Abri meus olhos e encarando o teto branco do meu quarto constatei que não tem nada melhor no mundo do que dormir. Estou dormindo desde as nove horas da noite e agora são onze da manhã.
As vezes me questiono se esse sono todo é anemia ou depressão, mas de acordo com meu vô só é doente quem vai ao médico, então não tô doente.
Com muita pouca vontade de viver me levanto da cama percebendo minha visão ficando turva e escura graças a minha pressão baixa, já acostumada continuei a andar.
Enquanto caminho pelo quarto, estico os braços e bocejo, tentando despertar completamente. A sensação de cansaço persiste, mas decido seguir com minha rotina diária. Ao abrir as cortinas, a luz do dia invade o ambiente, fazendo-me piscar os olhos algumas vezes para me ajustar. O sol brilhante lá fora contrasta com a letargia que ainda sinto. Decido tomar um banho para ver se consigo me revitalizar. A água quente escorrendo pelo meu corpo parece ajudar a dissipar um pouco da sonolência.
Vou em direção à cozinha com a intenção de tomar um café forte que minha mãe sempre faz, que foi apelidado carinhosamente de levanta defunto.
— Bom dia. — Digo bocejando.
— Já é boa tarde. — Ela fala me mostrando que já se passava do meio dia.
— Não importa, Bom dia. — Uma regra minha é que não importa se acordei as seis da manhã ou às cinco da tarde, será sempre bom dia, pois o dia só acaba quando vou dormir e só começa quando acordo.
Enquanto me movimento pela cozinha percebo minha mãe me olhando, sua expressão meio aborrecida e um pouco decepcionada, já sei bem o que esse olhar significa.
Estou aguardando os resultados dos vestibulares saírem, nesse meio tempo estou completamente perdida, até dois meses atrás minha vida era dedicada somente aos estudos, não sou exatamente o tipo de pessoa sociável então o único local que eu frequentava era a escola, mas me formei e não tenho mais isso. Agora não sei o que faço, não vejo um futuro para mim, não faço ideia nem de onde começar a procurar um emprego, estou virando uma pedra no sapato da minha mãe pois dependo do dinheiro dela para tudo e a pressão da vida adulta já me assombra a um tempo. Isso se tornou uma tortura miserável sem fim.
Nunca foi novidade pra ninguém que possuo um leve queda a depressão, mas é que nos últimos dias se tornou ainda mais evidente que eu não aguento mais o peso da minha mente. Será que existe um dorflex para a angústia?
Eu ia comer algo mas no meio do caminho desisti, optando apenas por um café preto.
— Por que não almoça?
— Tô sem fome.
— Já deu minha hora, vou voltar para o trabalho, se ver que vai chover tira a roupa do varal, tira o frango do congelador e toma cuidado para o gato da vizinha não comer, não esquece de lavar a louça e manda seu irmão limpar aquele quarto imundo dele. Se cuida. — Ela disse pegando sua bolsa e já saindo após beijar minha testa.
— Tchau.
Deixa eu ver se entendi, lavar louça, frango para o gato e varal. Acho que vou conseguir lembrar de tudo até ela voltar.
Subi para o meu quarto apenas para pegar uma coberta e voltei correndo para a sala para assistir série.
Horas depois a porta da sala se abre e vejo meu irmão entrando, só então me dou conta de que estou há horas vendo série e mechendo no celular.
— A mãe mandou você limpar seu quarto.
— Boa tarde para você também raio de sol. — Ele disse jogando a mochila ao lado do sofá quase me acertando. — Estou cansado, me faz uma massagem?
— Olha só, está na hora de você ir para a academia, acredita? — Mudei o assunto.
— Ah, é mesmo. — Ele disse se virando para as escadas.
Meu Deus, eu esqueci de tirar o frango do congelador! Já são seis da tarde, E não vai descongelar a tempo. Agora lascou!
Fui para a cozinha procurando algo para cozinhar e vi a pia cheia de louça, eu só tinha uma tarefa e falhei miseravelmente, como posso ser tão incompetente?
Pego meu celular, conectando-o a caixa de som, e logo em seguida vou lavar a louça, e preparar algo para o jantar, meu irmão sai para a academia e vou pegar as roupas no varal, e para minha sorte não havia chovido, então intercalei entre o jantar e dobrar roupas, mal notei o tempo se passar.
Já estava quase terminando o jantar quando sem querer queimei meu dedo e derramei um pote de água em mim e pela cozinha. Hoje definitivamente não é meu dia.
Retirei minha blusa molhada e em seguida usei ela para secar o chão enquanto resmungava todos os palavrões que me vinha em mente.
Me levantei e fui até o lado de fora deixando a blusa na maquina, voltei para a cozinha cantarolando a música que tocava e fazendo uma dancinha tosca comemorando que pelo menos o jantar estava praticamente pronto e estava uma delícia ( se ignorar o fato de que a única comida de verdade que fiz foi arroz e o restante apenas alimento prontos que foram congelados)
Sabe aquele momento da sua vida que você percebeu que agora já não tem mais como nada dar errado? bom, era assim que eu me sentia.
Agora só preciso lavar a pequena louça que acumulei e tomar um banho para poder jantar, assistir a novela com minha mãe e ir dormir, então amanhã quando eu acordar devo repetir todo o ciclo de novo...
Preciso de novos hobbies urgentemente ou minha mente vai acabar comigo.
Ainda estou cantando e dançando quando termino de lavar louça, seco minhas mãos e canto entrando completamente no espírito da música.
Estou sozinha mesmo, então posso dar meu showzinho.
— O teu olhar paralisou meu coração, tua beleza... — Parei com a cantoria vendo duas figuras paradas me encarando.
CONTINUA...
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Fora De Controle
RomanceAfim de ler um romance água com açúcar (mas nem tanto pra não enjoar), com alguns clichês como onde o protagonista é amigo do irmão da mocinha? Pois se acomode e venha conhecer a história da jovem Kamilla, com uma vida social limitada e poucos amigo...