Capítulo 09

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O DIAMANTE

Parece que, quando minha vida vira de cabeça para baixo, sempre tenho um diário para me oferecer uma fuga.

Não sei como ela conseguiu um diário, mas encontro conforto nas palavras raivosas de Molly. Uma jovem que foi roubada de sua vida assim
como eu. E preparada por Francesca, nada menos.

Meu queixo cai quando leio que Francesca vem fazendo isso há pelo menos treze anos. Quantas garotas ela viu serem estupradas, torturadas
e vendidas para pessoas dementes? Quantas ela mesma machucou?

Meu estômago revira e minha garganta engrossa de nojo quando absorvo as palavras de uma garota quebrada. Ela estava cheia de vida em um mundo determinado a tirá-la dela e, a cada anotação, eu me apaixono mais por ela. Eu a sinto em cada traço da caneta, então passo meus dedos trêmulos sobre eles e me moldo às suas linhas retas.

Ela é tudo que eu quero ser.

Quando chego à última página, meu coração se parte e surgem milhões de perguntas. Tão rápido quanto encontrei algum tipo de conforto, agora
estou desolada e vazia mais uma vez.

Lágrimas cobrem as bordas das minhas pálpebras enquanto viro as páginas, frenética e precisando de mais de suas palavras. Mas não encontro nada além de páginas em branco.

Ela já conseguiu sair? Voltou para Layla e a levou embora para uma nova vida? Uma vida melhor?

Fico exausta com todas as perguntas para as quais nunca terei as respostas. Pelo menos, não enquanto estiver presa aqui.

Derrotada, fecho o diário e consigo juntar energia suficiente para rolar para fora da cama e rastejar até a abertura. Lágrimas quentes caem quando coloco o diário de volta em seu esconderijo. E, ao colocar a tábua de madeira de volta, tudo em que tentei não pensar volta para mim.

Quase caindo na pressa de voltar para a cama, eu me enrolo em uma bola, cerrando os punhos, minhas unhas quebradas doendo. Meu corpo
inteiro estremece com as memórias massacrando qualquer aparência de paz que encontrei com Molly. Com tudo o que tenho, agarro-me firmemente aos soluços que rasgam minha garganta na tentativa de escapar.

Não vou deixá-las escapar.

Não deve ter se passado mais de meia hora desde que Francesca saiu do meu quarto e foi acalmar Rocco, que, pelo que parecia, entrou em fúria e começou a destruir a casa. Eu imediatamente arranquei minhas roupas sujas e vesti um novo conjunto, mas isso não fez nada para me acalmar enquanto o caos se seguiu sob o meu quarto. Foi quando me lembrei do diário sob as tábuas do assoalho e encontrei consolo em Molly.

Por uma quantidade indescritível de tempo, encaro a parede. Se meus olhos se desviarem para o chão de madeira empoeirado, tudo o que posso ver é uma imagem minha deitada no chão com Rocco montado sobre mim. Observo a profanação da minha alma, como uma experiência fora do corpo. De pé, sobre as aparições, incapaz de impedir que aconteça.

Desesperadamente, tento desviar meus pensamentos para qualquer outra coisa – Tom ou Daya –, mas o trem descarrila toda vez, me levando
de volta ao quarto da beleza. Eles são apenas fantasmas assombrando os corredores do meu cérebro e sempre que eu os alcanço, apenas
desaparecem.

Aperto meus olhos fechados, a frustração crescendo.

Eu deveria ter ouvido. Sim, isso é o que eu deveria ter feito. Permitir que uma garota fosse mutilada para me salvar.

HUNTING ANGELINNEOnde histórias criam vida. Descubra agora