Capítulo 22

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O DIAMANTE

A ponta do meu dedo acerta uma pedra, e eu tropeço para frente, conseguindo me endireitar antes de cair de cara na terra. O frio se instalou profundamente em meus ossos, e todas as sensações em minhas mãos e pés sumiram.

Não sei por quanto tempo já estou correndo, mas contei os vagões pelos quais passei.

Doze. Apenas doze.

Ainda está escuro como breu lá fora, e uma coruja está piando em algum lugar ao longe, facilmente abafada pelo meu nome gritado.

— Diamante!

Ouvi os amigos de Rocco me chamando assim que alcancei o trem, e estou a segundos de me curvar e vomitar, o que os levaria direto para mim. Se não pelo som da minha ânsia de vômito, então pela poça que eu deixaria para trás.

Demorei um pouco para encontrar o trem novamente, tão pouco familiarizada com esses bosques. Só havia passado por eles duas vezes, e
ambas através de um grande labirinto, cheio de armadilhas.

Considerando que não estou pensando claramente no momento, não quis correr o risco de tropeçar em um arame, então dei a volta.

— Diiiiiiamannnnteee! — um homem chama de novo, e eu me engasgo, a adrenalina subindo ainda mais.

Suas vozes ainda estão relativamente distantes, mas não cobri os meus rastros. Não havia tempo para isso. Não faço ideia se eles sabem como segui-los ‒ provavelmente não ‒, mas não importa. Francesca saberá, já que me caçou quando praticamos para o Abate.

Estou no vigésimo vagão quando tropeço novamente e, desta vez, não consigo me segurar. Tombo para a frente, aterrissando desajeitadamente de quatro, agonia surge com o impacto. Minha sacola voa, e outra garrafa de água cai para fora. Abaixando minha cabeça entre os ombros, eu me
concentro para respirar.

Para dentro e para fora. Para dent… porra, não consigo respirar.

Meu rosto entorpecido se contorce, e um soluço sobe pela minha garganta como uma aranha pequenina.

Continue lutando, querida. Continue lutando.

Não sei mais como, Tom. Eu não sei como, porra.

Balanço a cabeça, inspirando bruscamente, trabalhando para me recompor. Outra inspiração, e eu me forço para cima, pedaços de pedra, folhas e gravetos grudados em minhas palmas.

Limpando-os, examino o vagão ao meu lado. Não parece muito diferente dos outros ‒ branco, enferrujado e corroído ‒, mas há uma escada ancorada ao seu lado.

Se eu ficar aqui fora por muito mais tempo, eles me encontrarão, então preciso de um lugar para me esconder e recuperar minhas forças. Ainda estou em estado de choque, e meu corpo começa a se desligar por ele e pela adrenalina.

Limpando a meleca do nariz, recolho meus escassos pertences de novo, coloco-os em um braço, e agarro o metal frio com o outro, e começo a subir.

— A dona aranha subiu pela parede — resmungo, errando um degrau e escorregando novamente. Meu joelho bate no metal, enviando ondas de dor pela minha perna. Assobiando, termino minha escalada e subo em direção ao meio do vagão. Assim que chego à porta da escotilha, giro a alavanca e a abro, as últimas gramas da minha energia, enfim, gastas. — Veio a chuva forte e a derrubou. — Espio dentro do vagão, não vendo nada além de plantas serpenteando pelas fendas. Posso estar entrando no meu túmulo, mas prefiro morrer aqui.

HUNTING ANGELINNEOnde histórias criam vida. Descubra agora