08 | Scarpin dos sonhos

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Verena adentra a sala com a cara fechada e irritada

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Verena adentra a sala com a cara fechada e irritada. As meninas correm e cada uma pega um balcão separado. Mia e Elisa se entreolham.

Elisa tinha uma expressão amigável e leal. Já Mia, tinha o queixo erguido e o rosto imprevisível.

— Bom Dia, espero que eu não tenha demorado muito. Não foi propositalmente... como vocês se chamam mesmo? hã... — Verena fala em menosprezo e abre a sua pasta de anotações.

— Mia Wilson e Elisa Marino — Mia responde com um sorriso antes que Verena as olhasse outra vez.

Verena lhes lança um olhar firme e força um sorriso que as suas bochechas rosadas se enrugam. Verena anda até o meio do balcão das duas e percebe que os olhos de Mia havia decido até os seus pés.

Mia estava encantada com o Scarpin preto de salto vermelho que Verena usava. Claro que a Deusa tinha uma elegância por ser ela mesma, havia ido a muitos lugares ao decorrer da sua vida e principalmente tinha tido uma educação muito diferente de Mia e Elisa, no entanto, só realçou ainda mais aquele pé de Cinderela. Mia havia o visto em um desfile de uma marca famosa por todos, inclusive por ela. Mia o queria e o desejava, mas sabia que aquele era algo super caro que uma simples garota da noite não poderia possuir.

— Gostou? — Verena pergunta cheia de ganância

Mia pisca os olhos depressa percebendo que seu pensamento havia demorado mais do que deveria. Elisa estava cada vez mais suada, ela não queria mesmo passar uma má impressão no primeiro dia e principalmente não queria que Mia atrapalhasse nada.

— O Scarpin? Achei lindo, muito, muito lindo mesmo — Mia não conseguia esconder sua admiração.

Verena sorriu e ergueu um pé atrás do outro para que as duas continuassem admirando seu scapin.

— Tenho que concordar! Eles são exclusivos e todos já foram comprados. Era o último da minha coleção de Scapin, quase todos exclusivos. Meu marido me deu esse. — Verena fala cheia de si.

— Sr. Copperfield. — Elisa murmura — Tenho todas as revisita do ano passado a qual vocês saíram na capa — Elisa fala mostrando o quanto era fã de Verena e do senhor seu marido.

Mia deixa uma ruga transparecer na sua testa, ela mal conhecia Verena quem dirá esse senhor chamado Sr. Copperfield.

— Vejo alguém com bom gosto, Elisa Marino — Verena responde se vira para olhar em volta.

— Ela sabe o meu nome!!! — Elisa murmura baixo aproveitando que Verena estava de costas.

— Sim, decoro nomes e rostos facilmente, então meninas. Vamos ao que interessa, tenho muito o que fazer e já tomei o tempo de vocês demais. Trouxeram ideias? Tipos de tecido?

— Sim, minha criatividade está a mil desde que você saiu da nossa turma naquele dia. Aposto que vai gostar — Elisa fala tirando seu caderno de desenho da bolsa.

— Sim, tenho desenhos que guardo há anos e espero que goste de algum deles — Mia responde.

Verena puxa um banco alto e senta, cruzando as pernas.

— Tenho uma nova dinâmica.

Mia sente o estômago embrulhando como se algo apertasse o seu estômago com as mãos.

— Peguem os seus rabiscos e coloquem na última bancada junto com as bolsas. Não quero observar o que fizeram no passado, mesmo que a criatividade tenha vindo depois que me conheceram — Verena fita Elisa que transpirava — Quero que desenhem um novo vestido... algo que tenha a marca de vocês. Usem o que estiver apenas nessa sala. Usem a criatividade — Verena olha o relógio de pulso — São 10h23 da manhã, espero o desenho até às 16h da tarde. Estarei na minha sala.

Verena se levanta e anda em direção a sala, mas para antes que tocasse na mesma.

— Deem o seu melhor. Essa semana já haverá eliminação, até logo. E Elisa — Verena chama a atenção de Elisa com um certo nojo em seu rosto — Se deixar um pingo de suor cair na folha de rascunho automaticamente serão eliminadas, as duas. Parece uma porca, porcas não viram estilistas de sucesso é preciso talento e principalmente sangue frio para situações.  — Ela diz já de costas.

Mia trincava os dentes com aquilo que ouviu e não iria deixar a amiga ouvir todos aqueles insultos, mas quando seus olhos encararam Elisa, ela estava gesticulando para que ela não fizesse nada.

Verena sai da sala deixando as duas digerindo tudo que acabaram de ouvir.

— Essa mulher é um monstro, uma mocreia — Elisa fala irritada demais para se acalmar.

— Eu te disse, eu te disse. Quer ir embora? Não precisamos passar por isso, novas oportunidade virão, sempre vêm.

— Não! Claro que não, Mia. Vou mostra que não sou uma porca e que tenho muito talento – ela fita Mia — que temos muito talento, vamos começar o trabalho.

Mia suspira, se ela pudesse esfregaria a cara da Verena em bosta de vaca.

— Tudo bem!

— Vou procurar o banheiro, estou muito suada. — Elisa avisa.

Mia se viu sozinha naquela sala imensa, com os cotovelos sobre a bancada branca ela passava os olhos pelos tecidos expostos, em seguida fitou todos os alfinetes e as cores de cada um deles.

verde

azul

rosa

roxo

vermelho

preto.

— Preto! Não  — Ela muda de ideia — Comum demais

Mia esticou os dedos e estralou cada um deles, escolheu dois de muitos lápis ali dentro de um copo de metal. O primeiro foi para trás da orelha direita e o outro entre os dentes de Mia. Aquilo era mais um ritual a qual a garota de rosto angelical sempre fazia.

— Fendas, renda. Botões?? — Ela pergunta para si mesma.

Mia escuta a porta se abrindo, só não ouve a voz de Elisa dizendo o quanto estava suada, mas presume que era a mesma pela demora de voltar.

— Porra você demorou, vem cá. O que acha de uma fenda na perna? fica sensual até. — Mia fala começando o seu rabisco.

Hércules invade aquela sala a procura de Verena os dois haviam marcado de almoçar juntos, mas quando os seus olhos batem em Mia ele paralisa e ao decorrer da sua fala ele se aproxima malicioso.

Hércules continua os passos em direção a bancada de Mia e toca a sua cintura com gentileza, não queria ser desvendado logo agora.

.....

In( certeza)Onde histórias criam vida. Descubra agora