eu sou o vulcão

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São Petesburgo, 1837. Império Russo

Kate Bishop Pov.

Vinte e oito dias, vinte e oito dias de viagem. Em alto mar, me senti em algum tipo de história de piratas em algum momento. Foi bom, mas exaustivo, ao contrário da minha família, não senti nenhum tipo de náusea. Austin vomitou a viagem toda, não é como se o futuro Duque de São Petesburgo fosse alguém resistente à maresia.

O clima aqui era diferente, um frio mais intenso, assim que pus meus pés na cidade, meus lábios se enrijeceram em pequenas rachaduras. Por incrível que pareça, sentia saudade de casa. Pelo menos as brigas em família não eram acompanhadas do balanço forte das águas, e as paredes do meu quarto eram mais densas para esconder o barulho dos gritos.

James não estava feliz, e eu o entendo, também ficaria furiosa se tivesse de me casar com alguém que sequer conheço. A Duquesa parecia ser uma "dama de ferro".

Ao menos nossa casa ficou pronta nesse quase um mês navegando, era bonita, enorme, a arquitetura clássica combinava com as paredes de tom areia e o telhado perfeitamente arqueado com telhas de cor azulada. Como fizeram isso em um mês? Meu quarto não deixava a desejar em nada. Era bem maior que o meu primeiro, dava vista para o local que iria hoje à noite.

Se minha casa parecia grande, a da duquesa era como um palácio, um museu! Tinha um jardim extremamente convidativo, com um labirinto possível de ver da minha janela. Mamãe insistiu que usasse um vestido azul, para não tirar a atenção de James e Antonia.

A imagem no espelho me agradava, não era extravagante como o terno vermelho que meu irmão carregava, ao contrário. Era um azul oxford, o busto ia de ombro a ombro, mangas curtas com detalhes bordados em branco. As luvas brancas desenhavam minhas mãos e antebraços delicadamente. Os fios presos em uma meia trança, feita por América mais cedo:

-Está linda, querida. - Um sorriso se esculpiu em meus lábios quando a voz de meu pai se fez presente. -Eu tenho um talento para trazer filhas lindas ao mundo.

-E o Bucky?

-Não me desminta assim. - Eu ri indo até o homem, que trajava um terno que cabia perfeitamente em seu corpo magro. - Sua mãe já lhe encheu a cabeça, imagino.

-Ela quer que eu arranje alguém neste baile. - Revirei os olhos me sentando na pequena poltrona que tinha em meu quarto. Ele riu, ajeitando seus fios grisalhos antes de puxar um banquinho para se sentar ao meu lado.

-Estou com medo que arranje, linda assim. Me prometa que não será um barbado.

-Pai!

-Eu estou brincando! Quero que se divirta. É uma festa afinal. Se sua mãe passar dos limites... Dê uma flechada nela. - Nós rimos enquanto me levantava junto do mesmo ao ouvir a carruagem dar sinal de vida.

Descemos as escadas e Bucky estava vermelho como seu terno, o que arrancou risadas do meu pai, duas carruagens, uma para eles, outra para mim e América. Deus! Obrigada! Não seria castigada com as apresentações formais a tal Antonia.

A viagem ao palácio foi curta, afinal, éramos vizinhos da noiva. Que coincidência, não? Assim que chegamos fomos recebidos por serviçais, que levaram minha manta, para o frio que fazia isso foi desnecessário. As pessoas dançavam e se cumprimentavam de forma extravagante, com sorrisos largos. Ninguém interessante, pelo menos para mim, América parecia uma política, já tinha se enfiado em qualquer lugar com um homem que se disse príncipe. Porquê as bebidas aqui são tão fortes?:

Tortured Poets DepartamentOnde histórias criam vida. Descubra agora