Capítulo 10 - Drunkenness

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Os dias que se seguiram à reunião com a Firewalk Records foram um inferno. Nós não ensaiamos nem tínhamos qualquer show marcado, então fiquei em casa me afundando na minha própria ansiedade. Pensei muito o tempo todo que fiquei trancada no meu quarto. Pensei sobre a possibilidade de você dizer para alguém da banda o que tinha acontecido e isso me assustava. Por uma estranha razão, me preocupava com a possibilidade do resto da banda achar que me envolver com você dessa forma fosse ser um problema e eu seria expulsa da banda por ameaçar a harmonia que vocês tinham antes de eu chegar.

Mesmo dando o meu melhor para manter a calma, minha mãe percebeu minha mudança. Eu sabia que eu não tinha sido a pessoa mais convincente quando ela me perguntou o que tinha acontecido em Pathum Wan, esperando que contasse a ela o motivo da minha tristeza.

- Como foi lá? - Foi muito mais fácil para a minha mãe assimilar que eu não queria ser uma profissional de qualquer coisa que fosse, diferente do meu pai, que, assim que descobriu, não hesitou em me recriminar pelas minhas decisões. Ainda me lembro dos seus gritos e acusações durante o jantar, até mesmo da expressão de espanto que apareceu no seu rosto quando eu disse que iria me mudar para a Tailândia para morar com a minha mãe.

- Foi bom. - Eu respondi apenas, sem levantar o olhar do prato. E se já estava óbvio, aquela resposta evasiva deixou claro para a minha mãe que alguma coisa estava errada.

As chances que a gente tinha de sermos selecionados eram altas e a realidade era que a reunião tinha sido maravilhosa e tínhamos praticamente assegurado um contrato, entretanto, minha cabeça estava muito ocupada pensando no que tinha acontecido com Sam para ficar empolgada com isso.

- Eles ofereceram um contrato? - Eu assenti. - Então por que você está assim?

Minha mãe estava acostumada a ver o meu jeito mais infantil. Eu sei que ela esperava que eu voltasse para casa gritando e pulando, animada, enquanto contava para ela que tudo tinha sido ótimo e que os produtores tinham mencionado que viam na banda um grande potencial, mas tudo o que eu fiz quando voltei foi ficar deprimida dentro das quatro paredes do meu quarto. Fazia sentido ela estar preocupada comigo.

- Assim como? - Me fiz de desentendida.

- Você está triste.

- Eu só estou nervosa. - Encolhi os ombros, negando o que ela tinha dito.

Eu não costumava mentir para a minha mãe. Ela sempre foi uma das pessoas que eu podia ser completamente honesta sem sentir que seria julgada por isso. O nível de confiança que tínhamos era tão alto que, até hoje, eu ainda conto para ela tudo que acontece na minha vida. Esse era o motivo pelo qual eu odiava mentir, mas por mais que não gostasse de esconder a verdade dela, eu estava com medo da reação que ela poderia ter se eu confessasse quE gostava de uma mulher.

- Meu amor, tudo vai dar certo, você vai ver. - Ela disse, acariciando meu cabelo gentilmente e eu pressionei meus lábios para mostrar um pequeno sorriso.

- Eu realmente espero, mãe.

E eu não me referia apenas ao contrato; a esperança era para outras coisas também.

Os ensaios voltaram alguns dias depois. Voltar para o estúdio depois de vários dias parecia estranho, e apesar de sempre ser a primeira a chegar, eu fiz questão de chegar atrasada naquele dia, porque não queria correr o risco de ficar sozinha com ela. Assim que entrei pela porta, Sam me chamou atenção pelo atraso, mas depois de alguns minutos finalmente começamos a ensaiar. Imergir totalmente na música foi bom para mim, porque consegui me desconectar do mundo real pelo menos por algumas horas.

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