Jogo montado

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Nathan, percebendo que despertou um sentimento que não tinha a menor intenção de criar, se desconcerta por um segundo, mas logo tenta mostrar confiança para aliviar a situação.

- Não se preocupe, estamos todos seguros aqui. O edifício entrará em confinamento total.

- Isso significa que não vai mais ter aula? - uma voz no fundo da sala ecoa.

- Isso significa que ninguém entra ou sai. E tenho certeza que será seguro prosseguirmos com a nossa aula.

A sala, no mesmo instante, solta decepção em suas vozes como se fosse uma música combinada.

- Engraçadinhos, sei que amam minha aula. E é por isso que passarei uma tarefa. Em dupla, já que temos alunos novos. Pesquisarão sobre quem foi Sag McAllister e qual foi sua importância para a Felmick - Nathan se acomoda sobre a mesa, colocando a mão no queixo - A entrega do trabalho será para hoje, depois do intervalo.

O zumbido da sirene escolar importuno chega aos ouvidos de Thomas, martelando dentro de sua mente, e seus pensamentos se perdem. Ele fecha os olhos com força, apertando seus dentes, pois o som estimula dores de cabeça.

- Você também sentiu? - Thomas sente uma mão agarrar seu ombro esquerdo, mas pelo timbre da voz, tem em mente de quem pertence.

- Sim. É esquisito. Já escutamos isso quando éramos crianças em todas vezes que vínhamos aqui... Quer dizer... invadiamos, e isso nunca, jamais aconteceu com a gente - ele levanta o rosto - Por que agora? Deve ser a punição de escutar música no volume mais alto do fone de ouvido?

- Talvez. Tem certeza? Não fazemos esse tipo de coisa com frequência para causar danos assim - Ellyson comenta - Mas não vamos jogar fora essa conclusão.

- É estranho a classe inteira ter 17 a 18 anos - Marvin se aproxima junto a Hannah -, mas eu sendo o único carregando 21 nas costas.

- Estranho? - Hannah questiona - Marvin, eu tenho 15 numa classe de 18. Isso é estranho.

- Não é, não. Isso é uma prova do seu brilhantismo. Mas eu... Eu tenho a sensação de que sou burro. Parece que atrasei alguma coisa.

Hannah pousa a mão no ombro dele, fazendo-o se perguntar se ela dirá algo reconfortante.

- Já ouvi uma mulher sábia dizer certa vez... - ela solta um suspiro, causando um suspense desnecessário - Aceita que dói menos.

- Você escutou de quem isso? - Marvin franze a testa, incrédulo.

- Alice, de Resident Evil - ela responde, mas ele continua a encará-la com desapontamento. Então, com um sorriso, Hannah forma um coração com as mãos - Desculpa.

- Vou perdoar você dessa vez.

- Sem querer atrapalhar, mas meu estômago consegue pensar somente na cafeteria. Querem ir? - Thomas pergunta e é respondido apenas com um aceno positivo.

Os olhos de Ellyson vasculham o ambiente enquanto avança até a cafeteria. Observa cada detalhe ao seu redor, tentando absorver tudo para jogar em um possível livro, mesmo sabendo que no fim do dia terá esquecido a metade. Nota a cor desbotada das paredes, as marcas de tinta nas portas dos armários, marcas quase impossíveis de ver, e o cheiro característico de desinfetante que impregna o ar.

O som de talheres e pratos misturadas com o burburinho das conversas são escutados na porta da cafeteria.

Thomas inspira fundo, sentindo a energia do local. E a equipe segue em frente, procurando um lugar para se sentarem, visto que a maioria das mesas estão ocupadas. Enquanto percorrem o refeitório com o olhar, notam que algumas pessoas os observam de volta, curiosas. Mas então, finalmente encontram um lugar vago, onde se acomodam.

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