CAPÍTULO 6

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Um Amigo e Tanto

INÁCIO

- SERÁ QUE VOCÊ vai conseguir? - Luciano duvidou lá de baixo.

- Já disse que eu sei fazer, peão. Se souber fazer melhor, suba aqui e faça!

- Calma aí, cowboy! Só estou preocupado com você.

- Hum. - Murmurei, indiferente.

Eu estava consertando uma pequena fenda que havia se formado no telhado do alojamento. A posição em que me encontrava era desconfortável, porém não queria transparecer para ele que não conseguiria resolver o problema. Também não queria que ele se preocupasse comigo, os demais poderiam chegar e tirar conclusões sobre nós dois, e eu definitivamente não queria isso.

- Jogue o martelo! - Gritei para ele.

- Tem certeza?

- Ande logo, peão! - rosnei.

Minha pele estava ardendo sobre o sol, e, estava meio agoniado com o fato de fazer absolutamente umas duas semanas desde que comecei a evitar Luciano para afastar as desconfianças. De alguma forma, interromper o que estávamos fazendo me irritava a ponto de ficar ácido por qualquer coisa.

- Tudo bem, então. Vou jogar!

Ele deu de ombros e atirou o objeto para cima. Estiquei-me para segurá-lo, porém me desequilíbrei; tateei em busca de algo em que me segurar para evitar a queda, porém era tarde demais, estava despencando para baixo.

Luciano ainda conseguiu intervir, me segurando em seus braços, porém não foi o suficiente para evitar a queda; fomos os dois para o chão. Senti uma dor cortante no tornozelo direito, um desconforto tão forte que não pude evitar gemer alto.

- Quebrou alguma coisa? - Luciano arfou ao lado.

Me sentei sobre a grama.

- Não, mas devo ter dado um jeito nesse tornozelo.

Ele instintivamente pôs as mãos na minha bota e a retirou com avidez. Mal pude acompanhar seus movimentos.

- Talvez uma massagem ajude - disse ele, olhando diretamente nos meus olhos e trabalhando com as mãos rapidamente.

- Ciano, deixe comigo. Eu consigo fazer.

Ele tapeou minha mão.

- Se não fosse tão teimoso, isso não teria acontecido. - Reclamou. - Me deixe cuidar disso.

Mesmo hesitante, permiti que ele cuidasse de mim enquanto o observava.

- Se sente melhor?

- Parece que sim. Obrigado!

Os cantos de seus lábios esticaram-se para cima.

- Vamos lá! Você precisa levantar.

Me empertiguei. Ele ficou de pé em um piscar de olhos e esticou a mão para mim. Segurei-a firmemente e movimentei os músculos para conseguir me levantar. Ainda doía muito, provavelmente eu iria ficar mancando por um tempo.

O Segredo DelesOnde histórias criam vida. Descubra agora