Capítulo 22 - I Don't Wanna Miss a Thing

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Sua presença na minha vida foi um presente inesperado; uma melodia que intoxicou todos os meus sentidos. A leitura da minha pele se tornou o desejo de cada uma das suas letras, da música na sua cabeça, do ritmo da minha respiração, do gosto e do suor da sua pele. A leitura do meu corpo é cada rima salgada e doce, de todas as partes do nosso amor, dos versos das minhas costas, a cada sinal do seu rosto, das linhas do seu cabelo.

Para mim você era algo mágico, quase divino. Eu te amei muito, como só uma alma pode ser amada, com o calor do espírito e a certeza da eternidade. Eu amava amar você, te sentir e te imaginar, tanto que eu também compus e o fiz acreditando que algum dia eu me enjoaria de você, mas não foi assim.

Você costumava me abraçar a noite e encher meu rosto de beijos, me dizendo uma e outra vez o quanto eu te fazia feliz. Eu só podia rir, corar e procurar pelos seus lábios com o mesmo desespero e amor que você me transmitia através das suas palavras.

- Eu te amo, Mon.

Toda vez que Sam dizia aquela confissão de amor, eu sentia o mundo se iluminar. Como aquelas palavras podiam mexer tanto comigo? E claro, quando ela me olhava nos olhos, chamava o meu nome e dizia aquelas palavras mágicas alguma coisa em mim fazia sentido; como se por toda a minha vida eu estivesse esperando Sam chegar para me amar.

E eu a amei também. Amei sem condições ou pretensões, simplesmente porque nela eu encontrei o motivo mais bonito para amar.

Depois de dizer aos meus pais sobre meu relacionamento com Sam, minha namorada foi rápida em dizer o quanto ela queria que eu morasse com ela e eu aceitei sem nem hesitar. Concordei porque não tinha motivos para dizer não e porque era algo que eu queria também.

Morar com você foi completamente diferente de qualquer coisa que eu tinha vivido antes. A casa era constantemente permeada com a essência de cigarro e maconha; se livrar delas era complicado, tanto que, em algum momento, eu parei de tentar. Era o nosso lugar, um onde a música nunca parava. As paredes eram de um branco cru que concordamos em mudar, mas nunca fizemos; primeiro pela falta de tempo, depois pela falta de vontade. Não estou dizendo que era ruim, porque não era, mas se tornou mais uma memória na qual eu mergulho toda vez que tento achar um novo lugar para chamar de casa.

Seguimos nosso plano à risca. Depois de voltar para Bangkok, tivemos uma semana de folga da turnê. Fiquei surpresa ao perceber que, ao contrário do que todos pensaram, Sam estava sendo sincera quando disse que era capaz de controlar seus novos vícios. Uma semana antes de voltar para a Tailândia ela começou a diminuir a maconha a um grau que, quando voltamos para casa, não vi ela fumando uma só vez. Eu sabia que ela fumava de vez em quando, era fácil dizer pelos sintomas físicos que eram impossíveis de esconder, mas ela era discreta o suficiente para eu não ver aquilo como um problema.

Na realidade, Sam parecia lidar com isso melhor do que eu. Mesmo depois de voltarmos, meus problemas para dormir continuaram. Eu não precisava mais ficar acordada para um show, mas sempre tinha uma xícara de café ou uma lata de energético por perto. Se nenhuma dessas opções estavam disponíveis, eu precisava de pelo menos um cigarro entre os lábios.

Ocasionalmente eu tentava seguir o seu exemplo e diminuir aos poucos para o processo não ser tão difícil, mas as fortes tonturas que eu tinha quando ficava um dia sem cafeína me fazia querer vomitar. Ainda assim, eu não pensava que era tão ruim assim porque, no fim das contas, era só café e nicotina.

Teve uma noite que eu fiquei com meus olhos abertos por horas. Passei todo o tempo abraçando Sam, ouvindo a sua respiração pesada, as batidas do seu coração e admirando a expressão tranquila do seu rosto enquanto dormia.

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