Capítulo 3: O tiro saiu pela culatra!

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¹³⁹³ palavras.

𒈔𒈔𒈔𒈔𒈔𒈔𒈔𒈔

- All right, Mr. Lorenzo, as soon as he is released we will let you know (Tudo bem, Sr. Lorenzo, assim que ele for liberado avisaremos) - ouvi alguém falar ao longe, por conta de estar me recuperando, conscientemente, levei um tempo para entender o que havia sido dito. Foi então que liguei os pontos e recobrei a memória, o que me fez ter a brilhante ideia de não abrir os olhos, pois poderiam constatar que acordei e fazer sabe-se-lá o que. Enfim, esses cretinos falaram uma língua que entendo. Afinal, com quantas línguas eles flertam? - Quanto tempo já se passou?

- Quase uma hora - outro alguém presente no cômodo respondeu.

- Ele deve estar perto de acordar. Repita logo o processo!

Não tardou para sentir o mesmo cheiro insuportável de clorofórmio e em segundos perder minha consciência.

Após aquele episódio, lembro-me de recobrar os sentidos cerca de 8 á 9 vezes, parei de contar na quinta. Toda vez que pensava que o pesadelo iria acabar, não acontecia e, logo, estava apagado.

Neste momento, recuperei a consciência novamente, porém, algo mudou. Ao me recuperar, decidi que sairia dessa tortura, então abri os olhos - meu erro. Aethan, estava sentado em uma poltrona e, ao me ver tentar me mexer, levantou-se e caminhou a passos lentos até estar em minha frente. Meu plano era fugir, mas algo que não havia cogitado; era a possibilidade de, por ter sido continuamente exposto ao clorofórmio, perder levemente o controle sob meus membros superiores e inferiores. Foi dificultoso, enfim, recuperá-los. Mas consegui e, incauto, sentei na cama macia e confortável massageando as têmporas ao sentir uma dor de cabeça agonizante latejar em minha cabeça. O rosto neutro e ainda indecifrável de Aethan, estava mirado em minha direção enquanto o mesmo mantinha sua postura reta e seus braços cruzados, o que marcou seus bíceps muito bem na camisa social de manga longa.

- Onde eu estou? - perguntei assim que recuperei o controle vocal. - Você não tinha o direito de me drogar!

- O clorofórmio não fará mal a você! - foram suas palavras, arrastadas pelo mesmo sotaque estupidamente atraente de quando nos falamos no andar térreo do prédio, do qual já havia esquecido. - O máximo que sentirá serão fadiga, dores de cabeça e algumas leves tonturas. Portanto não se preocupe, está a salvo... disso. Se passaram dias desde que te conheci, 4 dias para ser mais exato.

- Por que estou aqui? - ignorei todo o resto e me pus de pé me apoiando na parede próxima a cama. - Quero ir embora, agora!

De repente, ele se aproximou e colocou suas duas mãos na parede atrás de mim, bloqueando minha passagem, tal com me prendeu entre ele e a parede. Foram incontáveis a sequência de arrepios que me ocorreram, quando me demorei um pouco olhando suas orbes intimidadoras. Olhei para baixo. Talvez por estar completamente focado em encarar meus próprios pés, não notei quando uma de suas mãos tocou levemente a pele sensível do meu pescoço, para logo depois envolver a mesma naquele local. Isso foi o bastante para tornar a encará-lo, um pequeno sorriso se brotava no canto de seus lábios. Ele então se afastou um pouco e, só então, pude reparar que minha respiração estava descompassada e meio alta.

- Está com medo! - afirmou e eu, embora que não estivesse em condições de responder, retorqui:

- Tem como não estar!? - praticamente gritei, era a única maneira de as nuances em minha voz não fossem notadas. - Um maníaco esbarra em mim e então me joga neste quarto, preso na companhia de dois cretinos que estavam a me dopar diretamente por 4 dias, e quer que não esteja com medo?

- Está dramatizando exageradamente!

- Estou mesmo?

- Sim, você está! - ele digita algo em seu celular e volta a me encarar, ainda com suas feições neutras e indecifráveis, o que me deixa desnorteado. - Vá para sua casa, garoto! Tem uma semana inteira para se despedir de seus amigos... e antes que ache que deixei a entender que você tem direito de contestação, isso não é questionável.

- O... que? - o que entendi de suas afirmações foi, de fato, o mesmo que ele disse. Mas preferi acreditar que estava enganado e que isso teria outro significado, não é possível.

- Geralmente, preciso ir longe para achar boas opções para o cardápio, o que, porventura, me fez ficar sem um cardápio e então decidi iniciá-lo com você! - ainda o encarava perplexo e com o rosto, me arrisco a dizer, confusivo e duvidoso. - Significa que virá comigo para Londres, dentro de três dias.

Absurdo! É um absurdo que eu tenha me prestando a me enfiar em um buraco desses. Terminantemente, desisto. Sem esperar qualquer outra sandice vinda de Aethan, comecei a andar em direção a porta de saída desse luxuoso e escabroso apartamento prisional com tendências de torturas estilo século XVIII (18). Um dos brutamontes, o moreno, se postou em minha frente mas, com um gesto de mão, Aethan o ordenou que se retirasse. Pensei em sair sem dar qualquer outra palavra, mas senti-me instigado a dar-lhe um gostinho de minha oposição, embora acredite que não teve muita significância para ele.

- Prefiro morrer atropelado, ao sair por aquela porta, á seguir rumo ao desconhecido com um Americano soberbo e convencido como você! - este foi meu ultimato.

- Você quer apostar que vai? - e este o de Aethan.

Tentando me recompor andei até o elevador, e apertei o botão. Não demorou pois já estava vindo para este andar, no entanto, ao abrir, o irmão de Aethan, Lorenzo, fez que iria sair mas quando me viu, permaneceu lá. Quando entrei ele perguntou se estava indo para o térreo e confirmei, ele apertou e as portas passaram a se fechar. Foi tudo muito rápido, quando as portas se fecharam por completo, Lorenzo me empurrou com força contra a parede e segurou meu pescoço me asfixiando, mas não o suficiente para me privar da respiração. Ele tinha uma feição de irritabilidade e sensualidade em seu rosto.

- Achou mesmo que ninguém iria descobrir? - o encarei apavorado. - Você e as vadias das suas irmãs saem por aí roubando homens ricos e estúpidos, como se fosse um hobby divertido e característico de inocência. Mas adivinhe? Não é! Porém, vocês erraram ao escolherem se meter com alguém como os Blackwood. Escolheu o babaca errado, Matthew Kline! Mas não se preocupe, não irei acabar com o joguinho de vocês, será muito mais divertido quando o Aethan descobrir por si só. Divertido para nós, é claro. Já você? Espere o pior. Aethan, odeia quando o enganam e o fim destes, geralmente é tortuoso. Ainda terei o prazer de ver ao menos uma das suas irmãs gostosas sendo estraçalhada por Alastor, não vejo a hora disso acontecer.

Ele fixou seu olhar frio nos meus, ele parecia ver minha alma e ter total controle sobre ela para fazer o que bem entendesse. Pela primeira vez em muito tempo, me senti vulnerável. Me senti nu, desprovido de qualquer força para lutar ou, sequer, tocar nele. Não estava só fragilizado, estava com medo. Senti uma lágrima descer por meu rosto, e outra ameaçava cair. Voltei a mim, quando senti seu dedo indicador limpar minha lágrima e então o vi levar o mesmo dedo á sua boca e lamber de forma maliciosa.

- Entendo você... deve ser aterrorizante o que está sentindo agora. Como vocês brasileiros falam mesmo? Ah, lembrei: "O risco que corre o pau, corre o machado", deveria estar ciente que hora ou outra alguém poderoso descobriria. Esse alguém sou eu! Aethan não se preocupa tanto com a investigação dos pertencentes dele, essa parte sou eu quem cuido - ele me direcionou até ficar no centro do elevador e pressionou o botão para sair no mesmo andar em que estavamos por passar e então, antes de sair, voltou-se á mim. - Guarde suas lágrimas doces, vai precisar delas daqui algum tempo!

Ele deu a volta em mim e se postou atrás de mim, aproximando-se de meu ouvido e sussurrou "Estou louco para enterrar meu pau aqui..." Senti um tapa extremamente forte desferido no lado direito das minhas nádegas, forte o suficiente para me fazer ter um impulso para a frente. Concluiu com: "mas sou paciente!".

Logo após isso, Lorenzo se retirou do elevador e, antes que as portas fechassem, mandou um beijinho sorrindo maldoso para mim que já me derramava em lágrimas.

Continua...

Propriedade de um SociopataOnde histórias criam vida. Descubra agora