Capítulo 3: Territorialismo

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Acorda e repete totalmente a risca sua rotina programada, desde os 10 minutos quase-mentalmente-cronometrados pra poder se levantar, o que passa durante o banho e até sua roupa, que a única coisa visível de diferente é sua blusa, que hoje toma coragem para vestir bege, põe seu casaco preto e então sai de seu quarto.
Percorre o corredor, só para se encontrar com seu pai, novamente sentado naquela poltrona reclinada e levemente defeituosa, estranha não ver ele correndo fazendo um milhão de coisas ou planejamentos, então vai até a cozinha, preparar algo e comenta.

- A programação de hoje é apenas TV, pai? - no balcão, preparando alguns sanduíches de "mesmisse" (peito de peru e requeijão), seu favorito desde que se lembra -

- Que nada, vou terminar de entregar aqueles danados ali - Diz apontando para uma pilha de papeis, numa mesinha pequena ao lado da TV - Entrego currículos desde ontem, com sorte hoje ainda tenho alguma resposta

- Que ótimo, pai, sei que você consegue. - Embalando -

Alisson guarda alguns sanduíches que fez numa sacola de pão, coloca em sua mochila e respectivamente em suas costas e vai até seu pai, dando um tapinha em suas costas e se despedindo.

- Vou indo, tá? Cuidado, volto no mesmo horário que ontem.

- Tá bom, filhona, cuidado na ida e o dobro de cuidado na volta.

Sai do apartamento e desce as escadas, encontra Andrew já esperando o ônibus no ponto, o garoto já fala com Alisson.

- Tem relógio, Alisson? Se sim, que horas são?

- Eerr... Seis e trinta e seis.

- hehe - dando um sorriso vitorioso - está 6 minutos atrasada, senhorita Alisson Walker

- ah cara qualé, não vai bancar o professor agora né, e outra, meu atraso é justificável.

- Espero que seja hein, enfim, como você está?

- Estou bem até, nenhum pesadelo nesta noite!

E então seguiram conversa, Alisson já não se incomoda com o ritmo mais rápido de interação, se conseguiu conter a animação explosiva de Darcy, conseguia conter a calmaria de Andrew, e assim foram, caminho de ida inteiro falando sobre os jogos que iriam jogar mais tarde, entre tantas opções que o garoto tem, Alisson gostaria de Resident evil 3, já o rapaz sugere Sonic the hedgehog, dão risadas ao comparar o contraste entre os jogos.
Ao prolongar da conversa, o ônibus estaciona em frente ao colégio, vários alunos descendo e indo em direção a aquele grandioso prédio, descem do ônibus juntos e algo que Alisson percebe, é que o garoto faz um certo esforço para continuar conversando, não entende o motivo mas é o suficiente para ficar satisfeita, nem toda pergunta deve ser respondida, pensa Alisson.

- Ei, cê acha que fica livre ao decorrer do dia? - pergunta alisson, não querendo depender da Darcy para ter alguém para bater papo -

- Ah, claro! Me encontra no almoço, talvez no refeitório, podemos continuar o papo, ou até jogar uno, ou talvez os dois!

- Claro, você traz uno para a escola?

- Não vai dizer que eu sou um fora da lei por trazer uno para a escola, né?

- Que nada cara, só ia dizer que eu trago meu baralho também, haha.

- Mas não não, e até tenho um, em casa, mas não trago, aqui na escola, tem uma sala com alguns jogos de tabuleiro e afins, alguns até são feitos pelos alunos como trabalho e tal, enfim, marcado, refeitório, almoço?

- Certo, marcado!

Só fez o tempo de combinarem de se encontrar que a sensação de adrenalina toma o corpo de Alisson, uma presença inquietante sai da furtividade de maneira brusca.

Assassinato no quarto 205Onde histórias criam vida. Descubra agora