March, 01st 2024

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Eu me sinto só. Ninguém para conversar. Ninguém que realmente fale a mesma língua que eu.

Me recinto pelo Rafa não se esforçar de verdade em se interessar pelas mesmas coisas que eu, embora eu me esforce. Parece que ele faz tudo por obrigação, não há espontaneidade nele. Não sei mais se ele me ama. Isso não me surpreende, já que eu magoei muito seu coração, e talvez continue magoando. Ele não é do tipo que demonstra sentimentos. Ele é gelado. Frio. Indiferente. Isso acaba comigo. Acho que somos incompatíveis.

Não acho que exista muitas pessoas compatíveis comigo, minha sina é ficar sozinha.

Eu estou com aquela dor familiar. Aquela dor que estilhaça meu peito. Aquela que faz você querer ficar para sempre na cama.

"Você tem que ser forte" digo sempre a mim mesma, mas eu sei que não sou. Se eu fosse forte não estaria dependendo do Rafa atualmente. Não estaria tolerando a infelicidade como moeda de troca para sobreviver, afinal, para onde eu iria se resolvesse partir? Quem eu teria ao meu lado? Nem minha própria família pode se importar comigo, pois todos eles já possuem problemas demais.

Estou tentando mudar minha vida, será um longo caminho. O desespero nunca me ajudou, então ainda vou continuar tentando mudar minha vida, enquanto eu tiver tempo para mudá-la.

Essa tosse, essa tosse, essa tosse. Ela já está aqui há mais de 5 meses e eu nunca fui procurar saber o que era. Eu não quero ir ver médicos. Odeio médicos, são tão arrogantes, não conheci nenhum até agora que me atendesse com empatia e sem aquele olhar de superioridade. Sei que o conhecimento contribui para uma pessoa se achar superior a outra, mas ainda assim, quando vou a um médico é do meu corpo que estamos falando, e muitas vezes eles tratam apenas como um objeto qualquer. Então não vou até que eu seja compelida a ir.

Às vezes tenho a sensação que me resta pouco tempo e que nunca vou conseguir ver nada além dessa merda que eu vivo. Não vou ver nenhum país além do meu, não vou ter nenhuma amizade verdadeira, não vou ter nenhum amor que me faça frio na barriga e que me ame de volta. Não vou escrever nenhum livro. Não vou ter saúde mental. A merda de vida que levo é a única coisa que vou ter. Uma vida oca, solitária e monótona.

Não posso assistir um filme que gosto no cinema porque não tenho dinheiro. Não posso comer uma comida diferente e gostosa, porque não tenho dinheiro. Não posso viajar, porque não tenho dinheiro. Não posso comprar roupas novas, porque não tenho dinheiro. Não posso contratar um professor, porque não tenho dinheiro. Não posso fazer um curso, porque não tenho dinheiro. Não posso pagar um psicólogo, porque não tenho dinheiro. Não posso me consultar com um psiquiatra decente porque não tenho dinheiro (e porque o último me assediou). Não posso fazer nada, porque não tenho dinheiro. Será que posso morrer? Ou também não posso porque não tenho dinheiro?

A vida é cruel. É cruel. O que alguns têm de sobra, você tem como tudo. Às vezes, não tem nem mesmo nada.

Hoje estou aqui apenas reclamando. Destilando o veneno dentro do meu peito e o cuspindo em forma de palavras.

Alguém se importa?

Não.

A Trágica Verdade Sobre ElaOnde histórias criam vida. Descubra agora