carta para um prisioneiro

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CARO, KOLYA,

peço perdão,
Por enganá-lo tão friamente
Dar-lhe esperanças
Por algo inexistente

Porém, essa tal liberdade
Que tanto desejas
Jamais existiu

Tu sempre foistes meu prisioneiro,
Sempre preso
em tua própria mente
Em tua própria ilusão
Em meu falso coração.

Devo-lhe a verdade,
Uma verdade por um triz
Não posso liberta-te
Nem fazer-te tão feliz

Este palco está quebrado
Piso em tábuas soltas
A todo momento eu caio
Por um solo instável

Me apoio em ti
Meu bobo tão tolo,
Acreditas-te em um tremendo
Mentiroso

Meu corpo está contigo,
Queime-o sem pensar
Aproveite e leve
Minha fria alma consigo
Talvez assim eu possa de novo respirar.

Estou livre,
Dançando sem barreiras
Tu estás preso em minha
antiga coleira

Perdão por não te libertar como prometi
Mas como?
Nem eu mesmo estou livre
Dos meus eternos pecados.

Você é, Sempre foi e sempre será
Meu maior pecado Kolya.
Oh! Perdoe-me outra estúpida vez,
Perdi o honroso direito de charma-lhe assim.

Nikolai, meu pássaro enjaulado
E a qual devo livrar-te
Do mal que tortura-te
Em teus pesadelos constantes

Infelizmente, eu ainda não aprendi a dançar,
Não canto tão lindamente quanto seu
Belo espírito iluminado
Porém sempre toco a doce melodia
Para que seja finalmente livre
algum dia.

Obrigado, por trazer-me a mim a tão sonhada liberdade
Hoje entendo o que você tanto desejava
Lamento não poder trazer-lhe comigo
Pois você sempre a mereceu
mais do que a mim.

Todas as cadeiras estofadas do mais mortal vermelho estão vazias
Vazias como tua alma quebrada
Teu coração despedaçado
Dai-me a tua mão e
Eu te guiarei novamente

Te livrarei de mim mesmo,
Desta gaiola idiota
Como ouso prender-te assim,
Meu caro Kolya?

FYODOR DOSTOYEVISK.



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