CAPÍTULO 8

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Ressentimentos no Campo

DANIEL


Estava em um corredor de café fazendo colheita quando lembrei de um dia em que estava a fazer esta mesma atividade e Antonio apareceu através da plantação. Estava usando uma camisa de botões em tom pastel desabotoada nos primeiros botões e os cabelos estavam umedecidos.

— Ei, peão! — disse ele, vindo por trás e abraçando o meu tronco. Ele beijou meu pescoço, espalhando arrepios por todo o meu corpo.

Lembro-me de ter dado um sorriso discreto, porém ainda assim o ignorei.

— O que foi? Você não gosta mais de mim? — sussurrou com sua voz rouca no meu ouvido ao perceber minha evasão.

Engoli em seco, nervoso de repente. Não queria ter aquela conversa naquele momento, em instante algum para ser sincero, mas tinha uns dias que precisava fazer isso e senti que aquele era o momento adequado para isso.

Com o nosso primeiro beijo, as coisas simplesmente avançaram de forma rápida e intensa para nós dois. Eu tinha criado um vínculo com o cowboy. Sempre que precisa desabafar, era em seu ombro onde encontrava refúgio, e sempre que a testosterona falava mais alto, era em seu feno que encontrava alívio.

Depois de nossa amizade, eu sentia que poderia aguentar a vida na fazenda por mais tempo do que imaginava, e era tão louco pensar que por muito tempo pensei em desistir comovido pela saudade de casa e das crianças, isto fazia com que me sentisse grato pela existência dele. A possibilidade de quebrar esse vínculo me assustava. Ter esta conversa colocaria em risco o clima agradável que cingia nossa amizade, e por mais que eu quisesse acima de tudo deixar isto de lado e apenas fingir como se nada acontecera, algo dentro de mim pediu que eu o fizesse.

— Como não gostar de você, Antonio? Afinal você é o meu melhor amigo.

— Amigo? — ele hesitou ainda grudado em mim. — Podemos dizer que somos bem mais do que isso.

Dei de ombros.

— Talvez.

Ele afrouxou o aperto.

— Pelo menos era o que parecia duas noites atrás.

Respirei fundo e me desvencilhei dele. Ficamos frente a frente, embaixo de um sol ardente de início de tarde.

— Temos que ser mais cautelosos, algum dos Cowboys pode nos ver.

Seus olhos claros penetraram através de mim enquanto um pequeno sorriso esticou-se nos cantos dos lábios.

— Então é por isso que tu está estranho desse jeito? Fique tranquilo, eles estão ocupados, eu verifiquei.

— Bom, não é só por isso. — Encontrei seu olhar determinado a por um fim nesse incômodo no meu estômago. — Vi você fazendo uma coisa que está errado.

Seu sorriso se dissolveu, dando lugar a uma expressão de inquisição.

— Está bestando, peão?

— É isso mesmo, Antonio. Não queria ter que te falar isso, mas fiquei incomodando quando vi você indo dormir na casa grande. — Desviei o olhar. — Você sabe que somos proibidos de fazer isso, então peço por favor que você pare.

A expressão dele ficou neutra e congelada. Parecia estar absorvendo cada palavra que falei e ruminando cuidadosamente uma resposta. Às vezes ele fazia isso.

— Ah, isso foi só uma vez. Bobagem, não irá mais acontecer.

Puta merda, pensei. Ele não estava sendo honesto.

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⏰ Última atualização: Jun 27 ⏰

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