Kakashi
Não sei dizer o quanto tenho me sentido mal. Nem há quanto tempo estou parado sentado no sofá da casa de uma mulher que eu achei que conhecia.
Que eu achei que estava se tornando alguém especial.
Questionei o nível que cheguei, como pude confiar em alguém tão rápido? Como pude dizer abertamente sobre tudo o que me doía, sobre as coisas do meu passado?
A alguém que sequer sei o verdadeiro nome.
Mas ela pagará por tudo que fez.Observo todo o ambiente da sala, e me deparo com alguns papéis escondidos.
Os alcanço e corro os olhos em cada página, papéis com informações confidenciais de Konoha.Que inferno.
Uma parte de mim realmente desejava que houvesse alguma explicação.
E quase nem me reconheço por tentar ver um "lado bom" em uma traidora.Começo a procurar por toda a casa, todos os documentos e registros que foram roubados, preciso garantir que isso volte ao seu devido lugar.
A porta da cozinha se escancara e estou preparado para encará-la, mas me dou conta que é apenas Kurenai.
- Cadê ela? - questiona, ofegante, como se tivesse corrido até aqui.
- Presa, eu acho - dou de ombros.
- Você deixou eles levarem ela? - sua expressão se transforma em desespero - como fez isso!?
- Você queria que eu fizesse o que? Kurenai - cerro os dentes - ela é uma traidora.
- Traídora?! Você realmente está morto, Kakashi - aponta para mim - muito morto. O que Obito e Minato diriam? O que seu pai diria?
Não acredito que estou ouvindo isso.
- Obito e Minato - dou uma risada - além de traidora é mentirosa. Nós fizemos dela uma de nós e o que ela fez? Nos traiu, roubou e ainda se diz ser a Rin!- Por que ela é a Rin - abre os braços.
Sinto o coração querer sair pela garganta e respiro um ar de ódio.
- Caiu nessa também Kurenai! A Rin morreu! - sinto como se o coração fosse parar de bater - eu vi ela morrer, eu senti ela morrer! Ninguém nunca será a Rin, ela se foi!
Ela se cala e balança a cabeça em sinal de negação, mais que isso, me olhando com desprezo.
- Não posso perder tempo com você.
Bate a porta da sala e novamente fico sozinho, vazio, perdido.
Suspiro e subo até o quarto, abro as portas do guarda-roupa, encontro mais papéis.
Abro a gaveta e paro.
Paro o que estou fazendo.
Paro de respirar.
E quase paro de viver.Vejo uma pulseira ali, algo que é familiar para mim, algo que tocou o fundo da minha alma.
Tento me recordar daquela pulseira, um sentimento nostalgico vai tomando conta, é uma memória rasa de muitos anos atrás.