1 - Beth is alive?

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Summer

Em alguns dias será meu aniversario de 16 anos, pelo menos eu acho que é. Quando se passa tanto tempo lutando para sobreviver, outras coisas que antes eram importantes acabam perdendo relevância.

Meu corpo mudou, meus cabelos que costumavam ser escuros como os da Maggie e longos como os da Beth, agora quase alcançam a minha cintura. Acredito que não só meu físico, mas principalmente meu estado psicológico mudou drasticamente. - Não tive opções -

Estou limpando minha arma enquanto escuto atentamente Daryl descrever nossa missão nas últimas 24 horas. Minha irmã Beth precisava de ajuda e foi levada para um hospital em outra cidade. Um "amigo" dela conseguiu escapar com sua ajuda, mas ela não teve a mesma sorte.

Enquanto os adultos discutiam maneiras de trazer minha irmã de volta para casa, os outros se concentravam em fortalecer a segurança do local, arrumando o que restava da área. Dessa vez, estava com o pé torcido e a Maggie, com seu instinto protetor de mãe, não me permitiu arriscar novamente. Estava cansada demais para discutir, mas a Beth é a minha irmã e eu daria a minha vida por ela.

"Se precisar de ajuda para se levantar, estou aqui", a voz atrás de mim, acabo olhando e vendo Carl me encarando com seus olhos azuis intensos, estendendo a mão para mim.

"Pensei que ainda estivesse bravo comigo", brinquei ao segurar sua mão para me levantar.

"Você apontou uma arma para mim, Summer", reclamou Carl.

"Você me ameaçou com uma faca por um pedaço de chocolate, eu só me defendi", respondi ironicamente com um sorriso no lábio.

Carl é meu melhor amigo desde os 11 anos, ele quase morreu por um tiro e meu pai salvou sua vida foi assim que nossa longa amizade teve início. Acredito que a vida que levamos só não é tão insuportável porque tenho ele ao meu lado, Beth costumava dizer que quando ele era mais novo, tinha uma queda por ela.

Não posso negar, Carl não é mais aquele menino chato com quem eu brincava o dia inteiro, lendo quadrinhos e compartilhando uma cela na prisão onde vivíamos.
Atualmente, ele é mais alto e mais forte do que eu, e é inegável que ele é muito atraente, mas ele ainda é APENAS o meu melhor amigo.

Esperamos todos saírem da igreja, fechamos a e trancamos as portas com madeiras. Michonne e Rick pediu que Carl tentasse ensinar o padre Gabriel a se defender.

Carl é geralmente uma cara gentil, mas sua paciência tinha um limite e o padre Gabriel estava prestes a conhecer um lado de Carl sedento por sangue.

"Escolha uma", ele pediu a Gabriel, colocando várias armas na frente do padre.

"Eu não vou me tornar um assassino", respondeu o padre.

"Nós já somos assassinos e também mentirosos", disse Carl, respirando fundo, mostrando sinais de irritação com o padre.

"Você teve sorte de sua igreja ter durado tanto tempo, nos dias de hoje não pode permanecer no mesmo lugar por muito tempo. Quando estiver lá fora, enfrentará problemas dos quais não poderá se defender, então pegue logo a porra da arma e aprenda a lutar."

O padre, ouvindo o que Carl falou, escolheu um facão. Parece que meu amigo vai ser um ótimo professor, se não perder a paciência de vez e meter uma bala no meio da cabeça do padre.

"Boa escolha, mas não está segurando direito, você precisa enterrar, é que às vezes o crânio não é muito mole então..."

"Olha, desculpa", o padre diz, interrompendo Carl e se levantando. "Eu só preciso, não, isso não é para mim', ele diz seguindo até o seu quarto."

"Tava esperando a hora que você iria matar ele ", ironizo e Carl revira os olhos.

"Faz melhor então."

"Você sabe que eu faço", meu sorriso de deboche é inevitável.

"Vou falar com ele", Michonne diz, indo até a porta do quarto do padre."

Tempos depois

Estávamos indo atrás da Beth em Atlanta com o grupo, preparamos nossas coisas e seguimos viagem. Eu estava muito ansiosa para ver minha irmã, assim que chegamos na cidade, ela realmente parecia deserta e sem mortos. Não demorou muito para acharmos a porta do hospital, os adultos desceram primeiro e Carl ficou logo atrás, comigo e com a Judith, sua irmã mais nova.

Conforme nos aproximávamos, de longe, vimos Rick saindo do hospital, seguido por Sasha, Tyreese e Carol. Eu vi Daryl segurando alguém nos braços, mas com tanta gente em meu campo de visão, não consegui ver quem era. Foi só quando Maggie caiu de joelhos que, no mesmo instante, visualizei ela sendo carregada nos braços de Daryl.

Beth estava morta?

Senti algo dentro de mim se apertando mais e mais, até que meus joelhos fraquejaram e caí sobre eles. Um grito de dor escapou pela garganta da minha irmã Maggie, carregado de tanta angústia que se tornou doloroso para quem estava por perto.

Carl me abraça por trás e eu desabo em lágrimas, perdida em um mar de emoções avassaladoras. Não consigo entender o que está acontecendo, apenas me permito ser envolvida pelo calor reconfortante de seus braços, buscando um refúgio contra a tormenta de sentimentos que me assola.

A culpa me consome sem piedade, martelando incessantemente em minha mente por não ter ido atrás dela enquanto ainda havia tempo. A visão do sangue em sua roupa é como uma faca cravada em meu coração, uma lembrança brutal e cruel da fragilidade da vida e das escolhas que não foram feitas.

"tem tanto sangue...", sussurro, minha voz sufocada pela dor e pelo remorso. A incerteza e o medo se misturam, formando um nó apertado em minha garganta, sufocando-me com a angústia do desconhecido.

"Ela vai ficar bem", as palavras de Daryl rompem o silêncio, trazendo consigo um raio de esperança em meio à escuridão. 

"Summer e Maggie, a Beth está viva!" A notícia ecoa como um bálsamo para minha alma dilacerada, renovando minhas forças e alimentando a chama da esperança que havia quase se apagado.

Em um instante de alívio e gratidão, permito-me acreditar na possibilidade de um milagre, na promessa de um reencontro com aqueles que amamos. As lágrimas continuam a fluir, mas agora carregam consigo uma centelha de esperança, iluminando o caminho incerto que se estende diante de nós.


Lost on you - Carl grimes/ TWDOnde histórias criam vida. Descubra agora