante parando em um quiosque no qual um violinista, muito bom por sinal, espalhava sua melodia de norte a sul.

    Entre os ouvintes estava um senhorzinho sentado em um banco sem nada menos que uma galinha em cima do seu chapéu, enquanto fumava seu charuto.

   Sinto algo quentinho puxar a minha mão para baixo, olhos em volta não vendo Isa, porém ao fixar minha visão no chão vejo ela a me encarar.

   Sento-me ao seu lado. Observando as pessoas. Uma mãe carrega gêmeos, cada um em um braço, e me questiono como ela tem forças para ter, cuidar e criar os filhos. Simples. Mulheres são incríveis.

    A música chega ao fim e outra se inicia, deito minha cabeça no colo da ruiva, pegando-a desprevenida.

-Xispa daí, mundiça. 

-Poxa, mulher. A coluna veia doeu. Por favor.

   Ela revira os olhos e começa a me empurrar. 

-Saiiiiiii.

-Não saio, nem tente que só vai desperdiçar suas forças.

-Te odeio, Lorenzo Duarte. Te odeio com todas as minhas forças. 

Sob o mesmo teto: Quatro paredes, quatro destinos entrelaçados.Onde histórias criam vida. Descubra agora