CAPÍTULO 7

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Sempre Consigo o Que Quero

ANTONIO

AS PESSOAS PRECISAM ouvir o que elas desejam ouvir e não necessariamente isto precisa ser verdade, contanto que as faça gostar do que estão ouvindo podemos conquistar absolutamente o que quisermos.

O lance com Daniel é que ele era excepcionalmente fechado e durão, mas não muito velho para não entender o lado de um cara gay na casa do trinta; e por não ter muito contato com os demais peões, sabia que ele se sentia solitário. Percebi também que ele era muito apegado às questões sentimentais em relação à família; eu o peguei por vários momentos chorando sozinho enquanto observava as fotos dos filhos. Era um cara que precisava mais do que tudo de um companheiro a quem pudesse desabafar, contar as dores e ter a certeza de que seria apoiado.

Para conquistá-lo eu teria que me tornar esta pessoa a quem ele confiaria seus pesares, e estava, inclusive, disposto a revelar o meu maior segredo para ganhar sua confiança. Desde então comecei a observá-lo de perto, acompanhando seus passos e me esgueirando para saber o que ele estava fazendo a fim de encontrar uma forma de colocar meu plano em prática.

Não foi difícil. Por ele ser um homem de rotina, eu conhecia todos os seus passos: por onde andava, o que fazia e em qual situação poderia abordá-lo. Quando finalmente tive a oportunidade, relatei a Daniel sobre minha sexualidade, ou pelo menos parte dela. Convenci-lo de que eu era tão humano como qualquer pessoa apesar de ser visto como um peão grosseiro e incompreensível da roça e confeço que ver o contentamento em seus olhos me deixou excitado. Naquele momento tive a certeza de que o peão estava maravilhado em saber que alguém como eu estava por ali, que eu realmente existia. Foi empolgante.

Duas semanas depois, ele me buscou no celeiro durante a noite; parecia nervoso e inquieto. Jogou-se sobre o feno ao meu lado logo que entrou. Estava usando uma camisa de botões jeans e seu cabelo estava úmido e penteado.

Eu, por minha vez, retirei o chapéu de boiadeiro de cima dos olhos e dei um "oi" despretensioso para ele.

— Desculpe vir até aqui, mas precisava conversar. — Suas mãos estavam inquietas.

Toquei no braço dele calmamente.

— Relaxa, Dani. Aqui é um lugar seguro.

Ele assentiu. Pigarreou e se aprumou no feno.

— Pensei em nossa conversa. Foi bom finalmente contar meu segredo para alguém, me deixou aliviado no momento em que conversamos, mas...

Fiquei encarando os lábios carnudos dele se movendo enquanto falava, era de uma tentação diabólica.

— Não sei dizer como me sinto agora, mas preciso admitir que tenho receios com tudo. Quero dizer, não sei se foi uma boa ideia...

O interrompi, tocando em sua coxa pretenciosamente.

— Já disse que não precisa ter medo, Dani. — Mostrei um sorriso com condescendência para ele. — Seu segredo vai estar seguro comigo e tenho certeza que o meu também esterá seguro com você.

Seu pomo de Adão subiu e desceu quando engoliu em seco.

— Obrigado, Antonio. — Ele disse. — Você é mesmo um bom amigo.

O Segredo DelesOnde histórias criam vida. Descubra agora