Prólogo:

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DEPOIS DO ACIDENTE.

Caroline

O meu namorado morreu a 3 meses. E não, não é uma brincadeira, não é. Jogo o buquê de flores na sua lápide. Caio de joelhos, inconformada. Os olhos lacrimejados. A respiração falha. O nó na garganta que já se torno familiar.

— Eu deveria rezar para um Deus. Então, se está aí, e está me ouvindo, me devolva, me devolva a minha casa. Por favor. — Pisco rápido. — Por favor, me devolva ele.

Às lágrimas não param, parece uma enchente, e a tempestade está dentro de mim. E não para. Minha melhor amiga se vira de costas, ela não consegue mais me ver assim. Estou tão mal que deixo as pessoas ao meu redor tristes também.

Engulo em seco. Aos prantos.

— Amor, por favor, volte para mim. Volte, por favor… — Peço baixinho. — Apenas volte.

Não tenho forças. Estou em completa negação. O luto, não posso vivê-lo depois de tudo. Meu coração está dilacerado. Está doendo, está sangrando por dentro.

— Filho da puta. Você me abandonado! Desgraçado sem alma. QUEM DISSE QUE VOCÊ PODIA IR? — Grito. Fecho os olhos com força, fungando. — Por que? Você me fez te amar, e pra que? Eu juro, juro que perdoaria seu egoísmo, se sua promessa fosse verdade…

Não consigo  ter uma reação comum, não, não como qualquer pessoa. Cada um lida da sua forma. O meu lindo namorado que sempre me fazia rir, não está mais aqui. Ele me deixava muito brava. Depois pedia desculpa e falava “Vamos tentar o diálogo primeiro. Depois você me bate”. Não estou pronta para dizer adeus.

— Eu não estou brava, só não quero acreditar… — Minha garganta dói enquanto falo e tento parar de chorar.

( … )

— Kim, vou pegar um copo de água. Tudo bem?

Estava na sua casa, não, na casa tradicional coreana do seu pai. O seu velho estava trabalhando e o Doyoon me pediu para dormir com ele.

— Linda, não precisa pedir. Mas se você acha que precisa, então faz o que você quiser.

— Tá bom… — Sorri sem perceber. Levanto da cama.

A casa estava escura como um filme de terror. Me lembro como se fosse ontem. Abro a geladeira aliviada por ter luz. Pego um copo em cima do eletrônico, ponho água. Volto para o quarto na ponta do pé, olho em volta com medo de algum fantasma. Lembro perfeitamente daquela noite, o Doy me contou uma história de terror na hora do jantar e disse que eu deveria dormir bem juntinho dele.

Abro a porta do quarto devagar. O copo escorregou da minha mão e a cena à minha frente entorpece meus tímpanos. Só escuto um “pi”.

Acordo. Suada. Assusta. Minhas bochechas molhadas. Levanto o tronco tremendo.

— NÃO! — Meu grito é agudo. Abraço meu próprio corpo. O cachorro dele que dormia perto da minha cama se levanto e pulo na cama, abraço ele, inconsolável.

Minha mãe surge correndo junto com o meu irmão e a namorada dele. Os três tem aquele olhar de “eu sei, está tudo bem”.

— Meu bebê. Está tudo bem? — Minha mãe vem primeiro. Ela olha se a janela está fechada. Tem medo que venham atrás de mim já que vi tudo.

Senta na ponta da cama, um olhar de compreensão e tristeza. Respiro fundo, me acalmando.

— Está. Foi só um pesadelo. — Minto para não preocupar ninguém. Acaricio o pelo do Rei.

Era madrugada e eu praticamente acordei a casa inteira. Esther faz um café, meu irmão está sentado do meu lado nos bancos do balcão. Minha mãe vem com mais frequência, ela praticamente mora mais na minha casa do que na dela agora. Meu irmão também não vinha muito. Ele veio hoje e no primeiro mês também. Sua namorada é a irmã dele, e suas olheiras são tão fundas quanto as minhas.

— Querida, você quer alguma coisa? — Minha mãe sempre tenta fazer alguma coisa para melhorar o meu humor.

Nego.

— Posso fazer um sanduíche. Você tem que comer. O que você quer?

Nego de novo.

— Qualquer coisa. O que você quer? — Sei que estou magra. Não como direito e passo a maior parte do tempo indo no bar dele e me afundando no trabalho.

— Eu quero o meu namorado, eu só quero ele… — Abaixo a cabeça cobrindo o rosto, incapaz de conter a minha dor.

Ruan envolve seus braços em mim, a sensação é parecida. Mas não é a mesma coisa. Ele me abraçava forte e me deixava sem ar. Eu odiava. Mas era ele.

Egoísmo.Onde histórias criam vida. Descubra agora