CAPÍTULO 51

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Nanda

A ambulância chegou primeiro no hospital e quando a gente chegou lá ele já tava em cirurgia. Pra minha surpresa, meu pai também já estava no hospital junto com o outro advogado quando chegamos.

Ele tentou vim falar comigo, mas eu não conseguia ouvir, eu só estava pensando no Ruan. Fui correndo até a recepção pra saber de algo, mas a moça falou que era pra esperar até os médicos trazerem notícia, mas eu precisava de notícias agora, preciso saber se meu homem está vivo.

Ouvir meu pai dizer que iria falar com o chefe do hospital e vi quando ele entrou no elevador.

Sentei no banco e tomei a água que a Aline trouxe pra mim. Eu precisava respirar, respirar pq eu sei que ele está vivo, eu sei que os médicos vai vim aqui dizer que a cirurgia foi um sucesso e ele tá vivo. O Ruan já passou por isso uma vez, foi difícil mas dessa vez eu ia está aqui com ele, ele vai viver.

Mago estava no celular pra saber se pegaram o atirador mas ninguém conseguiu ainda.

Passaram 30 minutos e meu pai voltou pra onde a gente tava.

Júlio: Oi filha, eu falei com o chefe pra dar prioridade a ele e mandar um médico vim aqui dar notícias. Agora você precisa ficar calma pra tudo dar certo.

Não falei nada, pois bem na hora uma médica veio até perto de nós.

Médica: Familiares de Ruan Leal? 

Nanda: Sim, pelo amor de Deus como ele está, me diz como ele está.

Médica: A gente fez todo possível pra salvá-lo, mas os ferimentos foram muito graves e infelizmente ele veio a falecer, sinto muito.

Sentir os braços do meu pai me segurarem, vi na hora que o Mago e a Ari se abraçaram chorando e a Aline e a tia também. Olhei pro meu pai e ele falou alguma coisa que eu não entendi.

Nanda: Repete pra mim que eu não entendi -falei pra médica -Você acabou de me dizer que o amor da minha vida morreu foi isso mesmo que ouvi?

Médica: Infelizmente sim, eu sinto muito pela sua perda.

Nanda: Não pode ser, eu não posso acreditar nisso. Como assim ele morreu? Então quer dizer que tudo acabou? Não, não, não, não, não, não....

Repetir essa palavra gritando até o ponto da minha cabeça doer, eu só conseguia chorar, só conseguia gritar chamando por ele pra ele voltar pra mim.

Minha vista foi ficando escura, ainda conseguir ver quando meu pai gritou por uma enfermeira e ela me botou numa maca e me levou pra uma sala onde aplicaram algo no meu braço.

Eu tentava falar mas não saía nada. Na minha mente vinha todos os momentos que passamos juntos, no que deveríamos ter vivido juntos. Eu ainda não tô acreditando que isso tá acontecendo, será que é um pesadelo e que vou acordar na cama dele deitada com meu amor do meu lado?

Eu não sei, eu não sei o que pensar, não sei o que fazer, eu só preciso dele aqui comigo... Minha vista se apagou de vez e aos poucos deixei de ouvir.

Mago

Depois que a Nanda passou mal a gente continuou aqui pensando na morte do Bizu. Ele era meu irmão, e eu perdi outro irmão. Primeiro o LP, agora ele.

Quando a gente entrou nessa vida a gente já sabia que um dia ia acabar assim, mas é bem mais foda viver essa parte acontecer.

Não sei como vai ficar a UCV agora, sem o LP, sem a Nanda, sem o Bizu.....

A mãe foi lá resolver os bagulhos de documentação de óbito e coisa do velório. O pai da Nanda, que também é meu tio, veio aqui dizer que a gente não se preocupasse com dinheiro que ele ia pagar tudo e que amanhã mesmo o velório vai acontecer.

A gente passou uma hora aqui até minha mãe resolver tudo, ela disse que foi rápido até e sem burocracia pq o pai da Nanda resolveu tudo por ela.

Mago: Sei que tu é advogado e não colabora com o tipo de vida que a gente tem, mas valeu mesmo por tudo de tu fez pelo Bizu. Ele amava tua filha do jeito que ela é, me diferente de tu.

Júlio: Fiz isso por ela, eu jamais faria algo pra gente desse tipo. Você é meu único sobrinho homem, e me dar vergonha ver quem você virou.

Mago: Não me importo com o que tu acha de mim, só vim agradecer pq sei que o Bizu iria querer isso pela Nanda.

Aline: Ela já acordou tio? -falou quando chegou perto dele -A gente queria ver ela.

Júlio: Sinto muito Aline, mas eu vou levar minha filha pra casa, eu não quero ela nem mais um minuto com vocês. Se eu soubesse que eu tava mandando minha filha pra dentro da casa de pessoas como vocês eu jamais teria deixado ela encostar um dedo lá. E você Lúcia -falou olhando pra nossa mãe -Como você permitiu a Ananda se envolver com um traficante daquele, e ainda permitir que seu próprio filho se envolvesse nessa vida, que decepção.

Minha mãe começou a chorar e a Aline e a Ari abraçaram ela. Fiquei num ódio desse cara, que nem eu considero um tio, só não dei um murro no meio do olho dele pq pra ele me botar na cadeia é dois dedos.

Mago: Olha o jeito que tu fala com minha mãe desgraçado. Tu vive cheio do dinheiro, andando nessa vida que tu diz certa mas a tua filha nunca teve amor perto de tu. Foi perto da gente que ela foi feliz de verdade e conheceu alguém que ela amava, eu só te digo pra cuidar bem dela, pq a Nanda vai sofrer muito com a morte do Bizu e ainda mais ao lado de pessoas como vocês.

Peguei na mão da mãe e fomos pra casa no Uber que a Ari chamou. Chegar no morro e ter dado a notícia que o Bizu morreu foi tão doloroso, lembrou o dia da morte do pai dele.

O velório foi no outro dia logo cedo, saiu quatro ônibus e sete kombis, fora as pessoas que foram de táxi e o pessoal do movimento de moto.

O caixão foi fechado, a gente nem viu ele pela última vez. Todo mundo chorando, todos sentindo a dor da morte dele, o Vidigal nunca mais vai ser o mesmo.

Mas agora só restou eu, e eu vou cuidar bem do lugar que meu irmão tanto amava.

|Penúltimo capítulo|

O Dono e a Dama do VidigalOnde histórias criam vida. Descubra agora