10 | Os dois lados da moeda.

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Mia estava debruçada sobre a mesa, o sentimento de culpa estava tomando conta de seu total raciocínio e se aquilo tivesse sido um teste para que ela perdesse, ela teria feito exatamente o incorreto.

Leo:  Desculpa te atrapalhar, amor. Só estou ansioso para saber todos os detalhes. Eu te amo.

— Merda.

Elisa adentrou a sala soprando pelos cotovelos, mas pelo menos ela não estava suada.

— Foi mal a demora, eu me perdi pelos corredores, quase não consigo chegar. E aí, como estão os andamentos? — Elisa tocou o ombro de Mia para olhar o rascunho.

Mia apoiou os cotovelos na mesa.

— O que foi? Não conseguiu pensar em nada? Tudo bem, eu tive algumas ideias na minha ida ao banheiro, deixa comigo. Temos pouco tempo agora.

— Obrigada.

Mia estava totalmente fora de si, não conseguia mais pensar em nada e assim ela ficou por alguns minutos em silêncio, enquanto Elisa rabiscava a folha em branco

— O que acha? — Elisa mostra o desenho, deslumbrada. Ela tinha tanto talento quanto Mia.

— Está lindo.

— O que houve? — Elisa murmurou.

Mia inflou os pulmões com total desgosto em sua expressão

— Sabe aquele cara? aquele te falei que apareceu na cafeteria.

— O Deus grego? alto, gostoso, barbudo e marrento? — Elisa repete as descrições de Mia.

— Sim — Mia responde ao cobrir o rosto.

Elisa franziu o cenho. Ela estava achando tudo aquilo esquisito demais. Nunca tinha nem visto esse cara, desconfiava que a amiga estivesse louca. Gostosos em cafeteria só acontecem em filmes de romance e livros clichês

— E o que tem ele? — Elisa pergunta com os braços cruzados

— Ele estava aqui, aqui nessa sala. E a gente ficou.

— Quê?? Ficou? ou ficou, ficou??? — Elisa perguntou boquiaberta

— Ficou, ficou..., mas tá mais pra preliminar…

— Puta merda, mas você parece triste. Ele não era tudo isso, né? estava muito bom pra ser verdade. como ele te encontrou aqui? Isso é estranho.

— Não, ele é tudo de bom, mas eu sou comprometida, Elisa. A errada aqui sou eu. Eu não deveria ter feito o que fiz. Ele deve trabalhar aqui, não sei.

 Elisa passa à mão no queixo

— Aí para — Elisa sacode Mia — tenho cara de padre pra você se confessar? vai ficar com um cara que nem te come? a culpa disso tudo é do próprio Leon

— Você não entende.

— Eu entendo. Acho que sua mãe te deixou cair quando criança — Elisa diz enquanto se movia para escolher os tipos de tecido.

Hércules deixava o prédio da VW soltando fogo pela narinas, além de está super atrasado para o almoço com Verena ele não conseguia entender como apenas uma mulher conseguia levá-lo ao céu e ao inferno em questão de minutos.

— Eduardo, me leve ao restaurante da avenida principal, o mais rápido possível. — Hercules ordena para o seu motorista.

Eduardo acelera o carro ao ouvir o comando exigente.

— Sim, senhor. — Ele diz.

O carro de Hércules era grande e espaçoso, mas raramente ele dirigia o seu possante automático, sempre tinha Eduardo a sua total disposição.

 Eduardo costumava ser discreto em todos os anos em que trabalhou com Hércules.

Hércules descruzou as pernas e tirou seus olhos da tela do celular. Em todas as Mias que ele havia encontrado na rede social, nenhuma era a garota que ele procurava.

— Chegamos Sr.Copperfield — Avisou Eduardo

Hércules arfou pesado ao ver qual seria o restaurante que Verena havia escolhido. Ele odiava aquele lugar, era um lugar péssimo para estacionamento, a comida não era das melhores, o chefe e dono do estabelecimento era um ex namorado de sua esposa.

Sua mente fervia só de imaginar as mãos daquele cara sobre o corpo da sua mulher.

— Odeio esse lugar — Murmurou ao sair do carro com uma cara não tão legal — Fique perto, não irei demorar.

—Só me chamar, senhor.

Hércules abriu um pouco os botões de sua camisa social entrando no lugar. Até o cheiro do lugar fazia o estômago do Deus grego embrulhar. Não demorou para que ele observasse Verena em uma das mesas privilegiadas do lugar.

O ambiente do restaurante era bem agradável, haviam aproveitado bem a luz do sol e era a única coisa que acalmava os seus neurônios.

— Puta que pariu, Verena. Justo esse lugar? — Hércules reclamou ao puxar a cadeira na frente da esposa.

Verena levou a taça de vinho branco com classe até os lábios fitando Hércules e sua cara de pau.

— Esse é o melhor restaurante de Boston, esposo e nem um outro lugar aceitaria marcação em cima da hora — Verena diz entre dentes, ninguém ao redor suspeitaria que estão prestes a entrar em uma discussão. — Você me fez esperar demais.

Hércules não disfarçava a cara de mau humor e foi a mesma expressão que ele fez quando o garçom chegou ao mesa para encher sua taça de vinho.

— Eu não consegui vir antes, sou tão atarefado quanto você, querida esposa.— Ele deixa um sorriso irônico escapar. — O Italianinho já veio até a mesa?

— Claro que sim, querido. Não sou qualquer cliente, esqueceu?

— Que bom que ele não esquece que você é uma cliente de honra, espero que não esqueça quem é o seu marido, querida esposa. Sou capaz de deixá-lo sem dentes na boca.

Verena ri dos ciúmes do marido. Ela sabe que um ataque em público não era bom para nenhum dos dois.

— Sem show. — Ela gesticula para a porta da cozinha e no mesmo segundo o chefe faz um joinha. — Ele sabe do que a gente gosta.

Hércules solta um bafo pelo nariz e bebe todo seu vinho branco.

Esperaram apenas mais alguns minutos e os garçom trouxeram a comida. O chefe nem ao menos apareceu enquanto Hércules permanecia no lugar.

— Vi mais garotas estranhas no prédio e nunca vi você contratar novas naquele setor. — Hércules puxa assunto, ele sabia bem até onde queria chegar.

Os olhos de Verena do prato caminharam rapidamente até Hércules com desconfiança.

— Você nunca quer saber de nada que acontece na VW. Que bicho te mordeu? — Ela segura o garfo perto da boca, imóvel.

— Só quero puxar assunto com a minha esposa. Estamos muito afastados ultimamente, sempre tem muita coisa nos atrapalhando.

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