Levantou a cabeça com aquele maldito alarme, que tocava para o intervalo, soava tão alto que parecia vir de sua cabeça, suspirou ao perceber que teria acordado e então tentou juntar forças novamente, levantou a mesma, sonolenta da mesa, deitada em seus próprios braços, pôde olhar em sua volta e tentar analisar o ambiente, estava no fundo de sua sala da nona série, por ter sido uma manhã bem chuvosa, estava sonolenta, o que à fez pegar no sono durante as duas aulas seguidas de literatura que tinha recém-acabado.
Alisson se levanta brevemente, leva consigo uma sacola de pão meio desgastada que levava seu lanche (sanduíche de peito de peru e requeijão e uma pequena garrafa de suco de laranja, ou água do colégio, quando esquecia o suco encima da mesa), corre em direção ao corredor, não corre por pressa ou ansiedade, mas para evitar aqueles olhares, aqueles comentários, aqueles risos.
Ao chegar no corredor, uma quantidade massiva de pessoas, começam a rir, a cada segundo que passava, essa risada ecoava mais, não sabia o que tinha de errado nela para ser motivo de tanta chacota, não sabia nem se tinha algo errado nela, sua mão soava a medida que lágrimas caiam de seu rosto, apesar de ser claro que estão gritando com Alisson, a mesma não consegue destinguir o que é, sua ansiedade não permite que ela escute.
Até que então Alisson vê um ponto de paz em meio ao pandemônio, Mari, melhor amiga desde sua infância, cabelos castanhos e cacheados e soltos, óculos redondos e olhos tão castanhos quanto os cabelos…porém, não estão tão calmos quanto geralmente são, estão com raiva, estão com ódio, expressam o ódio que sua voz não consegue expressar quando ela grita:— ESQUISITA!
— Mari? C-como assim? - fala soluçando entre-choro -
E então pode-se ouvir o que todos os gritos dizem, gritam em união, como um coral de natal, porém invés de dizerem palavras bonitas sobre união e amor, eles dizem:
— ESQUISITA! ESQUISITA! ESQUISITA! ESQUISITA! ESQUISITA! ESQUISITA! ESQUISITA! ESQUISITA! ESQUISITA! ESQUISITA! ESQUISITA! ESQUISITA! ESQUISITA! ESQUISITA! ESQUISITA! ESQUISITA! ESQUISITA! ESQUISITA! ESQUISITA! ESQUISITA! ESQUISITA! ESQUISITA! ESQUISITA! ESQUISITA! ESQUISITA! ESQUISITA! ESQUISITA! ESQUISITA! ESQUISITA! ESQUISITA! ESQUISITA! ESQUISITA! ESQUISITA! ESQUISITA! ESQUISITA!
E então o silêncio reina, reina após um despertador eletrônico, Alisson já abusou desse barulho, afinal ele diz “acordei! Vamos para escola!”, acorda e assim que levanta seu corpo do saco de dormir, a primeira ação dessa manhã é pôr sua mão em seu coração “ainda bate” é o que pensa, mas não consegue entender, tem tido esse pesadelo pelo menos umas 10 vezes nessa última semana, mudanças costumam já serem assustadoras, principalmente drástica dessa maneira, ainda se recorda quando maratonava filmes junto da Mari e reclamava sobre a quantidade exagerada de sangue e nojeira inclusa.
Enrola em torno de 10 minutos para criar forças e assim se levantar e se arrumar, enquanto isso encara o vazio que seu quarto está, considerando apenas um saco de dormir e sua mochila ao lado, deixando todo o resto do quarto, um completo vazio, tão vazio que antes de dormir, gostou de ficar brincando de caverna, falando “eco” e então ouvindo sua própria voz novamente.
Fica em dúvida se tenta fazer uma primeira impressão agradável e fica desconfortável, ou veste uma roupa agradável e desconforta sua volta, decidiu ser egoísta, não via razão para fingir ser algo que não era, se ela é assim, que aceitem que assim seja, não iria voltar atrás.
Veste seu jeans cinza largo, blusa azul claro, coberta por um casaco preto, seu favorito, era como um membro da família e um pedaço de si mesma e claro, o indispensável all star preto e leva sua mochila consigo.
Alisson não sabia ao certo o que sentia, se olhava no espelho esperando achar a resposta, ao pensar em si mesmo sobre o que estava sentindo e era basicamente uma mistura entre:-Ansiedade
-Nervosismo
-Medo
-E fome
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Assassinato no quarto 205
Mystery / ThrillerUma garota introvertida acaba de se mudar para uma cidade distante, durante as tentativas de se adaptar ao novo ambiente, vai percebe que muitas vezes o perigo dorme muito mais próximo do que espera.