Já era madrugada e eu estava sem sono, no auge do meu tédio, então, por que não ir a casa da best? Afinal, tem amizades que valem a pena, mas a minha vale o galinheiro todo.
Sai da minha cama quando Bea confirmou que iria me esperar no portão da sua casa, abri meu guarda roupa pegando um moletom que era do meu irmão e logo duas vezes o meu tamanho, permaneci com meu shorts jeans e meia e chinelos.
Com o capuz do moletom cobrindo minha cabeça, desci as escadas com cautela, tentando não fazer barulho e evitar chamar a atenção de qualquer um que pudesse estar acordado a essa hora da noite. Ao chegar à sala, encontrei Rafael e meu irmão, ambos adormecidos em frente à TV ainda ligada, provavelmente vítimas de uma maratona de filmes ou jogos.
Um sorriso escapou enquanto observava-os, tão tranquilos e inconscientes do meu plano de escapada. Contornei-os cuidadosamente, evitando pisar nos controles remotos espalhados pelo chão, e deslizei para fora de casa, fechando a porta com delicadeza atrás de mim. A noite estava fresca, com uma brisa suave soprando pelas ruas desertas.
Não havia ninguém na rua, além de um cachorro caramelo deitado do outro lado da rua. Ok, sem risco de ser assaltada.
Olhei para trás e as luzes de casa permaneciam apagadas, realmente, ninguém notou que sai.
Comecei a andar e único som era o dos meus passos na calçada, o caminho até a casa de bea é tranquilo, se desconsiderar uma esquina específica, que é onde uns caras relativamente perigosos costumam ficar.
Mas de todas as vezes que fui a casa dela era tão tarde que já não havia ninguém lá, no máximo um maconheiro que só queria fumar seu baseado em paz.
Uma moto passou por mim quando peguei meu celular para verificar as horas, porém fiquei tranquila quando percebi que não era dois caras e sim somente uma mulher. Ainda era um pouco cedo, não eram nem três da manhã.
Merda, ainda é bem cedo e eu não ia gostar de ser assaltada ou trombar com ninguém com má intenção. Mas já é tarde pra voltar atrás. Com o cu na mão segui em frente.
À medida que me aproximava mais, as vozes se tornavam mais altas e distintas. E então, eu reconheci duas delas: Sarah e Mariana, minhas conhecidas mais do que desagradáveis que mais uma vez riam feito hienas. Mas o choque veio quando vi os dois caras com elas, que pareciam estar em um estado bem alterado, cheirando mais pó do que...
Minha mente travou por um momento, tentando processar a cena diante de mim. O que diabos estava acontecendo ali? Sarah e Mariana nunca foram do tipo de se envolverem com esse tipo de coisa. Mas ali estavam elas, em uma situação que eu nunca imaginei vê-las.
Bea precisa saber disso.
Não demorou muito e Sarah me viu, por um segundo pensei que ela estaria tão alterada que não fosse me notar, mas aquela piranha me reconhecia até mesmo no meio de uma multidão. Ela olhou para Mariana e indicou com a cabeça em meu lado que também me viu. Enquanto Sarah e Mariana me notavam, um calafrio percorreu minha espinha. Aquela troca de olhares e gestos indicava claramente que elas estavam falando sobre mim.
Merda!
Antes que eu pudesse tomar qualquer decisão, Sarah disse algo para o cara ao seu lado, e vi sua expressão mudar instantaneamente.
Acho que isso não é bom.
Por que estou com a impressão de que estou levemente ferrada?
As duas foram para a frente do bar como se esperassem por mim, quer dizer, com toda a certeza elas estão esperando por mim.
Estou suando frio, meu coração está acelerado, por que eu fui inventar?
Devia ter acatado a ideia da minha mãe de aprender autodefesa.
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Fora De Controle
RomanceAfim de ler um romance água com açúcar (mas nem tanto pra não enjoar), com alguns clichês como onde o protagonista é amigo do irmão da mocinha? Pois se acomode e venha conhecer a história da jovem Kamilla, com uma vida social limitada e poucos amigo...