01: Morto vivo.

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DEPOIS DO ACIDENTE.

Doyoon

Observo ela gritar com o meu túmulo. A garota está puta comigo. Ela não sabe se chora ou grita. Está me destruindo completamente assistir isso. Tiro o óculos escuro, limpo as bochechas. Quero correr, abraçá-la e dizer que eu não morri, eu não abandonei ela. Mas viro as costas indo na direção contrária, entrou na limusine blindada. Ponho os óculos e engulo o choro.

— Eu odeio você!

Meu pai suspira:
— É o melhor a se fazer. Agora. Você serve melhor morto.

Tinha pelo menos 7 seguranças de elite na cola dela, protegendo e cuidando com suas vidas em jogo. Eles são meus olhos. Fazem tudo que mando. Foram adotados pelo meu pai ainda criança, e obedecem cegamente, como sua única ordem foi me seguir e respeitar minhas ordens, eles fazem.

Mas não é apenas isso. Como crescemos juntos, somos amigos. Temos um vínculo. Uma coisa que eu e nem eles temos com o chefe da casa Kim. Eles seriam meus olhos e ouvidos.

Não abriria mão dela, nunca. Nem morto

( … )

Caroline ainda vem no meu bar. Olho as câmeras de segurança enquanto ela senta em um canto no chão. Bebendo Soju como se fosse água. Falando sozinha. Me inclino, observa de longe é quase uma tortura. O Rei está quase sempre com ela.

“Doy, se você é um fantasma agora. Deve estar me vendo.”

— Você não faz ideia! — Estalo a língua no céu da boca.

“Saiba que você é um idiota. E que não escrevo nem um hot nos meus livros a um tempo. Era mais fácil quando você estava aqui.”

— Não fala isso que eu vou correndo te foder. Porra, como eu odeio essa merda! — Bagunço os cabelos irritado.

“Você não morreu de verdade, não foi? Você prometeu. Pra sempre.”

É tão doloroso escutar sua voz implorando por uma resposta, tão doloroso apenas assistir e não fazer nada. Ela está bem ali, no andar de baixo, só preciso descer e conversar. Explicar. Tenho medo da sua reação, mas não é isso que me mantém longe.

Espero ela dormir para ir ao andar de baixo. Inspiro o seu perfume. Pego ela no colo e levo para o quarto dos fundos que mandei fazer antes de conhecê-lá. Depois junto as garrafas vazias. Estou dando sinais sutis para ela.

Volto para o quarto. Beijo sua bochecha. Sai antes que note minha presença. Foi assim durante um 3 meses inteiros, aparecendo quando ela estava tão bêbada que mal reconhecia as pessoas, observando de longe.

— Me espere mais um pouquinho, vou resolver as coisas.

E eu resolveria. Nem que precisasse por fogo na cidade toda, eu me livraria dessa coleira que deixei meu pai por em mim. Não seria mais fiel, trairia até mesmo ele. Mas ele sabe, por isso preciso ser cauteloso. Não posso botar tudo a perder.

Egoísmo.Onde histórias criam vida. Descubra agora