Capítulo 27

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O DIAMANTE

O som dos saltos de Francesca ricocheteia contra o teto, enviando meu coração para a garganta. Daya olha para cima, incomodada com o som, mas acostumada com as travessuras do Casarão Parsons.

Eu, por outro lado, estou tendo um silencioso ataque cardíaco. Tenho ouvido esses passos agudos desde que cheguei à casa e, embora não sejam realmente os de Francesca, acho que os perversos fantasmas desta casa sabem que assombram meus pesadelos e gostam de trazê-los à vida.

Enrolo minhas mãos em punhos apertados para diminuir o tremor, forçando meu cérebro a encontrar algo para me distrair.

— Talvez eu devesse me tornar freira — anuncio, fazendo com que Daya congele o que estava fazendo. Ela enchia um copo de vinho tinto, o
que parece… estranho. Como se eu não devesse estar aqui tomando vinho quando matei pessoas e escapei do tráfico sexual.

Estamos sentadas na ilha da minha cozinha, e não posso deixar de aproveitar a nostalgia. Fiquei fora por dois meses e meio, mas parecem anos. É estranho, mas também é bom. Estar aqui, com ela novamente, bebendo como se o tempo não tivesse passado.

Daya pisca, desconcertada com minha declaração, e desliza o copo para mim.

— Eu te amo, mas você não duraria nem um dia.

— Grossa — murmuro, tomando um gole do vinho. Eu me encolho, o gosto amargo invadindo minhas papilas gustativas. Gosto do meu vinho doce, mas é o que Daya tinha na geladeira.

— Você quer se tornar freira porque não pode tolerar o toque em geral, ou o toque de um homem?

Observo minha cutícula.

— Homem, o que está sendo muito difícil no treinamento. Ele tem que me tocar e, toda vez que ele me toca, entro em pânico, então oscilar entre
congelar ou ficar irracional.

Depois que Tom e eu concordamos em derrubar a Society juntos, há um mês, senti algo mudar dentro do meu peito. Nasceu um propósito, o que me faz sair da cama todas as manhãs e treinar.

Mas não é uma solução mágica para tudo. Olho para Tom e sinto tudo o que senti depois de ceder a ele. O magnetismo, a conexão e o amor. Ele me deu o espaço de que desesperadamente preciso, mesmo que eu possa ver que isso o está matando por dentro. Enquanto me sinto culpada toda vez que me afasto, também sinto alívio.

Mas agora sinto outras coisas, coisas que sei que não têm nada a ver com ele, mas com sexo. Pensar sobre isso me faz querer vomitar, e há esse medo enraizado em mim de que, toda vez em que Tom me mostra qualquer afeição, acho que vá levar a sexo.

Isso desempenhou um papel tão importante em nosso relacionamento antes de eu ser sequestrada; é difícil treinar meu cérebro para imaginar que vai ser diferente. Tom é um paquerador e, embora tenha feito muitos comentários sexuais, não fez uma única tentativa de me seduzir.

— E, então, eu fico com raiva — continuo, franzindo a testa para o meu Merlot. — Eu explodo com ele e digo coisas horríveis, e ele simplesmente aceita.

— Garota, vai demorar um pouco para você superar o trauma. Você está com TEPT, como qualquer um estaria. Não se apresse.

— Acho que seria mais fácil se eu não estivesse apaixonada por ele — admito, circulando meu dedo ao redor do vidro. Cria um som suave, calmante para a turbulência na minha cabeça. — Ainda sinto atração, sabe? Toda vez que ele me toca, eu quero aproveitar. Mas simplesmente não consigo. E ele nem fez nenhum avanço. Nada sexual, mas é para onde minha cabeça vai imediatamente, e então estou de volta naquela casa com Xavier.

HUNTING ANGELINNEOnde histórias criam vida. Descubra agora