As ruas tão molhadas e frias ganhavam um pouco de felicidade ao ver o teu sorriso.
O asfalto maltratado daquela ruazinha monótona era algo de se apreciar naquele momento. Ele seria sua passagem para a libertação.
As botas de couro produziam um estalo ao tocarem o parapeito daquele terraço. A brisa em eterna calmaria era o suficiente para balançar os fios platinados, tingidos pelo laranja do entardecer.
Um, dois, três.
Três tiros soaram ao longe e a sirene veio em seguida. Os pássaros assustados perambulando pelo campo aberto. Hoje, sem dúvida, é uma bela tarde para morrer.
Nikolai ansiava por ser uma daquelas magníficas aves, mas algo ainda o prendia a está terra amaldiçoada que chamavam de casa.
Não sabia o que era e isso o perturbava dia e noite. Cantarolando em sua mente sua sentença de prisão.
Uma voz soou atrás de si, pensara ser una daquelas vozes que gritava em sua cabeça, mas ao virar seu corpo magro, vira a morte em pessoa.
- Viestes me buscar? - sorriu, encantado.
- Vim.
Nikolai sentiu-se aliviado, mas algo em sua mente lhe dizia que não era confiável. Com nenhuma dificuldade, inclinou-se para trás, prestes a sentir o vento gelado queimar em suas costas, mas isso nunca lhe ocorreu.
As mãos esguias do homem pálido haviam o segurado de maneira gentil e delicada. Seu sorriso se foi quase de imediato.
- Você esperou tanto por isso, não pode esperar mais um pouco? - provocou-o o homem.
- por que eu deveria fazer isso por você?
- Definitivamente não tenho nenhum motivo bom o suficiente para convencê-lo. Mas não deseja fazer algo a mais, para que seja lembrado neste odioso mundo depois que partir.
- Eu não sou do tipo que faz coisas boas de graça.
- Eu não disse que era algo bom.
Gogol voltou a sorrir, e o homem lhe ofereceu a mão. Ajudou-o a subir de volta no terraço.
Gotas de chuva pingavam sobre suas cabeças e a lua impaciente já tomava seu lugar em céu aberto, tentando a todo custo expulsar o sol de seu pedestal.
- Como se chama, destruidor de destinos.
- Como sabe que a morte é seu destino?
- Pois é o destino de todos. É tudo que nos une. E é única.
- Fyodor Dostoievsky.
- Um nome um tanto diferenciado.
- E o pássaro em minha frente, como devo chamar?
- Nikolai Gogol. Ao seu dispôr. - Retirou o chapéu que adornava seus fios brancos e curvou-se diante de Fyodor.
- Você fará o que eu disser, e em troca, seu nome estará cravado neste mundo, enquanto eu mesmo faço questão de lhe tirar a vida.
- Agradeço imensamente, caro Fedya. - Sorriu de olhos fechados.
Fyodor dobrou seu braço e o ofereceu ao platinado, que aceitou sem pestanejar. Um som vibrante de um sino soava ao longe, e Nikolai pulava em seu caminhar, balançando o outro em seu ritmo desajeitado.
A Fyodor, só lhe restava tentar esconder o riso bobo que por algum motivo irritante, queria se apossar de seus lábios a todo momento daquela caminhada.
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Eternal Freedom - Fyolai
FanfictionFyodor está morto, Nikolai o matou. Nikolai foi preso pelo governo, e a única maneira de fugir é pela morte. Gogol passa todos os seus entediantes días e noites em sua cela escura escrevendo cartas e poemas para seu amado, Mas nunca as envia, e muit...