2- Rain Feelings

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Summer Greene

Semanas depois.


A Beth estava viva e bem, e a notícia encheu nossos corações de alegria e alívio. A sensação de tê-la de volta, sã e salva, foi como um raio de sol rompendo as nuvens escuras que pairavam sobre nós.

Meu medo de perder qualquer uma das duas, Beth e a Maggie, é tão avassalador que mal consigo suportar a ideia de viver sem elas ao meu lado. A simples ideia de perdê-las é como um abismo profundo que ameaça engolir toda a luz e a esperança que resta em meu ser.

A presença delas é meu refúgio, meu porto seguro em meio à tempestade da vida. Cada momento compartilhado é um tesouro precioso, uma lembrança que guardo com carinho em meu coração.

Com tudo seguindo o curso inevitável do destino, Rick, nosso líder e também pai de Carl, teve uma ideia que nos levaria em direção a Washington, em busca de um refúgio seguro.

Recordo dos dias na prisão, onde vivemos por quase um ano, ansiando pela paz e sensação de "segurança" que um dia tivemos. A falta de Lori, a mãe de Carl, e do meu pai Hershel ecoa em nossos corações como uma ferida que nunca cicatriza.

O nascimento de Judith Irmã mais nova do Carl, permanece nítido em minhas lembranças, um momento de luz em meio à escuridão do mundo em que vivemos. Após aquele dia, Carl nunca mais foi o mesmo, transformando-se de menino a homem em um piscar de olhos.

...

Glenn, meu cunhado e marido de Maggie, estava ao volante, enquanto Beth e eu íamos no banco de trás. Estávamos exaustos, sedentos e famintos. Para nossa surpresa, meu cunhado esqueceu de abastecer o carro, e isso nos obrigou a caminhar um trecho, enquanto parte do grupo saiu para caçar e procurar algo para saciar nossa fome e sede.

Em nossa busca, nos deparamos com uma cena intrigante, vários carros parados no meio da estrada. Revistamos cada veículo em busca de suprimentos, mas encontramos poucas coisas. Por fim, paramos, exaustos, e nos sentamos à sombra projetada por um dos carros.

A sensação de cansaço e desgaste era palpável, mas a esperança de encontrar algo que nos ajudasse a seguir em frente nos impulsionava. Em meio ao silêncio da estrada deserta, nossos pensamentos ecoavam, enquanto aguardávamos por um sinal de esperança em meio ao caos que nos cercava.

Voltamos a ficar em alerta, mas era apenas Daryl retornando com um cachorro ao seu lado.

 "Se a gente preparar direito, a carne de cachorro pode ser uma refeição e tanto."- ele comenta, antes que Sasha utilize sua arma com silenciador para abater o animal.

Refletindo melhor, os cachorros realmente tinham sido útil para alguma coisa. Tínhamos assado suas carnes e agora estávamos comendo sem muita cerimônia, afinal, a sensação de saciedade viria depois.

"Imagino que o Daryl já tenha pensado em fazer um churrasquinho com carne de morto."- comenta Carl, sentando-se ao meu lado.

"O pior é ele e o Glenn comendo como se fosse um filé de primeira." -observo, enquanto mastigo outro pedaço.

"Bom, o coreano e o povo dele já é famoso por comer carne de cachorro."- diz Carl, e ambos começamos a rir, chamando a atenção de todos.

Carol pergunta qual é a graça, e acabo revelando o comentário idiota de Carl, o que faz Daryl dizer: "Garoto, a gente ainda não te assou porque não tivemos a oportunidade." Depois de comer, voltamos a andar, bem mais devagar afinal estávamos tão cansados que muito esfoço só iria piorar a situação de todos ali.

Acho que estou tão exausta e desnutrida que comecei a delirar, com certeza - estava delirando - e é engraçado o fato de ter várias garrafas no chão e um pequeno bilhete escrito 'de um amigo'.

"O que faremos?" - questiona Carl.

"Não podemos beber, não sabemos quem deixou isso aqui." - responde Rick, "mas considerando que já estamos praticamente mortos, eu beberia sem hesitar."

"Se for uma armadilha, já caímos nela."- comenta Meggie.

"Prefiro acreditar que seja realmente um gesto de um amigo."- conclui olhando para Rick.

Lost on you - Carl grimes/ TWDOnde histórias criam vida. Descubra agora