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Que saudade de ouvir a risada do meu irmão! De conversar com ele, de brigar com ele! Dos conselhos, da implicância, das brincadeiras! Só queria voltar no tempo, abraçar aquele filho da puta e não soltar mais

Já tinha feito uma semana da morte do Hugo, mas o sentimento de saudade ainda permanece entre nós, e acho que nunca vai passar. Emilly estava acabada, não saía do quarto nem pra alimentar o próprio filho, eu sei que estava sendo muito difícil pra ela

O morro estava todo parado, sem baile, sem crianças jogando bola, sem futebol, sem o fut de toda quarta no campinho com os crias, faltou o fiel aqui com nós... 

Sentei na calçada e acendi um baseado olhando a julia passar cabisbaixa com uma sacola de doce

4k: EAE JULIA - gritei ela  - cola aqui - veio pra perto de mim

Julia: eai Andre - chegou

4k: senta ai- toquei no chão 

Ficamos calados olhando as pessoas descendo e subindo o morro, tinha uma galera que até chegava pra cumprimentar, desejar coisas boas e tudo mais. Mas a parada não era mais a mesma, faltava o meu cria nervoso

Julia: eu sinto tanta saudades dele - me olhou com os olhos cheio de lagrimas 

4k: eu sei, branquela - coloquei o braço em volta do pescoço dela - ele tá no nosso coração, fechô - tirei o cabelo do olho dela 

Trocamos um papo maneiro pra distrair a mente um pouco, terminei de fumar o beck e joguei fora. Levei a julia até em casa e aproveitei pra ver a minha nega, entrei vendo a dona maria brincando com o kaique que permanecia serio, deixei escapar uma leve risada fazendo ela me encarar com raiva 

Beijei a testa do meu afilhado e subi pro quarto da emilly, bati na porta esperando ela abrir, como sempre não me respondeu 

Entrei de uma vez, emilly estava deitada na cama toda coberta, o quarto todo escuro, e desarrumado

4k: oh meu bem - deitei do lado dela - olha pra mim, vai 

Emilly: para - se saiu - já falei pra não entrar no quarto, saco - gritou 

4k: poxa cara, só quero te ajudar - falei - olha a tua situação, não é maneiro eu ver isso todos os dias, me deixa malzão, sem neurose - falei 

Emilly: não quero ajuda, ok? - tirou o edredom do rosto - só me da um tempo - se sentou na cama 

4k: fala comigo, tô aqui pra tu - beijei a testa dela - bora, sai desse muquifo, por favor princesa - levantei 

Emilly: eu quero um tempo, aceite isso, já já eu vou voltar como era antes, beleza? - respondeu voltando a deitar 

Saí deixando a emilly sozinha novamente, não sabia mais o que fazer, geral já tinha ido tentar conversar com ela, tentar amenizar a dor, mas estava foda. Me joguei no sofá da sala olhando o meu gordinho dormir, neném mais lindo da vida 

Aumentei o sofá cama e deitei abraçando ele, sentindo o cheirinho de bebê que só aquela criança tinha. Acabei pegando no sono...


No morro do alemãoOnde histórias criam vida. Descubra agora