²⁹⁶² palavras.
Sempre tive curiosidade em conhecer Massachusetts, muito se deve a Supernatural. Muita coisa acontece em Massachusetts, no seriado, portanto quando Dylan me pediu uma sugestão de nosso próximo esconderijo, eu nem pensei e já propus esta cidade. Chegamos três meses atrás na cidade e já conseguimos nos instalar e se acomodar. Desta vez, Dylan achou melhor que nós deveríamos optar por um apartamento simples em um bairro de classe baixa, assim não chamaríamos atenção e, também, caso alguém de classe alta aparecesse no local, saberíamos de que se trataria de um dos Blackwood.
Dylan, conseguiu um emprego em uma conveniência, onde ele entra às 19:00 horas e sai às 05:00, não o mantém perto durante a noite, mas pagam bem. Lucy, estava trabalhando como garçonete em um restaurante chique, mas se demitiu logo que Mary começou a demonstrar dificuldades em melhoras psicológicas. O primeiro mês foi difícil. Mary estava em um estado pós traumático grave, tinha pesadelos e acordava gritando e chorando quase todas as noites, Lucy e eu sempre acordamos e ficávamos com ela até que parasse de chorar e conseguisse dormir. Após algumas semanas, decidimos que deveríamos considerar a terapia, mas mesmo após quase um mês de terapia, Mary não estava melhorando, então a introduzimos em um hospital psiquiátrico. Não tardou mais que duas semanas com ela lá e Lucy perdeu a cabeça, se demitiu e resolveu buscá-la.
Desde então ela é quem vem cuidando ativamente de Mary. Percebi quando as despesas ficaram pesadas para somente o Dylan arcar com tudo, então saí a procura de emprego. Há alguns dias comecei a trabalhar em um teatro de música. Claro que não sou eu a me apresentar e cantar, trabalho na limpeza. Embora que certa vez a diretora do teatro, Katherine Driscoll, tenha escutado uma “palinha” minha, cantando “Mercy on me”, da Christina Aguilera, ela insistiu até que eu aceitasse cantar um trecho de “Time To Say Goodbye”, que seria a próxima apresentação do teatro. Segundo ela, eu tenho uma voz angelical. Katherine, me fez a proposta de um aumento significativo para que eu entrasse para o teatro como artista e interpretasse o papel principal deste mês. Dylan não concordou. Ele me preveniu do risco de um dos Blackwood ficar sabendo da minha estreia, pois haveriam posters com minha cara estampada, espalhados pela cidade. Tive de recusar.
— Bom dia, Matthew! - falando em Katherine. — Como foi seu final de semana?
— Foi bom, Dona Katherine.
— Faça-me o favor, Matthew, me chame só de Katherine. Temos quase a mesma idade, afinal. — ela exibiu seu habitual sorriso branco e colocou a mão em meu ombro, tirando a vassoura das minhas mãos e jogando-a para trás. — Minha proposta ainda está de pé, inclusive. Mal consigo dormir sabendo do grande e talentoso rapaz, escondido atrás de uma vassoura, que tenho neste teatro, que prefere ser faxineiro a ser um artista adorado por todos. E, de bônus, ganhar um salário bem melhor.
— Eu lamento, mas ser alvo dos olhares de centenas de estranhos, não é algo que me deixe confortável. — sorri para ela, que me encarou com uma expressão de “seu tolo”.
— Bem, eu não vou desistir de tentar. A esperança é a última que morre!
Ela se afastou e eu retornei ao meu trabalho, recebendo olhares, nenhum pouco amigáveis, dos cantores e dançarinos do teatro. Nunca pensei que a competitividade entre os artistas fosse tão séria e acirrada! Aparentemente, boa parte deles já me odeiam apenas por saberem da bajulação que recebo da dona do teatro. Como se me desligasse do mundo exterior, coloco meus fones de ouvido e continuo meu trabalho até o horário em que meu expediente acabou e pego um táxi para casa.
Ao entrar em casa, vejo Dylan sair do banheiro, com a toalha envolta em sua cintura e marcas roxas pelo seu corpo (???). Está se arrumando para ir trabalhar. Ele me olha dos pés à cabeça então segue para o quarto, sem dizer uma palavra. Só então rolo meu olhar pela sala e noto a bagunça em que se encontra: o chão um pouco molhado e cacos de vidro por quase toda a extensão da sala, Lucy estava abaixada com um saco de lixo, juntando os cacos com cuidado para não se cortar (detalhe: ela também está com marcas pelo corpo). Mary, sentada na sacada com o olhar perdido no pôr do sol.
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Propriedade de um Sociopata
Misterio / SuspensoBlackwood. Um sobrenome poderoso. Mas o problema não está no sobrenome. Está nos homens que o possuem. Desde que nossos caminhos se cruzaram e esse jogo de gato e rato começaram, nunca mais pude viver em paz. Já provaram que matar não é um problema...