Ocasionalmente, quando acordo, descubro que estou chorando. Não consigo lembrar do que eu estava sonhando, mas o sentimento de que perdi algo permanece por muito tempo depois de acordar. É um sentimento estranho que me faz querer chorar o tempo inteiro.
Quando as lágrimas finalmente escapam dos meus olhos, eu sei que sonhei com você. Então tudo o que eu quero é destroçar meu coração para não sentir, porque sempre foi doloroso querer ter você e não ser capaz.
É que relembrar o passado acaba comigo, Sam. Eu não consigo suportar o pensamento de ter que aceitar que te perdi; é injusto e uma merda. Eu não sabia que me sentiria vazia na sua ausência e tenho certeza que mesmo se soubesse, teria feito tudo igual.
Porque é de partir o coração ter que viver sem você, mas só de lembrar aquela primeira noite quando você disse que me amava me faz sentir que tudo valeu a pena.
- A cama do meu quarto não é tão grande assim. - ela disse - vamos ter que comprar uma nova.
Queria perguntar de onde estava vindo aquele comentário aleatório, Sam queria que eu dormisse na sua casa mais vezes? Era algo que fazíamos com frequência, mesmo assim ela nunca tinha mencionado alguma coisa sobre o tamanho da cama até aquele momento.
Eu estava tentada a dizer que era o tipo de decisão que se fazia quando duas pessoas iam morar juntas, contudo, na época eu estava tão feliz com essa possibilidade, que não fui capaz de dizer nada.
Depois da lua de mel que as últimas semanas de turnê representaram, era hora de finalmente voltar para casa. Estávamos no ônibus, deitadas no seu beliche, ainda era cedo e uma manhã relativamente quente. Me lembro de correr meus dedos em todo tipo de carícia sem propósito do seu pulso ao antebraço, tão confortável com a sensação da sua pele contra a minha.
- Podemos comprar uma nova cama, mas ainda vamos dormir agarradas de noite. Não vamos tirar vantagem do espaço extra. - Ela não me contradisse, ao invés disso, riu porque ela sabia que minhas palavras eram a mais pura verdade.
- É inevitável. - ela disse com um sorriso no rosto e se inclinou para deixar um beijo na minha testa. - Eu gosto de dormir agarrada com você.
Meu coração começou a bater feito louco; assim como na primeira vez e na última.
- Eu também. - Sussurrei contra o seu peito, aumentando meu aperto na sua cintura e colando ainda mais os nossos corpos, como se fosse possível.
Verdade seja dita, eu estava um pouco sobrecarregada por voltar a Bangkok depois de passar tanto tempo longe, porque de certa forma era como se nada tivesse mudado. Tudo estava a mesma coisa, exceto por nós, que não sabíamos como íamos adaptar o nosso novo estilo de vida agora que estávamos de volta à cidade em que surgimos como Diversity.
E apesar da nossa primeira turnê nos Estados Unidos ter sido excitante e trazido muitos momentos maravilhosos que pude compartilhar com Sam, eu queria voltar para Bangkok para ver meus pais. Estava com muita saudades deles e precisava desesperadamente vê-los de novo; sentar com meu padrasto e perguntar a ele como estava o trabalho, abraçar a minha mãe e ver como ela reagiria ao meu novo corte de cabelo. Sam, enquanto isso, precisava voltar para a cidade para ligar para suas irmãs e contar a elas sobre a turnê, como prometido.
E no topo disso tudo, eu estava pensando na ideia de dizer aos meus pais sobre o meu relacionamento com Sam por vários dias. Estávamos juntas já a um tempo considerável, e eu não podia deixar eles continuarem a ter esperanças sobre o meu futuro, acreditando que em algum momento eu iria conhecer um cara, casar e dar a eles netos quando eu já tinha certeza que o meu interesse em homens era inexistente.
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Extended Play
Fanfiction"O nosso amor foi tão apaixonado quanto as músicas que escrevemos." Kornkamon, ex-vocalista de uma das bandas de rock mais populares do final dos anos 90, decidiu retornar aos palcos cinco anos depois do fim da Diversity. Cansada de esconder sua ve...