05: Bêbada.

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Doyoon

Eu estava hipnotizado. Meus olhos não saiam da garota com um moletom fofo e um claro incômodo de estar aqui. Seu pedido inocente leva minha mente para lugares sujos.

Entrou com ela no banheiro. Fecho a porta. Viro de costas. Ela definitivamente não confia em mim, nem mesmo bêbada. Demora bastante tempo até que enfim ouço o som do seu xixi. Me viro quando acho que acabo.

Ela atira uma bola de papel higiênico na minha direção, não consegue acerta. Me viro para a porta resmungando.

— Você disse que não ia olhar. — Acusa.

Suspiro.

— Eu não vi nada. — Infelizmente.

Ela não parece acreditar. Não tenho como ter certeza também. De repente toca as minhas costas, puxando a minha camisa. Viro, seguro sua cintura com cuidado de não ser invasivo. Caroline se apoia em mim.

Ela ri do vento.

— Você viu a tatuagem na minha bunda, não viu? — Cutuca meu peito.

— Você tem uma tatuagem na bunda? Porra, agora eu quero muito ver.

Ela ri alto.

— Não, não pode ver.k

— E o que é? — Interrogo antes de abri a porta.

Ponhe o dedo na minha boca:
— Shi… É segredo.

( … )

A coisa mais estranha da noite foi com certeza a sua mãe deixar a gente dormir no mesmo cômodo, no quarto dela. Com a condição de que a porta ficaria aberta.

O lugar é simples, pequeno, aconchegante. Paredes azuis acinzentadas, uma janela pequena, uma cortina branca. Uma mesa com um notebook, um caderno e uma pilha de copos com canetas, marca páginas, lápis.

Tento lhe colocar na cama, Caroline não solta o meu pescoço por nada. Desisto, me deito em cima dela. Talvez com o meu peso ela me solte. Mas não é o que acontece. Suas pernas se prendem na minha cintura.

— Não me abandona! — Ela ainda está bêbada. Agora sei porque ela não bebe.

— Preciso que você me solte. Sua mãe vai me expulsar se você não… — Invento uma desculpa.

Paro. Seu corpo afrouxa o aperto, ela dorme e ronca no mesmo instante como se tivesse desmaiado. Ri desacreditado, lhe ajeito no canto do colchão que fica encostado na parede. Tiro a camisa, enrolo e coloco na cômoda. Deito ao lado dela. Caroline não demora a subir em cima de mim e enroscar as pernas nas minhas.

Nem consigo dormir, passo a mão no seu cabelo, é macio. Abraço ela apertado. Mal posso esperar para quando ela estiver sóbria, foi bastante paciente, esperar mais uma semana ou duas para ela se acostumar com a ideia de me ter na sua vida não é nada.

( … )

Tirei um cochilo de madrugada. Acordo com o sol nascendo e gritos, gritos insistentes.

— Ahhh! — Ela pula para longe. Se arrasta até a beirada da cama com a respiração agitada. — Ah, merda.

Esfrego as pálpebras, sento e puxo seu tornozelo para que ela não caia da cama. Uso a outra mão por baixo do seu joelho, puxando seu corpo cada vez mais perto até que ela esteja no meu colo.

— Não grita. — Peço baixo, a voz rouca de sono.

Pikachu concorda, os olhos arregalados. Sua mãe aparece com uma frigideira na porta do quarto.

— Quem é? CADÊ? É um ladrão?

— Mãe, o que ele tá fazendo aqui?

— Há, eu disse que o seu amigo — enfatiza a última palavra e pisca. — Podia passar a noite. — Pisca de novo.

— Ok, esqueci! — Sai de cima de mim e passa pela porta do quarto, me abandonando.

A mulher também ruiva com umas sardas iguais às da filha sorri antes de sair para a cozinha, suponho. Levanto e vou pelo caminho que a Caroline fez. Seguindo o corredor encontro uma porta aberta. Ela lava os rosto, o cabelo preso com o próprio cabelo.

Suspira quando me vê na porta. Pega uma embalagem de escova lacrada em uma gaveta em baixo da pia. Estante na minha direção. Pego, abrindo com um puxão. Coloca pasta de dente na minha escova primeiro, depois pega a sua em um pote. Fico atrás dela, de frente pro espelho, me inclino sobre ela e molho a ponta. Levo a boca voltando a ficar reto.

Ela fica em silêncio durante nossa pequena interação. Na verdade ela fica em silêncio durante tudo o tempo que fico ali. Comemos juntos, e nada, ela até me expulso sem dizer uma palavra, apenas me empurrando até a porta e acenando, deixo o cartão com meu número no seu bolso durante o caminho. Da calçada escuto ela discutir com a mãe.

Egoísmo.Onde histórias criam vida. Descubra agora