Permanecemos na sala do hokage depois que Rin saiu, Kurenai me olhava, com o mesmo olhar de reprovação que eu tinha.
— Conversamos sobre isso amanhã, agora está tarde.
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Me revirei na cama, impaciente.
Sei que deveria ir vê-la só pela manhã, mas eu não conseguiria dormir e talvez ela também não.Suspirei, cansado.
Afastei os cobertores e decidi tomar outro caminho.Pensei em tudo que deveria dizer ou nem sei. Não sabia o que esperar, o que sentir, o que pensar.
Respirei fundo quando dei algumas batidas na porta e quando ela abriu, travei e esqueci tudo que tinha que dizer.
— Rin...
Meu coração parece querer saltar fora do peito, olho-a ainda incrédulo. Os mesmos olhos castanhos que não via há anos... o cabelo que está incrivelmente enorme e a sua característica gritante: as marcas roxas nas bochechas.
— Você vai partir pela manhã?
Ela concorda com a cabeça, sem olhar em meus olhos, não é justo que tenha que ir embora outra vez. Não consigo olhá-la e não morrer de angústia.
— Entra... está frio... — pede.
Dou um passo a frente e encosto a porta em minhas costas, vejo-a dobrando as roupas e colocando-as dentro da bolsa enorme.
— Você quer ajuda? — pego um de seus casacos, dobro e entrego em suas mãos.
Ela segura a peça por alguns minutos, olhando-a com lentidão, depois coloca dentro da bolsa.
Seus ombros tremem e alguns soluços escapam entre seus lábios.Se vira para mim e me olha, como ainda não fez desde ontem, como ainda não teve coragem. Meu coração se aperta com suas lágrimas, com seu rosto, com estar me acostumando com a ideia de que ela está aqui, viva.
— Fica... — peço, minha voz quase nem sai — damos um jeito...
— O que mais eu posso estragar na sua vida? — soluça — sua fidelidade com a vila?
A pergunta me pega desprevenido e eu realmente não esperava por aquilo, estragar a minha vida?
— Rin...
— Meu coração pode aguentar um chidori, Kakashi. Mas não aguenta ver você assim, eu não aguento vê-lo sofrer... não tenho dormido, não tenho feito nada desde que Naomi lhe ouviu contar sobre seu sofrimento... não consigo seguir como se eu não fosse a culpada dos seus traumas, como se eu não tivesse sido egoísta aquela noite.
— Rin — tento outra vez.
— Por Deus eu te vi lavar as mãos — soluça, extremamente triste — eu te vi suplicar para que o meu sangue saísse, eu me senti um monstro...
— Rin — segurei seu rosto com as duas mãos, próximo ao meu. Olhei em seus olhos, respiramos fundo, juntos — te perder estragou a minha vida. Sua ausência me matou, não o sacrifício que fez.
Ela fechou os olhos, enxuguei suas lágrimas.
— Acordar todos os dias e ver que você não estava ali, como Obito não estava, como meu pai não estava. Viver em um mundo que você não existia mais... isso me matou, isso me destruiu pra cacete.
Engoli toda a mágoa, o peso da culpa desceu de meus ombros, se esvaiu aos poucos e estava leve feito uma pena. Ela estava ali, completamente ela.
— Ver você nas pequenas coisas... mais doloroso que isso: nada era você, Rin, nem ninguém. E eu queria você, eu só precisava de você.