Cap 9 - Crises e crises

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Notas da Autora: Esse é o capítulo mais longo que já escrevi em toda minha vida.

atenção: Se você sofre com crises de ansiedade, recomendo ler esse capítulo com calma, nele acontece vários gatilhos.

•••

Acordei com o coração martelando no peito, uma sensação familiar e ao mesmo tempo aterrorizante de uma crise de ansiedade se aproximando. Ayla, essa sou eu, lutando para respirar enquanto meu corpo tremia sob o peso avassalador do medo. Mesmo assim, forjei uma coragem frágil o suficiente para arrastar-me para fora da cama e enfrentar o dia que prometia ser um desafio.

A rotina mecânica da manhã se desenrolou diante de mim, uma dança frenética de movimentos que tentavam disfarçar a tempestade rugindo dentro de mim. Vestindo uma máscara de normalidade, forcei-me a tomar café da manhã, a escovar os dentes, a escolher uma roupa que escondesse a tempestade interna que ameaçava me devorar.

Caminhando até a faculdade, o mundo ao meu redor parecia distante, como se estivesse envolto em uma névoa espessa. As luzes piscavam em uma sequência hipnótica, o som dos carros e das vozes das pessoas reverberavam em meus ouvidos de forma estridente. Eu me sentia como um estranho em minha própria pele, desconectada da realidade que se desenrolava ao meu redor.

Ao entrar na sala de aula, o zumbido constante de conversas misturado com o som agudo do pincel riscando o quadro era quase insuportável. Minha mente lutava para se concentrar em algo além da cacofonia ao meu redor, mas era como tentar segurar a areia escapando pelos dedos. Minhas mãos começaram a tremer descontroladamente, minhas pernas pareciam feitas de gelatina, e cada batida do meu coração ressoava como um tambor em meus ouvidos.

Tentei me concentrar na voz monótona da professora, tentando em vão acompanhar o que estava sendo ensinado, mas minhas próprias preocupações e medos ecoavam mais alto em minha mente. Minha respiração se tornou mais rápida e superficial, meu peito apertado como se estivesse sendo esmagado por um peso invisível.

E então veio a ligação da minha família, uma simples oferta de jantar que desencadeou uma avalanche de emoções que eu mal conseguia conter. As palavras amargas trocadas em conversas passadas, a sensação de nunca ser boa o suficiente, de nunca estar à altura das expectativas. A pressão de ser perfeita, de dar tudo de mim e ainda assim não receber nada em troca, nada além de críticas e desaprovação.

Aquela ligação foi o gatilho final, o catalisador que transformou minha crise de ansiedade em um turbilhão de desespero. Sentada na sala de aula, senti as lágrimas queimarem atrás dos meus olhos, mas eu me recusei a deixá-las escapar. Eu não podia me permitir desmoronar ali, não na frente de todos os outros. Então, engoli minha angústia e fiz o possível para manter a máscara de normalidade intacta, mesmo que por dentro estivesse desmoronando.

No final da aula, saí da faculdade como um zumbi, me sentindo vazia e exausta. A perspectiva do jantar com minha família era como um peso esmagador sobre meus ombros, uma prova de fogo que eu sabia que não seria capaz de superar. Mas, por enquanto, tudo o que eu podia fazer era continuar respirando, um suspiro de cada vez, e esperar que o dia cruel finalmente chegasse ao fim.

Fechei a porta com um baque surdo, e antes mesmo que pudesse recuar, meu corpo cedeu à pressão acumulada, desabando no chão frio do corredor. Minhas costas encontraram o apoio rígido da porta, e ali, sem forças para me levantar, me entreguei ao choro que borbulhava dentro de mim.

As lágrimas caíam sem controle, um dilúvio de dor e frustração que inundava minha alma. Lembranças do passado surgiam em flashes, como se estivessem sendo projetadas em uma tela diante dos meus olhos. Eu via meus primos e eu brincando, rindo juntos, enquanto os olhares críticos dos meus tios nos comparavam incessantemente.

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⏰ Last updated: Apr 12 ⏰

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