Até que a morte os separe. Parte 1

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Império Russo, 1837. Residência Bishop.

Kate Bishop Pov.

"Vestidos, decoração, jóias, carruagem e mais vestidos."  Foi isso que ouvi durante essas duas semanas, aparentemente ser irmã do noivo me traz as mesmas obrigações da noiva. Eleanor estava a ponto de colapsar. Poderia jurar que seria ela quem se casaria, e não meu irmão. Lady Bishop amanhecia e ia adormecer planejando cada mínimo detalhe, agora, a família Bishop tinha laços com a coroa russa, ou seja, sem espaço para erros.

Tem coisa mais ridícula?! Nesse meio tempo estive com tanta saudade de Yelena, cogitava roubar um dos cavalos de papai, apenas para ir ao seu encontro. Mas ela me escrevia, tinha ciência de que me encontrava abarrotada de "obrigações" e principalmente, tinha ciência do fato de minha mãe estar como uma sombra atrás de mim, aliás, esse foi um dos trechos de suas cartas.

"Tenho compreensão de que Lady Bishop deve se encontrar em estado de nervosismo."

Suas cartas vezes eram acompanhadas de poemas, de páginas de livros destacadas com alguma frase em evidência - eu iria repreendê-la a respeito dessas páginas rasgadas. - Mas fora isso, eram trechos em destaque, seguidos de uma analogia curiosa da russa sobre o que achava do livro, certas vezes me mandou seus desenhos de Vênus. Sua correspondência mais recente, no caso, a de ontem, foi um manuscrito de sua pesquisa sobre um cometa.

Eu esperava ansiosa pelo carteiro todas as manhãs... Também escrevia para ela, todos os dias, poemas, minhas tentativas um pouco ridículas em aprender o dialeto russo. Dias e dias se passaram assim. Até que, ele chegou.

Chegou o grande dia.

Eu estou nesse momento sendo esfregada como um carpete imundo pela minha mãe e nossa empregada, a água cheirava bem, mas fervia, ela estava tão nervosa com qualquer detalhe sendo colocado em risco, talvez por sua mim, que nem ao mesmo banho me permitiu tomar sozinha. Aceitei sem resistência por saber que isso a acalmaria, mas a paz interior de minha mãe não valia o couro de minhas costas:

-Mamãe! Essa água está fervendo! Pare! Está me machucando! - Grunhi ao sentir a baldada de água efervescente ser jogada contra minhas costas, essas foram esfregadas pela terceira vez. - Vou ficar vermelha. Vá banhar o noivo, ele é quem vai ter de dizer sim em frente ao "tribunal divino do matrimônio." E ele fede mais, vai ser ofensa para Deus ter um noivo fedendo a lavagem.

-Katherine Elizabeth Bishop! - Arfei tediosa ao prever a milésima represália que levaria no dia.

Eram apenas nove da manhã. As festividades começariam ás 15. Porém nesse ritmo, eu iria colapsar até ás 10, e o evento seria meu funeral ás 12, se passasse mais um segundo perto da loucura matrimonial de Eleanor Bishop.

-Mamãe! Deixe-me banhar sozinha, sim? Sabe como James é ruim com palavras, já verificou se os votos dele não contam com as gírias que tanto abomina?

Assim que falei isso, minha genitora se colocou a passos pesados para fora do banheiro, fazendo Maggie soltar um riso um tanto quanto tímido. Eu sorri, apanhando a bucha e terminando o serviço com a ajuda da mesma:

-Nem dá pra acreditar nela, não? Obrigada Maggie. - Levantei-me calmamente, apanhando a toalha de suas mãos, antes de me enrolar na mesma, vestir a camisola e ir até o salão para aguardar a modista.

O vestido que me aguardava no manequim era covarde de tão lindo, azul, obviamente, seguindo a paleta de cores exigida por minha mãe. Ainda sim o corpete que me apertava existia, mas por ser o casamento de James eu não me colocaria contra. Era bem modelado, decote ombro a ombro, as mangas tinham suas pontas em detalhes de renda brancos e uma jóia reluzente no centro do decote:

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⏰ Última atualização: Jul 24 ⏰

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