Capítulo 2

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Sophia Belmonte

Entrando dentro de casa, não espero que ele chegue para ir embora. Sei que ele não aceitaria sair de casa, mas não me importo, eu mesmo irei. Dentro do quarto que um dia foi nosso, pego minhas malas dentro do closet e começo a encher com minhas coisas.

As lágrimas secaram, só restaram odio por ele, odio pois eu não merecia isso. Eu o apoiei tanto quando estava começando cada novo projeto, e simplesmente ele vira as costas para tudo.

Agradeço por não ter tido filhos, pois não seria só eu a sofrer neste momento. Filhos. Era o nosso sonho, falavamos sobre ter no máximo três filhos, até tentamos, mas quando se tem um aborto espontâneo pela quarta vez, traumatiza e vira dor que não cura.

Me culpo amargamente quando sinto lágrimas descendo sob meu rosto. Limpo com raiva e continuo jogando minhas coisas nas malas.

Ouço a voz de Matthew gritar lá debaixo, me apresso colocando as coisas e fechando as malas. A porta é aberta e ele aparece, seu rosto está abatido, está usando camisa agora - tarde demais, babaca - Matthew se aproxima hesitante.

- Sophi...

Eu balanço a cabeça em negação, levanto a mão para para-lo.

- Não chega perto! - rosno.

Ele para engolindo em seco.

- Meu amor...

Eu rio sem humor.

- A quanto tempo, Matthew?

Eu realmente preferia não saber, mas preciso. Preciso saber se estou sendo traida a tanto tempo.

- Sophi..

- Apenas diga!

Ele fica quieta e me olha incerto. Quando fala, sinto meu coração quebrar como caco de vidro.

- Sete meses. - sussurra envergonhado, mas posso ouvi-lo muito bem.

Olho para ele e vejo nossas vidas passando diante dos meus olhos. Uma vida onde eramos felizes de verdade. Nosso amor que começou quando ele me ajudou a carregar todos aqueles papéis onde eu trabalhava. Nos vimos naquela cafeteria que se tornou nosso, pois foi ali onde nos apaixonamos.

Quando ele sentiu medo de começar do zero em uma empresa desconhecida, e eu estive ali com ele, segurando sua mão e dizendo que ia dar tudo certo. E realmente deu tudo certo, hoje ele é um dos homens mais ricos de Seattle.

- Atenda a porcaria do seu celular da próxima vez, porque meu advogado vai entrar em contato com você para falar do divórcio! - pego minhas malas e arrasto para a porta.

Matthew agarra meu pulso e implora com seus olhos de lágrimas , mas pouco me importa.

- Me solte! - rosno. Ele solta.

- Desculpa, eu... Me perdoa, Sophia. Eu sinto muito mesmo. Eu te amo.

Eu rio. Tem que rir pra não chorar mais.

- Você me ama, Matthew? Me ama tanto que estava comendo sua secretária na sua sala? Me ama tanto que nem olhou pra ver se tinham alguém na porta e foi entrando nela!

- Eu sinto..

- Você viu a sala de jantar? pedi a Olga pra preparar tudo o que você mais gosta, vesti essa maldita langerie, passei esse maldito perfume que agora me repulsa. Tudo isso para um marido cujo estava transando com outra mulher! - grito.

- V-vamos conversar com calma, eu a demiti, por favor sophia, não vá embora.

- Você a demitiu depois de transar com ela? caramba, Matthew, voce é mais babaca do que eu pensava. Não temos nada para conversar, a não ser, é claro, sobre o divórcio. Mas isso você vai resolver com o meu advogado.

Sem querer prolongar mais, pego minhas coisas e saio de casa.

Eu não tinha mais para onde ir, então fui para casa da minha melhor amiga, Ana. Quando ela me vê, imagina o que deve ter acontecido, pois não diz nada, apenas me abraça.

- Vamos, entre. - disse me ajudando a pegar minhas coisas.

(...)

Deito na cama enorme macia e choro baixinho. Foram quinze anos, não foram quinze dias.

- Não acredito que o infeliz fez isso depois de tudo o que vocês viveram.

- Eu não entendo como homem pode destruir a familia que tem por uma trepada. - choro.

- Homens são todos iguais, amiga. Mas o que você pensa em fazer?

- Já mandei mensagem para meu advogado, quero o divórcio o mais rápido possivel.

- Não se preocupe querida, estarei aqui com você.

(...) Dia seguinte.

Acordo com o meu celular tocando sem parar.
É meu advogado!

- Milton, bom dia!

- Bom dia, Srta.Brlmonte. Liguei para falar sobre sua mensagem.

- Claro! E então? Quando pode colocar o processo do divórcio em andamento?

- Hoje mesmo! Mas aviso que pode demorar caso seu marido decida não assinar.

- Ele vai assinar, não se preocupe!

Depois de desligar a ligação, não consegui mais dormir. Olhei as notificações e todas eram do meu marido babaca. Ele não parou de mandar mensagens a noite toda.

Sete meses... Sete meses me traindo com a secretária, e eu burra simplesmente não percebi. Como eu não percebi? Sou tão cega assim?

Decido levantar para ajudar Ana arrumar as coisas para o café, mas paro na porta ao ver Mike olhando para mim.

Mike! Ah, meu Deus! Como ele mudou. Está diferente, mais alto, corpulento, cheio de músculos e... uau, gostoso!

Tive uma queda por Mike na infância, ele foi meu primeiro amor adolescente. Mike é irmão da minha melhor amiga, e ele não era tão gato quanto está agora.

- Bom dia. - Sussuro desconcertada.

- Você acordou! Como está se sentindo? - Ana sorriu me abraçando.

Olhei de soslaio para Mike e o vi ainda me olhando curioso. Desviei o olhar e sorri fraco para minha amiga.

- Bem. Oi, Mike.

Ele sorriu.

- Oi Lilo. - sorriu.

Lilo. Era assim que ele me chamava quando eramos pequenos. Eu amava o desenho Lilo & Stith, toda vez que era noite de cinema em casa, eu batia o pé querendo Lilo & Stith.

- Hum, ok. - Ana disse sem graça. Ela sabe que já tive sentimentos por Mike anos atrás, mas parou quando conheci Matthew. - Matthew não parou de ligar...

Revirei os olhos. Claro que ele não ia me deixar em paz, o babaca me trai e ainda quer que eu o perdoe.

- Não atend... - Não termino de falar pois meu celular toca e sei que é Matthew, antes que eu consiga pegar e desligar, Mike atende. Arregalo os olhos, ele enlouqueceu?

- Alo! Não está disponivel no momento... Não, ela está no banho agora.

O que? Ele enlouqueceu de vez. Matthew vai pensar que transei com o primeiro cara para me vingar, mas eu não sou assim.

- Olha, ela não quer falar com voce, ok? então não a incomode mais! - Ele desliga e me entrega o celular.

- O que foi isso? - pergunto incredula.

- De nada, Lilo. - Diz e sai da cozinha.

Olho para Ana, e ela da de ombros.

- Agora ele te deixa em paz. - Minha amiga diz simplesmente.

Inacreditavél.

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