CAPÍTULO 1

418 37 59
                                    

Nanda

Hoje é sábado, dia que seria a viagem.
Olhei pro relógio e são 15:00h da tarde, então pego minha mala e chamo um Uber.

Decidi ir sem permissão. Afinal, já tenho 19 anos e sei que ficando em casa ou não, a discussão vai continuar, então é melhor eu aproveitar. Talvez ninguém nem saiba que eu fui, já que meus pais vão passar o final de semana em uma viagem de trabalho e o Lucas na casa de um amigo. Amanhã mesmo já estou de volta.

Não demorou muito pra eu chegar em Angra. Encontrei o pessoal e esse foi o final de semana mais divertido que eu tive em muito tempo. Não lembrava dessa sensação de está com pessoas da minha idade apenas se divertindo sem pensar em mais nada.

Infelizmente eu já estou indo pra casa, pois meus pais devem chegar de viagem hoje a noite.

O Uber me deixou na porta de casa e entrei bastante animada ainda cheia da adrenalina da viagem.

Miranda: Dessa vez você foi longe demais Ananda, eu não esperava por isso.

Entrei e encontrei os dois sentados no sofá, minha mãe estava chorando e meu pai me olhando com muita raiva.

Júlio: A gente te dar tudo, faz tudo por você e é desse jeito que você nos trata. -Levantou e ficou parado na minha frente -Fugindo de casa e nem pensou no quanto isso nos deixaria preocupados.

Nanda: Preocupados com quem? -Joguei a mala no chão e encarei meu pai -a filha de vocês ou a marionete que será a futura chefe do Escritório Bivar? -dei uma risada irônica e fui até minha mãe -Porque se for com ela, não precisa de preocupação, já que ela não exite e nunca vai existir.

Miranda: Cala essa boca Ananda.

Nanda: Vocês me dão tudo mesmo, menos o mais importante que é amor de verdade e compreensão. - continuei enquanto minha mãe me mandava calar a boca - vocês amam a Ananda que vocês inventaram e construíram, a Ananda que eu sou é outra pessoa totalmente diferente disso.

Miranda: CALA A SUA BOCA ANANDA. -gritou enquanto me deu um tapa na cara.

Não tive outra reação a não ser chorar. A sala ficou um total silêncio, a não ser o barulho do meu choro. Meu pai continuava me olhando com raiva, e minha mãe com desprezo.

Nanda: Me desculpem por não ser a filha perfeita igual ao Lucas que vocês sonharam -Peguei a mala e fui subir pro meu quarto -Mas eu não vou me tornar alguém que eu não quero ser só pra fazer a vontade de vocês.

Júlio: Vai pro seu quarto e arruma as malas, que amanhã a tarde você vai está indo morar com sua tia no Vidigal.

Nanda: Vocês não podem fazer isso,eu não vou.

Miranda: Você vai sim. Já falei com ela e amanhã mesmo você sai daqui. Eu não quero ter que olhar pra sua cara por um bom tempo -ela falou secamente -quem sabe passando um tempo naquele buraco você não aprenda a dar valor a tudo que tem aqui e veja que tudo isso que estamos tentando fazer é pro seu bem.

Por alguns segundos pensei em implorar pra não ir, mas talvez seja realmente bom ficar longe de casa um tempo. Mesmo não tendo aproximação com minha tia Lúcia e nem com os dois filhos dela, qualquer lugar longe daqui é melhor.

Subi pro meu quarto e fiz as malas. Coloquei muitas roupas e quase todas as minhas coisas, não sei quanto tempo vou ficar por lá mas vou fazer de tudo pra ser muito.

Não vou falar nada sobre isso pra Lívia agora, do jeito que ela se preocupa comigo, é capaz de vim agora de Angra pra ficar do meu lado e eu não quero estragar a viagem dela.

(...)

Desci do quarto com minhas malas e fui até a sala onde meus pais estavam sentados. Desde ontem não trocamos uma palavra, e se depender de mim, saio e não falo nada.

Júlio: A Lúcia vai está te esperando no endereço que eu já mandei pro Uber -ele falou sem olhar no meu rosto,e eu fiz o mesmo -vai logo que o carro já está esperando.

Sai de casa sem olhar pra trás e logo entrei no carro. Chorei durante o trajeto porque não tive a oportunidade de falar pessoalmente com a Lívia e o Lucas.

Entramos em uma rua e paramos em frente uma padaria. O Uber falou que não sobe o morro, que o único lugar que ele chega de lá é nessa padaria. E em frente a ela logo avistei minha tia junto com com a filha dela, minha prima Aline.

Desci do carro e senti algo que nunca tinha sentido antes. Uma sensação de que minha vida vai mudar de alguma forma, e eu espero que seja pra melhor.

O Dono e a Dama do VidigalOnde histórias criam vida. Descubra agora