Capítulo 19

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Sophia Olive.

Estou em uma praça sentada esperando. Dois dias atrás tive que optar por ligar para quem eu menos queria, mas ver a minha filha chorando porque acha que o pai dela não a ama, foi uma dor terrível.

Tudo o que eu queria era não ter que fazer isso porque eu sou mãe e pai de Aurora, mas eu sei como é sentir falta de uma pai mesmo tendo o amor da mãe.

- Sophia.

Olho para o lado e vejo minha ex sogra. Ela está a mesma de sempre, mas seus olhos estão brilhando com esperança.

Levanto e fico de frente para Lilian.

- Vamos direto ao ponto. - digo seria.

Ela assente desfazendo o sorriso que estava antes.

- Vocês mandaram aquela mulher anos atrás para fazer o exame de DNA em Aurora. Eu preciso que faça agora e mostre o resultado para seu filho, ele precisa saber que Aurora é dele e assumir as responsabilidades. - digo com relutância.

Eu não queria isso, não quero dividir Aurora com alguém que não se importa. Mas me dói ver minha pequena triste.

- Por que agora? - pergunta confusa.

- Porque ela tem me perguntado onde está o pai dela, e infelizmente não posso dizer a verdade. Que o pai dela jogou na minha cara que eu era uma vagabunda que tentou dar o golpe do baú nele. E me acusou de traição. - digo com raiva contida.

Ela assente lentamente.

- Matthew sente muito... - tenta dizer, eu rio sem humor.

- Não, ele não sente. Mas também não me importo! Eu só quero que ele faça o que é de direito.

- Tudo bem. Eu também quero conhecer a minha neta. - pede quase implorando.

- Apenas quando o resultado do exame sair. E só pra deixar claro, não tenho dúvidas nenhuma de que Aurora é filha de Matthew, mas já que ele se nega a acreditar, faremos o exame. - digo por fim.

Marcamos o dia para que o médico escolhido por Lilian possa recolher as amostras de Aurora e em seguida vou embora.

***

Três dias depois que fizemos o exame, recebo uma ligação de Lilian.

- Sophia, tudo bem?

- Direto ao ponto, Lilian. - digo sem paciência.

- O exame saiu, deu positivo. Aurora é 100% filha de Matthew. - diz sua voz feliz do que o normal.

Como se eu já não soubesse.

- Eu sei. Quando irá mostrar a ele? - pergunto.

- Hoje mesmo. Retorno com notícias. - diz e desligo.

Suspiro cansada com essa situação toda. Aurora não quis ir para a escola no dia dos pais e passou o dia chorando. A criança só tem cinco anos e sente falta de alguém que não fez parte em nenhum momento de sua vida.

Eu que tive que colocar força para colocá-la no mundo. Eu tive que ficar acordada toda noite dando peito a ela enquanto, Aurora não dormia a noite o que me deixava exausta. Não tive apoio do pai dela e agora ela quer ele presente só me faz me sentir mal.

Cuidei da minha filha doente, passei noite em claro preocupada. Mas agora ela quer Matthew como se ele tivesse feito algo por ela em todos os seus cinco anos.

Dói muito ter que vivenciar isso.

Alguém bate na porta me tirando dos meus pensamentos.

- Pode entrar! - digo olhando os papéis que estava lendo antes de Lilian me interromper.

- Com licença. - diz a voz masculina.

Olho para cima pois reconheço a voz e o perfume.

- Oi querida. - sorri de lado.

Ele precisa parar de sorrir assim pra mim pois faz minhas partes femininas pulsar.

- Hm.. Oi?

- Precisamos fazer uma reunião sobre o próximo projeto de marketing. - diz sentando no sofá no canto da minha sala.

Olho para ele confusa.

- E quem é você? - pergunto.

Ele sorri e mostra suas covinhas.

- Perdão! Eu sou Lucas Gonçalves. - diz se levantando e estendendo a mão para mim.

Gonçalves? Arregalo os olhos.

- V-você é o...

- Isso mesmo, sou o irmão da Mônica.

Aperto sua mão me levantando.

- Desculpa, eu não sabia que era você. E não fazia ideia de que estaria aqui.

- Sem problemas. Resolvi voltar para o Brasil e trabalhar aqui mesmo, senti falta do país. . Diz olhando em meus olhos com intensidade.

Ok, tá rolando um clima aqui? Ou só estou no período muito fértil?

- T-tudo bem... - pigarro e volto a me sentar, o mesmo senta na cadeira em frente a mim.

- Então... você tem administrado muito bem a empresa esses anos. Minha irmã me passou o relatório, impressionante como a empresa só cresceu depois que você assumiu a responsabilidade. - diz com admiração.

Coro envergonhada.

- Obrigada. Só tenho feito o meu trabalho. No começo foi bem difícil mas conseguimos chegar a bons resultados durante os anos.

- Que modéstia sua, bons resultados? Foram ótimos resultados. - diz sorrindo. - Estou impressionado.

- Obrigada mesmo. - sorrio feliz com seu elogio.

Meu ego profissional agradece.

- E então? Você voltou para ficar na presidência? Mônica não me avisou nada, então...

Ele nega rapidamente.

- Não, claro que não. Não se preocupe, não vim para isso. Apenas estarei aqui te apoiando a partir de hoje, pode contar comigo sempre que precisar.

Assinto.

- Devemos começar a reunião?

- Claro. O que acha de fazermos isso em um jantar hoje à noite? - pergunta sorrindo.

Ele me pega desprevenida.

- Claro, quem mais vai? - pergunto um pouco nervosa.

- Apenas nós dois. Quero conversar sobre coisas particulares sobre a empresa.

Então isso seria apenas um jantar profissional? Bom, posso fazer isso.

- Ok então. Me diz o local e estarei lá.

- Posso te buscar às 20h? - fala me olhando novamente com intensidade.

- Claro, as 20h. - sorrio fraco.

- Perfeito! Me passa seu endereço e te busco. - sorri levantando.

Depois de lhe dar meu número e meu endereço, ele vai embora mas não antes de piscar para mim. Sinto minhas pernas tremerem.

- Deus me ajude. - sussurro para mim mesma.

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