Não consegui dormir a noite toda, pensando em tudo o que aconteceu, Minato, Kushina, Kakashi...
Por Deus, Kakashi. Pelo o que você passou? Aguentou tudo isso sozinho?
Permaneci encarando a pulseira em meu braço, um presente de Kakashi em um dos meus aniversários. Tive sorte que Kakashi estava acabado o suficiente para não notar.
E retirei-a colocando dentro da gaveta, consciente de que ficaria ali por muito tempo.
Kakashi me encarava do outro lado da rua, na varanda de sua casa. E eu fazia o mesmo, na sacada da minha.
Meu coração está tão apertado que sinto como se fosse morrer, achei que ficaria feliz no momento que o encontrasse, mas nossa energia é outra. A angústia domina, seu olhar frio e triste é devastador.
Por que não vai dormir? Você estava acabado quando chegou... como ainda não consegue?
Preciso ocupar minha mente...
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Resolvi ir ao mercado pela tarde, como um recém refugiado que acaba de se reestabelecer em um novo lugar. Eu precisava fingir, pelo menos tentar.
Peguei algumas coisas e coloquei dentro do cesto, virei o corredor e vi uma mulher de vestido branco e cabelos negros olhando algumas coisas na prateleira.
Mas quando ela puxou uma lata, a outra caiu no chão e rolou até meus pés, então ela me olhou.
O ar sumiu de meus pulmões tão rápido quanto ela ajuntando a lata.
Kurenai.
— Me desculpe por isso... — sorriu gentilmente.
Mas eu me mantive parada, estática.
Kurenai mudou muito... todos mudaram muito.
Ela olhou a bandana em meu braço e seu olhar mudou, um olhar de pena, eu diria de compaixão. Não precisei dizer nada e nem tentei, segui pelo corredor e fui direto ao caixa.
Paguei as coisas e saí do mercado, não entendi como e nem me questionei, mas Kurenai estava ali, me olhando.
O jutsu de aparência muda tudo em mim. Cabelos loiros e olhos azuis, muda o nariz e os lábios, literalmente outra pessoa, a não ser pela voz. E algo me diz que ela vai ser mais esperta do que qualquer outra pessoa.
— Ei... como é seu nome?
Olho-a de relance e suspiro.
— Naomi.
— Naomi... — sorri — seja bem-vinda à Konoha... sinto muito pelo que passou na vila da estrela... espero que tenha sido bem acolhida aqui. Meu nome é Kurenai.
— Obrigada... — desvio o olhar para meus pés, me sinto uma tremenda traidora enganando à todos assim. Chega ser injusto.
— Quem é seu monitor?
Semicerro os olhos, encarando-a. Monitor?
— Que?
— Os monitores são os ninjas que irão apoiá-los nesse recomeço... geralmente moram perto. Você já conheceu o seu?
Merda. Que merda. Kakashi deve ser meu monitor, se for assim, manter esse disfarce se tornará ainda mais difícil.
— Ah... — desvio o olhar — acho que é Kakashi Hatake.
Kurenai suspira, meio desanimada, apenas resmunga algo.
— Ele não é bom monitor? — questiono.
— Ele é sim... ele só é... uma pessoa complicada.
