𝟖

302 31 6
                                    

RAFE CAMERON
point of view
💌

— Você pode, por favor, trocar a porra dessa música?

Já era a quinta vez seguida que snow on the beach — taylor swift (feat. lana del rey) ecoava pelo quarto quase como uma forma de tortura. Eu não aguentava mais.

— Não — Sofia respondeu, sem tirar os olhos do livro gigantesco aberto sobre a escrivaninha.

— Eu juro por Deus que estou prestes a entrar em coma — resmunguei, abafando o som ao pressionar o travesseiro nos meus ouvidos. — Ou me atirar da janela. Que música depressiva.

— Não ia fazer falta — retrucou, dando de ombros.

Peguei o menor e mais leve travesseiro da cama e atirei na sua cabeça. O cabelo de Sofia voou e, mesmo de costas para mim, eu pude sentir a fúria irradiando do seu corpo. Nós nos víamos todos os dias, não era como se ela nunca tivesse me dado um tapa ardido nas costas – isso aconteceu uma vez, mas ainda estávamos em dívida.

Ela levantou da mesa, claramente puta, e voou para cima de mim. Me protegi como pude das inúmeras travesseiradas e, quando digo inúmeras, foram inúmeras.

— Porra — xinguei, colocando o braço sobre o meu rosto. — Eu já parei!

— Mas eu não! —rebateu, me acertando bem no nariz.

— Caralho, Sofia! — berrei, colocando a mão sobre o lugar onde tinha me acertado e me afastei bruscamente.

Mesmo assim, ela me atingiu de novo com o travesseiro. Meu Deus, eu tinha assinado a minha sentença de morte. Sentei na cama e puxei a almofada da sua mão de uma vez. Sofia não parou. Eu sabia com quem estava mexendo e, definitivamente, tinha provocado o diabo. Não sei como, mas agarrei os seus punhos e derrubei o seu corpo na cama, impedindo-a de me acertar com mais um dos seus tapas. Meu corpo ficou sobre o seu para impedir que ela escapasse.

— Me solta — disse, se debatendo. — Meu Deus, eu odeio você.

— Está mais calminha, girassol? — continuei provocando.

Eu ri enquanto Sofia revirava os olhos e puxava o ar pelo nariz com tanta força que parecia que seus pulmões iriam explodir.

— Você jogou a porra de um travesseiro na minha cabeça — explicou, entredentes.

— E você me deu um tapa — devolvi, relembrando o episódio de alguns meses atrás.

— Você arranhou o meu disco de vinil da Taylor Swift com uma tesoura! — berrou, tentando livrar os punhos das minhas mãos, o que só me fez apertar mais os dedos contra o colchão.

— Porque você riscou o meu pôster do Kanye West com uma canetinha. E eu te dei um disco novinho, Sofia. Do que você está reclamando? — franzi as sobrancelhas.

—A Sarah me deu.

— Quem você acha que mandou ela comprar?

Sofia parou por um momento, erguendo os olhos castanhos para mim como se não acreditasse no que eu tinha acabado de dizer. Ela não se moveu por uns bons segundos e isso me fez sorrir. Sofia não fazia ideia de que eu tinha feito aquilo.

— Cala a boca — resmungou.

— Eu não disse nada.

— Mas pensou. E isso não torna as coisas menos piores. Nunca mais faça isso de novo.

— O quê? Jogar um travesseiro em você ou te prender na cama?

— Rafe — censurou.

Funguei ao dar uma risada breve.

— Beleza, da próxima vez eu jogo uma pedra.

Não faço ideia de como Sofia fez isso, mas o seu joelho foi parar nas minhas bolas, onde ela acertou covardemente. Meus olhos marejaram com a dor insuportável. Caí­ na cama com a mão no saco e amaldiçoei até a sua última geração.

— Filho da puta — ela xingou, me empurrando para sair da cama. — Da próxima vez que fizer isso, eu vou te jogar pela janela.

E assim, desse jeito, ela simplesmente recolheu a própria bolsa e saiu pela porta.

𝐈𝐍𝐄𝐑𝐓𝐈𝐀, rafe cameronOnde histórias criam vida. Descubra agora