Um Amigo e Tanto
INÁCIO
- SERÁ QUE VOCÊ vai conseguir? - Luciano duvidou lá de baixo.
- Já disse que eu sei fazer, peão. Se souber fazer melhor, suba aqui e faça!
- Calma aí, cowboy! Só estou preocupado com você.
- Hum. - Murmurei, indiferente.
Eu estava consertando uma pequena fenda que havia se formado no telhado do alojamento. A posição em que me encontrava era desconfortável, porém não queria transparecer para ele que não conseguiria resolver o problema. Também não queria que ele se preocupasse comigo, os demais poderiam chegar e tirar conclusões sobre nós dois, e eu definitivamente não queria isso.
- Jogue o martelo! - Gritei para ele.
- Tem certeza?
- Ande logo, peão! - rosnei.
Minha pele estava ardendo sobre o sol, e, estava meio agoniado com o fato de fazer absolutamente umas duas semanas desde que comecei a evitar Luciano para afastar as desconfianças. De alguma forma, interromper o que estávamos fazendo me irritava a ponto de ficar ácido por qualquer coisa.
- Tudo bem, então. Vou jogar!
Ele deu de ombros e atirou o objeto para cima. Estiquei-me para segurá-lo, porém me desequilíbrei; tateei em busca de algo em que me segurar para evitar a queda, porém era tarde demais, estava despencando para baixo.
Luciano ainda conseguiu intervir, me segurando em seus braços, porém não foi o suficiente para evitar a queda; fomos os dois para o chão. Senti uma dor cortante no tornozelo direito, um desconforto tão forte que não pude evitar gemer alto.
- Quebrou alguma coisa? - Luciano arfou ao lado.
Me sentei sobre a grama.
- Não, mas devo ter dado um jeito nesse tornozelo.
Ele instintivamente pôs as mãos na minha bota e a retirou com avidez. Mal pude acompanhar seus movimentos.
- Talvez uma massagem ajude - disse ele, olhando diretamente nos meus olhos e trabalhando com as mãos rapidamente.
- Ciano, deixe comigo. Eu consigo fazer.
Ele tapeou minha mão.
- Se não fosse tão teimoso, isso não teria acontecido. - Reclamou. - Me deixe cuidar disso.
Mesmo hesitante, permiti que ele cuidasse de mim enquanto o observava.
- Se sente melhor?
- Parece que sim. Obrigado!
Os cantos de seus lábios esticaram-se para cima.
- Vamos lá! Você precisa levantar.
Me empertiguei. Ele ficou de pé em um piscar de olhos e esticou a mão para mim. Segurei-a firmemente e movimentei os músculos para conseguir me levantar. Ainda doía muito, provavelmente eu iria ficar mancando por um tempo.
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O Segredo Deles
RomanceEm uma fazenda de café abastada, quatro peões compartilham a saudade de casa e da família e seus segredos e desejos mais profundos. Mas com a chegada de um novo companheiro de equipe, as coisas começam a fugir do controle. "Tive a curiosidade de fic...